tag:blogger.com,1999:blog-71862520302394241822024-02-21T07:22:30.611-08:00Por Detrás do VéuO portal do autor Willian NascimentoWnascimentohttp://www.blogger.com/profile/13944963347429240860noreply@blogger.comBlogger169125tag:blogger.com,1999:blog-7186252030239424182.post-3013757891163139502018-11-28T15:52:00.000-08:002018-11-28T15:52:05.063-08:00"O brasileiro e a corrupção" ou "O diagnóstico corno manso"<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8xy0LEvf0nZeF7K1UzvW9yyugJdXa2P8DSh0l4sMgztbgbZuYCqkDbdx5yTD1n83wIuYEKtW3P2-gagioknk3dak1kMQcTnjqT3hf3CudUzHavz9DjjMygEuvjdNOU7QJFQ0a93wAb5s/s1600/Corno+manso.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="550" data-original-width="915" height="192" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8xy0LEvf0nZeF7K1UzvW9yyugJdXa2P8DSh0l4sMgztbgbZuYCqkDbdx5yTD1n83wIuYEKtW3P2-gagioknk3dak1kMQcTnjqT3hf3CudUzHavz9DjjMygEuvjdNOU7QJFQ0a93wAb5s/s320/Corno+manso.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Nelson Rodrigues uma vez diagnosticou o brasileiro com o que
ele chamou de gravíssimo complexo de Vira-lata, que é perceptível em nossa
mania de subvalorizar todo que é nacional quando comparamos ao que é estrangeiro.
Longe de criticar tal análise, só venho pôr mais lenha na fogueira, pois além
da acima citada, outra enfermidade assola o brasileiro médio: O complexo de
corno manso.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Quando o assunto é corrupção, creio que todo o brasileiro
sabe lá no fundo que é roubado. Quem nunca ouviu a célebre frase “Político é
tudo ladrão”, “nenhum presta”. Sempre tem aquele parente bêbado que em reunião de
família gosta de expor seu senso politizado soltando uma dessas. Isso nos
mostra que de alguma forma, sempre soubemos que éramos roubados, só não tínhamos
noção de quanto.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Assim como o brasileiro com a corrupção, o corno manso sabe
que é corno, todavia não sabe e nem quer saber a dimensão dos próprios chifres.
Porém, tudo muda quando vem aquele amigo, parente ou conhecido que revela
aquilo que ele sempre soube, traz provas e esfrega na sua cara. É nesse momento
que o corno manso se revolta. O único problema é que o alvo de sua revolta
quase nunca é contra o conjugue infiel, mas contra aquele quem fez a acusação.
Ele corta os vínculos de amizade, briga com a família, faz de tudo, menos
terminar o relacionamento.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Percebo semelhanças entre essa reação com a do povo
brasileiro após os escândalos de corrupção da Lava Jato. A Petrobrás vem sendo
roubada há décadas, todavia só agora tivemos um governo interessado em se
aprofundar na questão. E o que o povo brasileiro fez? Pediu a retirada deste
governo. Obviamente que o partido em questão possuía membros dentro deste
esquema de corrupção, porém não era o único. Vários de seus políticos foram
investigados e na medida do possível punidos, mas não só eles. Agora o que
podemos atribuir como original do governo Dilma foi de fato de ser o único que
criou condições para que fossem investigados esses problemas. E foi isso que
causou a revolta da população, e consequentemente a sua queda.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Assim como o corno manso, o brasileiro conhece sua condição
de violado, e ele vive bem com isso, desde que tenha a a sensação de que sua
situação é oculta aos demais membros da sociedade. Pois quando ela é revelada,
vem o constrangimento, vem a humilhação. E isso ele quer evitar. Por isso o
brasileiro pede a volta da ditadura. Não pela honestidade, mas pela censura. O
brasileiro não está cansado da corrupção, ele só não quer mais que fiquem lembrando
a ele a cada dia, hora ou minuto o quanto ele é roubado, enganado, feito de
trouxa.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Não é minha intenção buscar a santidade do governo PT, mas
sim desconstruir a ideia de o governo mais corrupto de todos os tempos. Pois é
equivocada. A sujeira sempre esteve ali, encoberta. Alguém só teve a
curiosidade de olhar debaixo do tapete. E a imagem grotesca ficou cravada na
mente dos brasileiros. Torno a dizer, não foi um governo perfeito, mas sejamos
justos: vocês gostem ou não, foi o governo que abriu as portas de toda essa
investigação e esse mérito é deles. Como diria Matheus “dê a Cezar o que é de
Cezar”, e nada mais.<o:p></o:p></div>
<br /></div>
Wnascimentohttp://www.blogger.com/profile/13944963347429240860noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7186252030239424182.post-15937720446554194892017-02-19T08:39:00.002-08:002017-02-19T08:40:37.038-08:00O Véu Publicado<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div class="MsoNormal">
Saiu enfim a publicação oficial do primeiro volume
da série “O Véu”, lançado pela editora mineira Estronho.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjoWZy9EiaPWopan9TNIxKUyWSpaDtNB09kgy381GUYN8ezTfRnGLlZNr0r1e3tPM0sHU0qZW1UeSotgJE_R2h9rYbfZAARcvipNX7gYw3uWBcBZ6hcPUyEHkjppv_E7pGLnm4L5vFtlfg/s1600/OVEU.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjoWZy9EiaPWopan9TNIxKUyWSpaDtNB09kgy381GUYN8ezTfRnGLlZNr0r1e3tPM0sHU0qZW1UeSotgJE_R2h9rYbfZAARcvipNX7gYw3uWBcBZ6hcPUyEHkjppv_E7pGLnm4L5vFtlfg/s320/OVEU.jpg" width="202" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Sinopse<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Como uma barreira tão fina pode esconder tão grande verdade?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Ana teve uma infância feliz ao lado de suas tias em Três
Corações. Com elas, a garota aprendeu a sonhar e acreditar em toda a forma de
magia que o mundo tinha a oferecer. Porém, crescer significou também
amadurecer, e ambas as coisas a fizeram abdicar das fantasias do passado. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Porém, agora, as histórias contadas em volta da fogueira há
tempos atrás voltaram com toda a força, quando aquele que esteve ao lado de Ana
o tempo todo parece esconder um grande segredo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Teria você também coragem de atravessar o Véu?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Interessado? <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
O livro se encontra à venda nos portais da editora (com
desconto de lançamento) e Amazon.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<a href="https://estronho.com.br/loja/index.php?id_product=198&controller=product">PORTAL LIVRARIA ESTRONHO</a></div>
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<br /></div>
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Quer ouvir a opinião de quem já leu?</div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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Bem vindos ao Mundo por detrás do Véu</div>
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<br /></div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiArYjPMzBJCvrEib8MpbXc5YRzZuhG7ljTwKSjUfwzKCFcqBmopLDv1cz4UMdSagg8TSGorygkY_bzW1D-c2tzi98JeMAjJg_nDsy84FLvytsxcBEo5SMBrKpKK6exEXoWXcdk_Yw473c/s1600/16729548_1578303582183975_2893344798145649484_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiArYjPMzBJCvrEib8MpbXc5YRzZuhG7ljTwKSjUfwzKCFcqBmopLDv1cz4UMdSagg8TSGorygkY_bzW1D-c2tzi98JeMAjJg_nDsy84FLvytsxcBEo5SMBrKpKK6exEXoWXcdk_Yw473c/s320/16729548_1578303582183975_2893344798145649484_n.jpg" width="320" /></a></div>
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<br /></div>
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Wnascimentohttp://www.blogger.com/profile/13944963347429240860noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7186252030239424182.post-72626908305580102412016-11-07T11:59:00.000-08:002016-11-07T11:59:36.725-08:00GOSTAR DE MULHER<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Certa vez ouvi uma frase muito comum, dita por um rapaz que,
em uma conversa, queria deixar claro para quem quisesse ouvir a sua opção
sexual:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
EU SOU HOMEM, GOSTO É DE MULHER.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Com certeza nenhuma frase original, mas naquele dia, por
alguma razão, me fez questionar a chegar à conclusão que ela não está
totalmente certa. Isso se pensarmos no verbo “gostar” de forma mais completa e
não tão vulgarizada como na frase acima. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Creio eu que, no geral, os homossexuais gostem muito mais de
mulher do que os heterossexuais. Não querendo generalizar, obviamente, mas você
não vê por aí muitas matérias de agressões físicas de gays contra mulheres.
Gays não batem em mulheres em casa ou na rua, não as violentam, nem as matam
por ciúmes ou pela falsa sensação de que elas são sua propriedade.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Dificilmente você ouvirá de um Gay que “lugar de mulher é na
cozinha”. Gays não vêm problemas em irem eles mesmo para a cozinha e preparar
algo para suas mães, irmãs, afilhadas, sobrinhas... Em resumo, homossexuais não
enxergam problemas em cuidar das mulheres de suas vidas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Isso porque eles valorizam e muito as mulheres. Muitas delas
são elegidas como divas, sendo alçadas a um patamar de quase divindade para muitos.
Alguns gays inclusive queriam ter nascido mulheres. Eles não se sentem
desvalorizados se uma mulher é sua superior hierárquica, ou se elas são
melhores em algum esporte ou atividade física que eles. Pois reconhecem que ambos têm as mesmas capacidades.
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
E se vocês pensam que eles não valorizam a beleza feminina,
estão enganados. A diferença é que eles têm uma gama de adjetivos muito maiores
para referir a isso: elas não são apenas gostosas, elas são bonitas, lindas,
sensuais, poderosas, chiques, divas...<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Enfim, creio que a frase de autoafirmação que os machões
deveriam usar seria, “eu sou homem, tenho tesão em mulher”. Pois no que diz
respeito a gostar de mulher, os heterossexuais têm muito o que aprender com
seus amigos gays. <o:p></o:p></div>
</div>
Wnascimentohttp://www.blogger.com/profile/13944963347429240860noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7186252030239424182.post-57521538909773777762016-05-27T14:16:00.001-07:002016-05-27T14:16:18.939-07:00O caso Patrícia Abravaneu e Homofobia<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQ4M9pqv5hv0xQsosdDdv4l-ldtHbyRSLZaBJ5MYRY9l69nbYjdArX0lKbOWY-gpmBIKvpBc6Gw852g-I18i_dTaLHrqsLdDBf22voO8QOZCjDC1dSSYxwkkd3KxguI3L-AS-na3QJdK4/s1600/Patr%25C3%25ADcia_Abravanel.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQ4M9pqv5hv0xQsosdDdv4l-ldtHbyRSLZaBJ5MYRY9l69nbYjdArX0lKbOWY-gpmBIKvpBc6Gw852g-I18i_dTaLHrqsLdDBf22voO8QOZCjDC1dSSYxwkkd3KxguI3L-AS-na3QJdK4/s320/Patr%25C3%25ADcia_Abravanel.jpg" width="213" /></a></div>
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
O caso ocorrido com as declarações da
filha de Silvio Santos é realmente muito interessante, pois apesar de toda a
polêmica causada (em parte justa, outra não), creio que a posição defendida por
Patrícia Abravanel é a mesma de uma parcela significativa de nossa atual
sociedade: a dos “tolerantes”. </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
O termo tolerante nunca me agradou muito
quando aplicado em determinadas situações, pois ele denota uma certa relação
entre certo e errado que não acho cabível em questões como orientação sexual, gênero,
racial ou religiosa. Afinal, você só é capaz de tolerar aquilo que, no fundo,
considera errado. A tolerância nada mais é do que discordar de uma coisa e
ainda assim ser capaz de conviver com ela. Salvo, é claro, certos limites. </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
Nesse caso, quando ela fala que não é
contra o “homossexualismo”, mas que não acha normal, creio que ela reflete sim
a opinião de muitas pessoas. Pessoas tolerantes que aceitam que exista homens e
mulheres homossexuais, mas não desejariam isso para seus filhos. Ou, que
concordem que eles possam morar juntos, mas não com o casamento entre iguais.
Que toleram que existem pessoas que se relacionem com o mesmo sexo, desde que as
famílias normais não sejam obrigadas a conviver com isso, seja vendo na televisão
ou com demonstração públicas de afeto. </div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
Enquanto não retirarmos essa visão “heterocentrica”
de nossa sociedade, não vamos parar de olhar a questão da orientação sexual por
fora do embate do certo contra o errado. Onde temos o caminho correto e os
desvios. Nessa ótica o máximo que poderemos ter é uma sociedade “tolerante”,
que ainda enxerga como erro, mas engole o sapo. O que não é saudável. “MAS”, se
formos lembrar que vivemos em uma sociedade onde pai e filho são agredidos na
rua por serem confundidos com um casal, ou onde um político claramente homofóbico
é eleito com a maior votação de sua região, então tolerância já é alguma coisa.
Longe do ideal, mas alguma coisa.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/uMawJ7ODTME/0.jpg" frameborder="0" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/uMawJ7ODTME?feature=player_embedded" width="320"></iframe></div>
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span id="goog_1756244040"></span><span id="goog_1756244041"></span><br /></div>
</div>
Wnascimentohttp://www.blogger.com/profile/13944963347429240860noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7186252030239424182.post-76911808195319102332016-05-27T14:13:00.001-07:002016-05-27T14:13:05.485-07:00Um convite para falar sobre a ideologia do gênero<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
"Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam o feminino".<br />
BEAUVOIR, S. O segundo sexo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgFjoIMaZ2VoEt0kHv1tg8uIffcsHb0alLy9J3YGHGAUDxnNGJe9z41L6xH8Rw8iZd8jlq71QnQJB7HxwHdBLuldv3jiEU_RH0BGSQwdzjc2pHy4I1kwhUyi9ahJePDBlEvQ56b6OaVM9E/s1600/simone-de-beauvoir.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgFjoIMaZ2VoEt0kHv1tg8uIffcsHb0alLy9J3YGHGAUDxnNGJe9z41L6xH8Rw8iZd8jlq71QnQJB7HxwHdBLuldv3jiEU_RH0BGSQwdzjc2pHy4I1kwhUyi9ahJePDBlEvQ56b6OaVM9E/s1600/simone-de-beauvoir.jpg" /></a></div>
<br />
<br />
<br />
Esse trecho foi utilizado pelo ENEM 2015 como uma de suas questões para a área de Ciências Humanas. E desde então, causou um grande reboliço com memes estourando pela internet. A maioria deles, infelizmente, sem pé nem cabeça. Então, por que não explicar um pouco sobre o que é ideologia de gênero. Não custa nada tentar, mesmo que acredite que muitos não irão ler até o fim.<br />
Antes de entender o que é Ideologia de Gênero, temos que saber diferenciar três categorias que, apesar de semelhantes, trazem significados muito distintos: Sexo, orientação sexual e identidade sexual (ou identidade de Gênero). O sexo é o mais simples, pois define a nossa questão puramente biológica. Nascemos do sexo masculino, feminino, ou, em casos mais raros, hermafroditas (com características dos dois sexos) e assexuados (carecendo de características que possam definir com precisão o sexo). Orientação Sexual também é relativamente simples, pois se define como um individuo se relaciona afetivamente com os sexos. Se ele sente atração pelo mesmo sexo, sexo oposto, ambos, ou nenhum em especial. Dai heterossexual, homossexual, bissexual e outras tantas definições que temos hoje.<br />
A identidade sexual, por outro lado, já é mais complexa. Pois ela diz respeito à uma série de comportamentos, valores e responsabilidades que são culturais e sociais. Como assim?<br />
Vamos por partes. Quem de nós nunca ouviu a célebre frase: "Fulano tem que começar a agir como homem", ou então "Ciclana que é mulher de verdade". Podemos perceber só por ler essas frases que elas não fariam o menor sentido se, para uma sociedade, ser homem ou ser mulher fosse algo facilmente definido pelo sexo, correto? Ou seja, nasceu com pênis é homem e vagina é mulher. Pois é, é mais complicado.<br />
Se dizemos, por exemplo, que fulano não é homem por ser covarde, logo podemos deduzir que, ser homem em nossa sociedade é também ser corajoso. Ou se alegamos que ciclano não é homem por ter prometido uma coisa e não cumprido, logo dizemos que para ser homem é necessário ser responsável com sua palavra. Ou ainda, se beltrano é menos homem por ter traquejos femininos, então ser homem é necessariamente ter atitudes másculas. Essas questões, por mais que possam ser naturais para alguns, não são biológicas. Não está detalhado no cromossomo Y de ninguém a coragem, a responsabilidade ou outras coisas que são culturais. Como também, esses mesmos valores podem se modificar, dependendo do lugar onde você se encontra. Por exemplo, ser homem para os judeus, é um estado alcançado após se concluir o bar mitzvá. E ser mulher para o islã ortodoxo, é andar coberta dos pés a cabeça. Se formos nos basear nisso, então podemos concluir que no Brasil quase não temos homens e mulheres. Devemos ter, sei lá, alguma outra coisa.<br />
Nesse sentido, vale pensar por que a ideologia de gênero é tão importante para movimentos sociais, em especial para o feminismo. Por que ela desconstrói coisas que parecem em nossa sociedade como naturais. Não é o segundo cromossomo X que define que uma pessoa deva ganhar menos que a outra exercendo a mesma função em uma empresa, ou que diz que ela ficará responsável pela casa, enquanto o outro para o trabalho, ou ainda que deva ser necessariamente "bela, recatada e do lar", ao invés de outra coisa qualquer que queira ser. Parece óbvio não é? Mas acredite, para muitos não é. E quanto mais vemos as atrocidades que ocorrem em nossa realidade, percebemos sim que é algo em que precisamos pensar. Assim poderemos avaliar melhor por que alguns se sentem no direito de desrespeitar mulheres na rua ou até possuir a sensação de direito de usar e abusar do corpo de meninas como bem entendem.<br />
Agora explicado, você meu amigo tem todo o direito de discordar da ideologia de gênero. Só não tem o direito de ser idiota. Critique com base. Entenda antes de falar mal. Caso contrário, sua piadinha perde completamente a graça e apenas atesta a sua ignorância.<br />
<div>
<br /></div>
<div>
<br /></div>
</div>
Wnascimentohttp://www.blogger.com/profile/13944963347429240860noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7186252030239424182.post-41314064175169903072015-06-27T09:10:00.001-07:002015-06-27T09:10:22.071-07:00Alguns comentários a respeito desta imagem.<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhMDZCWuxvsNF0l_LHToZPCo2TXpYX8V7mlfgiKEuZtJPizkhR8L6BnJ0Rby78BW75zQ13UxNryFiXPQ7aNXCsc-T4FgTQCY1Qy8lqf9P5IY1v-gl4e6iPlbYruqbSpPMgyO-jL_IijuKQ/s1600/10418541_703735216420504_1325559992129017576_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="305" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhMDZCWuxvsNF0l_LHToZPCo2TXpYX8V7mlfgiKEuZtJPizkhR8L6BnJ0Rby78BW75zQ13UxNryFiXPQ7aNXCsc-T4FgTQCY1Qy8lqf9P5IY1v-gl4e6iPlbYruqbSpPMgyO-jL_IijuKQ/s320/10418541_703735216420504_1325559992129017576_n.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Esta imagem tem circulado como forma de protesto as recentes
manifestações favoráveis à decisão estadunidense de aceitar o casamento
homoafetivo em seu código civil. Incomodados com a recente onda arco-íris que invade
o facebook, estes manifestações resolveram apontar para problemas ainda mais
sérios presentes em nossa nação e em todo o mundo. Motivo este muito louvável,
todavia pensemos mais a fundo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Em primeiro lugar, fico me questionando por que tantas pessoas que até
então nunca pareceram se preocupar com o problema da fome no Brasil e no mundo
(digo isto pois não costumo ver essas pessoas postando ou fazendo nada contra
isso durante todo o resto de seu tempo que não seja agora) resolveram se
pronunciar a favor desta causa utilizando de uma crítica as atuais
reivindicações. Isso só me leva a crer que utilizar o problema da fome,
explorando a imagem chocante de uma criança subnutrida, serve apenas para
criticar aqueles que se manifestam a favor dos direitos homoafetivos, e não
como real interesse em lutar contra a fome como um problema sério que ela é.
Creio que isso não seja muito nobre da parte destes manifestantes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Em segundo lugar, acho interessante também como essa “modinha” passou a
irritar muitos internautas. Digo isto pois “modinhas” são o que não faltam nas
redes sociais. Filmes, séries, imagens são verdadeiros campeões de postagens maçantes
e repetidas. As imagens do “me solta <i>miga</i>”, por exemplo, os Spoillers
sobre Game of Thrones, ou até mesmo o habito de se postar uma foto de perfil
com fundo escuro para mostrar a todos quando se esta de luto por alguém.
Existem várias modinhas que passam despercebidas pelas pessoas, mas que se
mostram profundamente indignadas com essa onda arco-íris Será mesmo incômodo com relação ao fato de
sua tela estar ficando bem colorida ultimamente, ou um total desconforto em
saber que opiniões de extrema direita veiculadas por ícones como Silas
Malafaia, Marcos Feliciano e cia não são tão compartilhadas quanto se julgavam
ser?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Dessa forma, apoiar causas e lutar por direitos é um direito de cada um.
E nos sentir incomodados com os outros, também. Mas ficam as perguntas: o
casamento entre pessoas do mesmo sexo vai mudar tanto a sua vida assim? Ele em
alguma medida inviabiliza o casamento entre pessoas de diferente sexo? Foi proibido ser heterossexual, assim como
durante muitos anos foi proibido ser homossexual? <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Enfim, não é preciso ser gay para ser contra a homofobia, não é preciso
ser negro para ser contra o racismo, e nem mulher para ser contra o machismo.
Assim, eu me coloco a favor do direito das pessoas colocarem uma foto colorida
em seu perfil de facebook, mesmo que eu não tenha interesse em postar uma para
mim. Fica a dica.<o:p></o:p></span></div>
</div>
Wnascimentohttp://www.blogger.com/profile/13944963347429240860noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7186252030239424182.post-43965487384587241412015-05-31T18:53:00.001-07:002015-05-31T18:53:30.383-07:00Conto: O obituarista<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9lSnn89uNrWurOyOrZJAsUq2WpTBOQXXZ3M2G6ZRbQiJiVVUiRRsuc2Id_5Rn_bWYXErYSA1DXYYxnqSo3w9hXwp7KJLlUlDqiHA75zic90n8peFbbQcgsJFMKLoMDE1vxrUillEMsnE/s1600/_2966154.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="239" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9lSnn89uNrWurOyOrZJAsUq2WpTBOQXXZ3M2G6ZRbQiJiVVUiRRsuc2Id_5Rn_bWYXErYSA1DXYYxnqSo3w9hXwp7KJLlUlDqiHA75zic90n8peFbbQcgsJFMKLoMDE1vxrUillEMsnE/s320/_2966154.jpg" width="320" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center; text-indent: 27.0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
O estalo do vidro se despedaçando, mais
uma garrafa arremessada contra a parede. Quantas ao todo? Cinco seis... Não
importava. Tudo o que delas restava
agora se encontra misturado. Nas manchas da parede que antes eram aguardente,
os cacos, os restos mortais dos recipientes de vidro... Tudo unido... Todos em
um... Como eram ele e Viviane.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
Provavelmente se ela ainda estivesse ali,
estaria lhe dando uma bela bronca, por sujar a casa que ela tanto prezava
limpa. Sua voz fina que quando gritava doía os tímpanos... Seus sermões que
pareciam dirigidos a uma criança... Sua mania de ficar de mal com ele mesmo
pelos pequenos deslizes. Como sentia falta de tudo aquilo.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
Mesmo em seus momentos de discussão,
Viviane era uma companhia melhor que o silêncio, melhor que o álcool, melhor
que a solidão. Naquele apartamento vazio na Glória, com uma máquina de escrever
empoeirada, esquecida pelo tempo. Em um quarto escuro, sujo, onde o ar devia
estar trancado há dias, semanas, talvez meses. Quanto tempo desde a última vez
em que abriu as janelas para deixar o ar circular, ou a luz do sol aquecer o
cômodo?</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
Não conseguia se lembrar. Há muito que mal
sabia diferenciar os dias das noites. Muito menos ter a noção da passagem do
tempo. Para ele, uma única data importava. Todo o tempo se resumia aquele dia.
Pois depois dele, os segundos não mais caminharam, e Cronos parou de correr.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
Levantou-se para pegar outra bebida,
caminhou vagarosamente até a cozinha, abrindo o armário para pegar a última
garrafa. Senti-la em seus dedos causou mais desconforto do que alivio à sede
que lhe queimava a garganta. Sabia que em breve teria de ir a rua comprar mais,
encontrar um ou dois conhecidos. Alguns ainda com a audácia de perguntar como
estava. Ou simplesmente condoídos de sua piedade a ponto de apenas olharem para
ele como o animal ferido que era.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
Arrancando a rolha com os dentes, caminhou
até seu quarto para poder deitar e beber sua última garrafa em paz. Mas não
teria o sossego que almejava aquela tarde, pois mais uma de suas habituais
companhias estava lá. Quem era. Não importava. Se era amigo ou inimigo, se
conhecia ou não. Ou ao menos se era real ou fruto de sua bebedeira. </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
Um homem, branco, magro, vestido com as
mesmas roupas pretas de sempre que, combinadas com seus cabelos curtos e
negros, e a pele leitosa, configuravam-lhe uma atmosfera sepulcral. Sentado em
sua cadeira em frente à escrivaninha, ele olhava atendo a página presa à velha
máquina de escrever.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">— “Quinze de novembro e 1996” — leu de forma vazia, como se não tivesse
prestando atenção ao que narrava. — Realmente esta máquina já foi usada para
narrar acontecimentos mais emocionantes. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">“Aurélio Américo Meirelles, 83 anos. Profissão: agricultor. Filiação: José
Pereira Meirelles e Vitória Américo. Sepultamento às 10 h, em local a definir,
saindo de Igreja do Carmo, as 09h.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">Ana Paula Carneiro da Silva, 36 anos. Profissão: do lar...”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">— É uma boa forma de ganhar dinheiro, dado os tempos como estão, onde
muitos estão morrendo — explicou o bêbado, sem muita importância.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">— Realmente muitas profissões encontraram um aumento em sua produtividade,
dados os dias escuros em que vivemos. A minha é uma delas. Mas a sua antiga de
jornalista também seria muito útil na atual conjuntura, tanto ou mais quanto
esta nova de obituarista. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">O homem com a garrafa se deita na cama, ignorando o último comentário de
seu interlocutor, que continua independente de platéia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">— Você ainda se lembra de quando decidiu mudar de coluna no jornal? —
silêncio — Imagino que sim. Qual foi mesmo a data? Vamos ver... Ah sim... Vinte
e um de Janeiro do corrente ano. Foi quando escreveu seu primeiro obituário,
não é mesmo?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">O silêncio era tamanho no aposento que era até mesmo possível ouvir o
ranger dos dentes do jornalista, algo que pouco ou nada incomodou nosso
misterioso narrador.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">— Foi realmente maldade com você pedirem para escrever aquele texto. Mas
quem melhor que você, para homenagear a heroína de seu país...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">— Viviane não foi uma heroína! — Mesmo sem olhar para o homem a quem se
dirigia, o tom de voz de nosso amigo alcoolizado era suficiente para espantar
qualquer ser vivo em um quarteirão. Todavia, o senhor de preto é imune a
qualquer tipo de ameaça. — Ela foi apenas uma descuidada, uma idiota. Que
estava no lugar errado, na hora errada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">— Ah, foi sim. Uma fatalidade, sem dúvidas. Realmente a jovem Viviane não
era das mulheres mais virtuosas que já caminharam por este maldito mundo... De
fato não era.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">— Limpe sua boca ao falar dela! — desta vez a ameaça sonora não foi o
suficiente. Foi necessário também ao nosso desafortunado amigo se erguer e
agarrar o irritante companheiro pelo colarinho, de modo que seus olhos quase
colidissem um com o outro. — Maldito! — cuspiu.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">Algo semelhante a um sorriso traçou o rosto do desconhecido. Embora seus
olhos demonstrassem uma constante e inalcançável tristeza, poderíamos jurar que
este se divertia com a situação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">— Vejo que a chama que reuniu aquele jovem casal da foto ainda queima
dentro de você...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">Quase que instintivamente, o obituarista olha para a direção da máquina de
escrever, onde ao seu lado, repousa um velho porta retratos tão empoeirado
quanto a casa que o cerca. Na fotografia
que ele guarda, um jovem e belo casal sorri para quem lhe assiste. Uma mulher
negra, cabelos alisados, sorriso espontâneo e sincero. Ao lado, uma versão
menos maltrapilha de nosso colega jornalista. A foto de um tempo em que ele
ainda se preocupava em fazer a barba, ou cortar o cabelo. De um tempo em que a
insônia não transformara seu rosto em uma erupção de bolsas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">Para qualquer um que olhasse o belo homem de foto e o comparasse a sua
versão atual, imaginaria um buraco temporal de pelo menos uns vinte anos que os
separassem. Todavia, não havia mais de dois anos que diferenciassem nosso
jornalista do homem da foto. Os cabelos e os olhos continuavam castanhos, mas
os primeiros estavam maltratados e os segundos tristes. A pele ainda era
branca, mas a primeira era suavemente bronzeada e a atual completamente
entregue a falta de exposição aos raios ultravioleta.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">— Deve ser por isso que a presença dela não sai deste quarto — o homem de
preto se liberta das mãos do obituarista sem fazer muito esforço, caminha até a
janela e puxa as cortinas com um movimento rápido e preciso. — Vamos ver se um
pouco de luz espanta esse espectro daqui.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">A luz solar ofuscante inunda o quarto, queimando os olhos do jornalista no
instante em que entra em contato com eles. Irritado, ele corre até a janela
para fechá-la novamente, mas é impedido com a imagem que se forma a sua frente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">Talvez fosse o efeito do álcool, ou simplesmente a apatia a qual entregou
sua própria vida faz algum tempo, mas a imagem aterradora a sua frente não
causou maior reação em seu espírito do que uma leve confusão ao não reconhecer
o lugar em que estava.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">Seu apartamento possuía uma vista privilegiada para o Aterro do Flamengo,
onde al julgar pelo dia que brilhava lá fora, haveria um grande fluxo de
corredores, ciclistas ou simples transeuntes que, sozinhos ou acompanhados,
levando bolsas ou animais de estimação, estariam transitando pela orla. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">— Onde estão todos? — foi tudo o que conseguiu perguntar, com sua voz quase
desaparecida dentro de sua garganta.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">— Todos... — o interlocutor pensou um pouco antes de morrer — Já os levei.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">— C... Como? — balbuciou.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">A rua deserta e suja a sua frente, o cheiro de morte. Nenhum som, nem a
poluição dos carros, nem mesmo as conversas misturadas das ruas. Onde estavam
todos? Ao longe, apoiada na calcada, o obituarista pode reconhecer algo
parecido com uma menina em um vestido florido deitada no meio fio. Mas bastou
um olhar atento para perceber que não se tratava de uma criança. Ou pelo menos,
não uma criança completa, pois ali restavam apenas seus ossos em decomposição.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">— Parece que a guerra pelos recursos naturais chegou a um nível absurdo —
explicou calmamente o homem de preto. — A guerra civil no Brasil, entre esses
tais nacionalistas exacerbados e os vendidos ao capitalismo estrangeiro alçou
inúmeros comentários maldosos nos demais países. Já que o Brasil, detentor da
maior riqueza natural do planeta, parecia disposto a destruir toda a sua glória
lutando entre si num conflito até então pouco explicado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">— Setembro de 1995 — interveio o jornalista, ainda sem conseguir tirar os
olhos da catástrofe que era vista nos prédios destruídos, em carros pegando
fogo, no mundo que, do dia para a noite, parecia ter virado de ponta cabeça. —
A ONU declarou a Amazônia como Patrimônio da Humanidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">— E definiu como dever de protegê-la todos os países do mundo — o homem de
preto solta uma risada seca — realmente, essa colocação é passível de muitas
interpretações com relação as reais boas intenções da Organização...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">— Grupos se revoltaram no Brasil, manifestações, repressão, guerra civil...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">— Sim. Hobbes deve estar rindo no inferno. Os brasileiros se tornaram
animais. Lutando uns contra os outros de forma tão violenta até que o ideal por
trás de tudo aquilo se perdesse em sangue e lágrimas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">— Não lutávamos contra nós mesmos — o jornalista começava a recuperar a voz
enquanto via uma figura moribunda caminhar pela Avenida Infante Dom Henrique.
Tratava-se da versão magérrima e maltrapilha de um cão. O animal caminhou até o
cadáver da menina, cheirando-o atrás de um pouco de carne que aqueles ossos
pudessem ainda guardar. Quando percebeu que nada encontraria, deitou-se ao lado
do cadáver para ali descansar em paz. — Lutávamos contra o governo que queria
entregar nosso país.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">— Não era isso que Viviane pensava, não era mesmo?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">Um rosnado brotou no peito do obituarista, mas ele segurou o impulso de
espancar o rosto do homem de preto.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">— Viviane acreditava que o Brasil conseguiria reverter à situação em juízo.
Que bastava esperarmos. Ela era passiva, infantil, inconsciente. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">— E você era racional, ativo... Com garra, foi às ruas lutar. Ela pediu que
você não fosse. Que ficasse em casa em segurança.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">— Mas eu ignorei seus pedidos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">— Sim, e ela o abandonou. Foi para a casa da mãe, onde a Guerra Civil a
alcançou. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">— Ela morreu...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">— Sim — o homem de preto encarou o vazio da rua, que parecia refletir o
vácuo em sua alma. — E logo depois a cidade do Rio de Janeiro também.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">— O que aconteceu?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">— A Guerra Civil continuou. Os ânimos afloraram, pessoas morreram. Até que
a intervenção externa foi necessária.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">— Atacaram-nos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">— Sim... Uma bomba de nêutrons. Mais poderosa que a que atingiu Hiroshima,
disparada contra o interior do Estado. Evitaram atingir a cidade antes Capital
da República como forma de preservar o que até então era considerada uma das
grandes cidades do globo. Mas o estrago não tardaria a chegar. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">“Radiação trouxe doenças, que gerou o isolamento da cidade, que aumentou a
fome, que trouxe mais doenças. Eu chegar e arrebatar toda a população foi
apenas questão de tempo... Em poucas semanas, a cidade fora reduzida a essas
cinzas que agora se encontram a sua frente”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">Algo não fazia sentido. O obituarista sabia disso. Alguma não se
encaixava. A História estava
incompleta... Havia um detalhe que o homem de preto não estava contando.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">— Está errado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">— O que disse?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">— Está errado. Não foi isso o que aconteceu.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">— Então como foi que aconteceu — pela primeira vez o homem de preto
demonstrava algum tipo de interesse pela conversa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">— Viviane, não foi para casa dos pais. Ela... Ela foi atrás de mim.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">A memória voltava a cada segundo. Aos poucos, aquela realidade criada pela
estranha criatura desvanecia e a verdade se configurava na mente do
obituarista.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">— Estava realmente uma confusão na Candelária àquela tarde — concordou o
homem. — Ela devia gostar muito de você para ter se embrenhado naquela
balburdia enquanto você brincava de revolucionário.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">— As coisas haviam perdido o controle. A polícia passou atuava sem muita
certeza em quem devia atirar. Vilões, mocinhos. Não se era possível diferenciar
naquele dia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">— Viviane me achou... Eu a vi ao longe, abrindo caminho em meio às pessoas
— uma lágrima irrompeu no olho direito do jornalista.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: right 441.9pt; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">— Se eu não me engano, você estava lá não apenas
como militante, não é mesmo? Você estava lá também para cobrir o evento. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: right 441.9pt; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">— Foi quando aconteceu...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: right 441.9pt; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">— Sim... — A voz do homem de preto foi se perdendo
em um abismo sem fim conforme a cena daquela tarde trágica do dia três de
janeiro de mil novecentos e noventa e seis invadiu os pensamentos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: right 441.9pt; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">A multidão, a gritaria, a guerra. Uma voz feminina
chamando seu nome, Viviane abrindo caminho em sua direção. A jovem que se
colocou entre ela e sua passagem, a bomba. A fotografia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: right 441.9pt; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">— Foi um verdadeiro golpe do destino seu você ter
ido como jornalista aquela tarde. A foto que seu companheiro de reportagem
pegou ficou realmente muito bonita. Viviane abraçada àquela jovem. Uma menina
que devia ter seus recém completos quinze anos. A cena que se formou naquela
fotografia valeu ouro. Como se Viviane tivesse jogado seu corpo para proteger a
jovem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: right 441.9pt; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">— Viviane não quis proteger aquela menina.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: right 441.9pt; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">— De fato, não — riu-se o homem de preto — Como eu
disse antes, Viviane não era uma mulher virtuosa. Mas para a matéria que seu
jornal lançou no dia anterior, isso pouco importou. A matéria que você foi
chamado a escrever, juntamente com o obituário dela.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: right 441.9pt; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">— Viviane não conhecia a menina, sequer se
importava com ela. Ela apenas cruzou seu caminho, caiu quase em cima dela.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: right 441.9pt; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">— Sua esposa tentou empurrá-la, não é mesmo?
Tirá-la do caminho.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: right 441.9pt; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">— Mas antes que conseguisse, aquela bomba lançada
não se sabe por quem explodiu a poucos centímetros dela. As duas e mais alguns
forram arremessados longe. Ela não teve chance. E acabou caindo por cima da
garota, abraçando-a. Qualquer um diria que ela a estava protegendo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: right 441.9pt; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">— Equivoco esse que você não fez a menor questão
de esclarecer, não é, meu caro obituarista?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: right 441.9pt; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">Silêncio...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: right 441.9pt; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">— A reportagem foi comovente. A mulher morta
tentando proteger a menina. Quais foram as palavras? Ah sim: “a prova de que
ainda é possível se conservar um pouco de humanidade em meio à barbárie”. Você
sempre foi muito bom com as palavras.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: right 441.9pt; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">“Bastou esse artigo ser lançado no dia seguinte,
com a foto estampada na capa, que o país se comoveu. As classes que até então
se mantiveram em silêncio despertaram. Clamores pelo fim da guerra ecoaram de
todos os cantos. Os grupos armados perderam tanto sua credibilidade que
começaram a ser sufocados até desaparecerem. O equilíbrio se restabeleceu e as
ameaças de intervenção estrangeira não tinham mais fundamento. Viviane se transformou
em um mártir da paz”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: right 441.9pt; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">— Não foi a intenção dela. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: right 441.9pt; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">— Não foi, de fato — o homem de preto respirou
profundamente, como se estivesse ponderando o que diria em seguida — Dizem que
o inferno se esconde atrás das boas intenções. Nesse sentido, casos como esse
me fazer perguntar se o paraíso não se encontra escondido atrás das piores.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: right 441.9pt; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">— Viviane não foi uma heroína.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: right 441.9pt; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">— Não foi — o homem de preto quase foi capaz de
rir com essa afirmação — Então olhe lá fora.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: right 441.9pt; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">Os olhos do obituarista se encheram de lágrimas
quando este deu de cara com o mundo que conhecia. Ali, o barulho reinava, as
pessoas e os animais caminhavam, corriam, bebiam, comiam... Viviam. Tudo
estando como sempre esteve. Quase foi capaz de chorar, tamanha era a alegria
por ver aquele mundo, tamanha era a saudade que nem sabia nutrir por ele.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: right 441.9pt; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">— Graças a Deus — arfou. Sorrindo pela primeira
vez em muitas semanas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: right 441.9pt; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">Ao olhar para o lado, deu de cara com o quarto
vazio. Contudo, pouco se importou com a ausência do homem de preto. Chegou de
repente, e assim saiu. Sem vestígios, sem recados.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: right 441.9pt; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">A garganta estava seca. Era hora de ir à rua...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: right 441.9pt; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT">O galão de água estava vazio.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: right 441.9pt; text-align: justify; text-indent: 27.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<span lang="PT" style="font-size: 12pt;"> </span></div>
Wnascimentohttp://www.blogger.com/profile/13944963347429240860noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7186252030239424182.post-63767467751031642812015-05-25T19:18:00.001-07:002015-05-25T19:18:25.138-07:00Uma questão de interpretação.<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-BcwG-fXttR9RZDO_3Ot03oABtALO4Mw836FKWCRBNwof3cZ_GbH_iTbuWsw4d4pO4tQgpGRmUFnwczkGgzwEjtvVFu8aqxSop4WUcnZ8BY_j7T14_-Ph4R8-t-TkIswt-DGGMYxXNY8/s1600/Livro.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="151" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-BcwG-fXttR9RZDO_3Ot03oABtALO4Mw836FKWCRBNwof3cZ_GbH_iTbuWsw4d4pO4tQgpGRmUFnwczkGgzwEjtvVFu8aqxSop4WUcnZ8BY_j7T14_-Ph4R8-t-TkIswt-DGGMYxXNY8/s320/Livro.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 45.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
Um dos pontos mais interessantes na
literatura - creio na verdade que seja de toda a forma de arte - é a capacidade
que ela tem de gerar uma pluralidade de interpretações acerca de um mesmo fato.
Basicamente, cada leitor tem seu papel ativo na hora de se aventurar pelas
páginas de um livro. Ativo, porque ele não apenas recebe as informações
passadas pelo autor, como se o processo de leitura fosse uma via de mão única,
mas sim as pondera e recria de acordo com suas experiências e expectativas. Nesse
sentido, não é de todo o incomum que aconteçam sérios debates acerca de
interpretações envolvendo grandes sucessos, de crítica ou de público.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 45.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
O universo das <i>Fanfics</i> vem
inclusive apresentar um novo tipo de leitor: o leitor co-autor. Nesses
trabalhos, em sua maioria feitos de forma amadora, percebemos como muitos
personagens são vistos por aqueles que lêem sobre eles. Como suas
características são realçadas ou suprimidas, como alguns de seus vícios e
virtudes enfatizados em detrimento de
outros. Tudo para refletir a imagem que esses co-autores adquiriram de seus heróis
ou vilões favoritos. Desta maneira,
acreditar que um autor tem total controle de sua história nada mais é do que um
ledo engano. Pois a partir do momento em que se depara com o público, todo e
qualquer controle que ele poderia ter sobre o caráter de seus personagens ou
sobre o enredo de sua trama se perde.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 45.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
Sendo assim, creio que quando lidamos com questões
de adaptação, estamos meramente dentro do território da interpretação. Um filme
inspirado em um livro, uma séria baseada em histórias em quadrinhos, todas são
maneiras de interpretar e resignificar uma obra. Desta maneira, exigir que um
trabalho inspirado em outro, seja uma reprodução fidedigna do original, nada
mais é do que castrar a originalidade que este tipo de trabalho também possui.
Pois também há criação em adaptar, há mudanças. Como em uma <i>fanfic</i>, em
que formamos situações novas para personagens antigos, em um filme, o
roteirista também vai gerar situações que ele acredite que determinado herói
poderia ter vivido, e que talvez o autor não o tenha explorado.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 45.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
Basicamente, podemos dizer que a única
diferença entre as <i>fanfics</i> e os trabalhos adaptados é que esses últimos
contam com maiores recursos e por isso são divulgados em mídia maior, se
tornando mais conhecidos. E sendo mais conhecidos, são mais fáceis de serem
criticados também. </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoDjYtjmvlUGGtemSy2JdkxmRYLV6SfkTeF4D1NdKT4z3eGIlPe03B2rIKG_BmbqR4tmfwOVCvp3NOopttCHX_lBTMCcO97yRTtt_KXP-fCbmuzG7yYs2mKK55kz5oHudc34VPtoRF2rk/s1600/livro-ou-filme-1855072%252C220420141914.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="217" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoDjYtjmvlUGGtemSy2JdkxmRYLV6SfkTeF4D1NdKT4z3eGIlPe03B2rIKG_BmbqR4tmfwOVCvp3NOopttCHX_lBTMCcO97yRTtt_KXP-fCbmuzG7yYs2mKK55kz5oHudc34VPtoRF2rk/s320/livro-ou-filme-1855072%252C220420141914.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 45.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
Falei um pouco sobre isso em um artigo
mais antigo (<a href="http://pordetrasdoveu.blogspot.com.br/2010/03/filme-vs-livro.html">Livro vs Filme</a>), que o motivo de muitas vezes gostarmos mais do livro do que do
filme é por que no livro temos a liberdade para criarmos o mundo apresentado pelo
autor a nossa maneira. Já quando vemos o filme, essa criação já foi concebida
por um roteirista que, assim como nós, antes foi um leitor e criou e significou
o mundo literário a sua maneira. Nesse sentido, perdemos o poder de criação que
temos quando a história está apenas na relação entre nossa imaginação e as
páginas.</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 45.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
Então galera, vamos parar de querer que as
adaptações sejam iguais aos livros. Elas não devem ser. Assim como não gostamos
quando alguém quer nos forçar a entender uma obra a maneira dos outros, também
não é legal querer limitar o processo criativo dos outros. Quando o assunto é
interpretar, cada um vai ter a sua maneira. E eu defendo que ninguém – nem
mesmo o autor ou autora originais do trabalho – possui o direito de se meter
nisso. P. S, Até por que, se eles quisessem que suas obras não tivessem
interpretações que detergissem de suas expectativas, era simples: bastava não
publicá-las.</div>
</div>
Wnascimentohttp://www.blogger.com/profile/13944963347429240860noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7186252030239424182.post-85361329600192487732015-05-17T14:47:00.004-07:002015-05-17T14:56:33.673-07:00Gostos e discordâncias<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfMy8AZI1tDvnhroH8ClSXA1Xk8NjwTHaV4__pNCSOo66e8rf3MVHAArEcG0wFFzjjnh7APIMUbR4Y7i9F_lOoc42CB7KwTCtudJYI2rhA3McA1uWU2sLyY766RfoP2gXymaaHIeUI7PU/s1600/leitura.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="216" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfMy8AZI1tDvnhroH8ClSXA1Xk8NjwTHaV4__pNCSOo66e8rf3MVHAArEcG0wFFzjjnh7APIMUbR4Y7i9F_lOoc42CB7KwTCtudJYI2rhA3McA1uWU2sLyY766RfoP2gXymaaHIeUI7PU/s320/leitura.png" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
Apesar de a muito tempo não escrever,
ainda dedico minhas horas vagas ao bom gosto da literatura. Entre clássicos e
modernos, entre a tida “boa literatura” e a mera “literatura de
entretenimento”, gosto de me aventurar pelo mar de páginas, sem distinção ou
preconceitos. E um assunto que sempre me faz torcer o nariz é essa tendência a
querer impor barreiras, dividindo o certo do errado no que diz respeito ao interesse
pelos livros.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
Acho que todos já passamos por momentos em
que temos nosso gosto estético ridicularizado, seja por profissionais ou
leigos. São professores, colegas ou até mesmo desconhecidos nas redes sociais e
sítios na internet, que apegados às aulas de literatura e ao gosto pelos
clássicos, ridicularizam tudo aquilo que sai de novo. Discordar, é normal. Na
verdade, termos gostos destoantes são necessários para garantir a pluralidade
na literatura. Então, nada mais saudável do que discutir nossas preferências e
(por que não?) argumentar em defesa de uma obra favorita em detrimento dos
trabalhos dos quais não nos interessamos. </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
Todavia, o que incomoda mesmo é ver como
muitas vezes as pessoas se cegam para a qualidade de uma obra, julgando-a
simplesmente pela data em que foi publicada. Falo isso por que, no geral e
infelizmente, discutir qualidade na literatura é também discutir sobre o tempo.
Muitos de nós tendemos a fazer do passado um monumento, engrandecendo-o e
cultuando-o. Imortalizamos as grandes obras e os grandes “gênios” do passado.
Nada contra dar ao passado o seu devido valor, mas quando este monumento se
torna tão grande, a ponto de sua sombra obscurecer todos os talentos do
presente, aí temos um problema.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
Recentemente li um artigo interessante na
página do “Bula Revista”, do portal R7, intitulado “O mal de se sentir
inteligente lendo Harry Potter e A Guerra dos Tronos”. O artigo foi muito bem
escrito, e apontou aspectos interessantes do movimento <i>tean</i> na
literatura. Com o advento e popularização da internet, ficou muito mais fácil
se expressar. E com isso, grupos que não tinham suas vozes ouvidas, encontraram
ali um espaço de divulgação em massa para suas idéias. Soma-se isso ao fato de
vivermos uma ditadura da juventude, onde existe um verdadeiro medo do
envelhecimento, então temos uma mídia maciçamente utilizada por jovens ou
pessoas presas na juventude de suas vidas.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
Também tendo a confirmar que quando se
tratam de seus gostos, estes “jovens” tendem muitas vezes a usar da violência
para defendê-los. Contudo, tenho de discordar de alguns pontos.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="background-color: black;">“<span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial;">Os
jovens costumam se levar muito a sério e, em consequência, levam demasiado a
sério aquilo que gostam no momento e enquanto gostam. Não raramente é
entusiasmo passageio, o que não diminui em nada seu ardor. Não se furtam em
entrar em verdadeiras batalhas campais (ou virtuais) para defender suas
músicas, filmes, artistas, livros, novelas, times de futebol ou posições
políticas preferidas. É mesmo essa a natureza das paixões [...] A alta
literatura não existe para agradar ou afagar egos. Ela desafia seus leitores,
retira-os de sua zona de conforto, expandindo seu universo de pensamento. A
grande arte não precisa fazer ninguém se sentir cabeça por estar diante dela.
Muitas vezes ocorre o contrário: sentimo-nos estúpidos por não conseguirmos
alcançar o pensamento ou as intenções de um grande artista. Quando isso ocorre,
a culpa é sempre nossa, jamais do artista, se ele já passou pelo crivo do tempo
e da história</span></span><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; font-family: Helvetica; font-size: 11.5pt; line-height: 150%;"><span style="background-color: black;">.” (LUIZ, Ademir. O mal de se sentir
inteligente lendo Harry Potter e Guerra dos tronos)</span><span style="background-color: white;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
Em primeiro lugar, creio que o fenômeno de
se sentir inteligente demais, não se limita aos fãs da literatura fantástica,
mas pode se expandir a muitos leitores dos mais diversos gêneros. Dizer que
aqueles que lêem os clássicos são de alguma forma mais “humildes”, pois são capazes
de se desafiar à leitura de uma obra mesmo reconhecendo que não chegam aos pés
dos brilhantes autores não passa de uma falsa modéstia . Meus anos de faculdade
só me mostraram o inverso: um bando de pessoas que leram tantos clássicos
quanto poderiam e isso parecia servir como medidor de sua superioridade
intelectual. Arrogância é uma característica humana que independe do que está
lendo naquele momento</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
Outra coisa que parece confundir muito os
defensores dos gênios da literatura é associar leitura complicada à qualidade
no texto. Quando pensamos em livros como “Harry Potter”, “A culpa é das
estrelas” ou “As crônicas do Gelo e fogo”, muitos parecem acreditar que pelo
processo de leitura destes trabalhos ocorrer de forma tão agradável e suave, é
um sinal de que se trata de literatura jovem, de mero entretenimento, e assim
inferior. Como se a literatura não existisse para ser apreciada, para causar
prazer, como tantas outras formas de arte. Como a música, a dança, o cinema, o
desenho e outras, a literatura tem inúmeras finalidades, e uma das quais eu não
abro mão é a do deleite. </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
A leitura de “modinhas” pode não lhe
transformar em um supergenio, mas sem duvidas que a leitura de um Saramago
também não o fará única e exclusivamente pelo fato de você o ler por obrigação
ou para se encaixar em algum lugar elevado da intelectualidade
contemporânea. Ler com prazer é o que
torna o processo de apreciação da arte completo. Seja no campo da razão
(noético), emoção (patético) e sensibilidade (estético). Objetivo esse que não
pode ser atingido se você lê e valoriza um livro unicamente por ele pertencer a
um gênero literário que hoje é devidamente reconhecido pela academia. Afinal,
vale lembrar que muitos desses gênios não eram considerados gênios em sua
época.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhoSyt6lBQ8B2GgJ5kelX1y9am6mtF7P26I6Tlvy8T-6WN70ZM7WK0YxY214e8GZdYgszE71ih_J4Pt0j1DiKTTToTURv99SqZDhyphenhyphenp1kVMAOZi1FL524553V99YqfifG_XuSYhTEZKc9ro/s1600/classicos.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="163" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhoSyt6lBQ8B2GgJ5kelX1y9am6mtF7P26I6Tlvy8T-6WN70ZM7WK0YxY214e8GZdYgszE71ih_J4Pt0j1DiKTTToTURv99SqZDhyphenhyphenp1kVMAOZi1FL524553V99YqfifG_XuSYhTEZKc9ro/s320/classicos.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
Mas esse é um ponto que os “entendidos”
normalmente ignoram na hora de criticar os jovens. E apesar de toda a sua
cultura, estes podem ser bastante cruéis e agressivos, mesmo que não assumam
isso. Até por que ridicularizar também é uma forma de agressão. </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
Concordo com Ademir Luiz, autor do artigo
citado, quando ele diz que o problema desse tipo de atitude não é do autor em
si, e sim do publico. Como um exemplo simples, posso citar “O código da Vince”
de Dam Brown, que se lançou como um livro de ficção e suspense, mas muitos leitores
que se aventuraram por suas páginas ignoraram o lado ficcional da obra e
passaram a atribuir ao escrito o caráter de relato sobre a “verdade verdadeira”
da vida de cristo. Enfim, loucura...</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 36.0pt; text-justify: inter-ideograph;">
Porém, gosto de salientar que erros de
recepção não são ocasionados apenas por uma juventude apaixonada. Não são apenas
os jovens que costumam a se levar muito a sério. O campo das paixões é habitado
pelos seres humanos como um todo, independente de gênero, faixa etária,
escolaridade, religião e outros critérios. Todos temos nossos gostos, e todos
vamos defendê-los com unhas, dentes e, mais recentemente, perfis online.</div>
</div>
Wnascimentohttp://www.blogger.com/profile/13944963347429240860noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7186252030239424182.post-82305074486324572092013-10-27T13:50:00.001-07:002013-10-27T13:50:15.691-07:00Resenha: O ladão de destinos, de Nanuka Andrade<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 0.96cm;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSZQ6Pc1JtEzLjrSJ9Rl-swLUD_1KHinQrOsqsew4Rx0hj8HaVyVFIc4s5YWUoXuolyfTaZw0_yQrL8Dw_c6MOLcoC5O30lUduWdtlXpIhoGX09q4_HvFMS4LeX2ia2lhUih-fS0PiMF4/s1600/ladrao+de.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="154" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSZQ6Pc1JtEzLjrSJ9Rl-swLUD_1KHinQrOsqsew4Rx0hj8HaVyVFIc4s5YWUoXuolyfTaZw0_yQrL8Dw_c6MOLcoC5O30lUduWdtlXpIhoGX09q4_HvFMS4LeX2ia2lhUih-fS0PiMF4/s320/ladrao+de.png" width="320" /></a></div>
Reunindo qualidade gráfica e literária, “O ladrão de destinos”
se apresenta como um prato cheio para os fãs do gênero fantasia e
para os amantes da literatura infanto juvenil. Além da originalidade
do roteiro, sua história chama a atenção por incorporar elementos
que muito lembram os antigos filmes da <i>Disney</i>, tanto no que
diz respeito às ilustrações, quanto ao próprio enredamento da
estória e constituição dos personagens. Detalhe esse que possui a
capacidade de agradar tanto ao público jovem como adulto.</div>
<br />
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 0.96cm;">
Ambientado na cidade de São Paulo, Mayumi Chen, jovem estudante de
ascendência oriental, descobre-se portadora de uma habilidade
especial: ela consegue vagar pelos dois planos que separam o que
seria o mundo material do espiritual, ou o mundo dos despertos e dos
adormecidos. Além desta capacidade única, por acidente, revela-se
também para Mayumi um dom um tanto quanto perigoso. Ela tem o
potencial para ser uma ladra de destinos.</div>
<br />
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 0.96cm;">
Roubando por acidente o destino de seu irmão, que ainda se encontra
na barriga de sua mãe, Mayumi tem que se colocar em uma aventura
para reaver e devolver o brilho retirado do pequeno Chen. Conhecendo
assim personagens misteriosos e fascinantes, atravessando planos
fantásticos, e descobrindo segredos místicos, Mayumi, descobre em
si não apenas uma ladra de destinos, mas também uma pessoa muito
mais forte e destemida do que jamais se imaginou.</div>
<br />
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 0.96cm;">
Nanuka traz para o cenário de “O ladrão de destinos” a
influência da cultura oriental, elemento este bastante acrescentador
para nossas livrarias atuais, saturadas da presença europeia e
americana. E Mayumi é uma personagem fortemente impactada pela
novidade do mundo em que se descobre e suas questões em muito
apresentam nossas próprias indagações a respeito de questões
primordiais: “quem nos somos?”, “para onde iremos?” e, acima
de tudo, “o que fazemos aqui?”.</div>
<br />
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 0.96cm;">
Nesse sentido, recomendo a leitura de “O ladrão de destinos”,
pela sua originalidade, leveza e conteúdo, que nos enleva com uma
história prazerosa, mas nos põe a questionar sobre assuntos que
dizem respeito a todos. Afinal, qual seria o nosso destino neste
mundo no qual vivemos, onde muitos possuem respostas, mas poucos se
perguntam?<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiv-_GTc4jYxVoXdbAjFoBjzn-7jJkLQFaiiLX1cSfs_rPoFGjEfJ0eWPf2IfHCpNFSCzeWCQSV6UUR6ft8Sk6ze_B5WLZZthKGxDRAX6l47KOHIiOTgs3mQYCO4Wp-iFKhNNyIDSBtrs0/s1600/nANUKA.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiv-_GTc4jYxVoXdbAjFoBjzn-7jJkLQFaiiLX1cSfs_rPoFGjEfJ0eWPf2IfHCpNFSCzeWCQSV6UUR6ft8Sk6ze_B5WLZZthKGxDRAX6l47KOHIiOTgs3mQYCO4Wp-iFKhNNyIDSBtrs0/s1600/nANUKA.jpg" /></a></div>
</div>
</div>
Wnascimentohttp://www.blogger.com/profile/13944963347429240860noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7186252030239424182.post-4737239764422929892013-07-30T17:00:00.001-07:002013-07-30T17:00:28.556-07:00Lendo nas entrelinhas do Papa: análise de discurso.<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhspFWXoG2mJiIfIOVmeLbE9QX9nQ9EcBJGdcDkA-ma2DwqMnpNItMRbPgi6moUMeEhaJdYkgIQ7Wis9p7XszC61ZX_AtdD9SOAq2xX6He6sFsRjalX8lPcLwWcxU8SxdncHT4o-AiHK7A/s1600/entrelinhas.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="241" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhspFWXoG2mJiIfIOVmeLbE9QX9nQ9EcBJGdcDkA-ma2DwqMnpNItMRbPgi6moUMeEhaJdYkgIQ7Wis9p7XszC61ZX_AtdD9SOAq2xX6He6sFsRjalX8lPcLwWcxU8SxdncHT4o-AiHK7A/s320/entrelinhas.jpg" width="320" /></a></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 0.98cm;">
<span style="font-size: large;">Sei que posso parecer chato ao levantar tal polêmica, mas realmente
fiquei intrigado com o resultado do discurso do Papa Francisco
acerca, entre outras coisas, da homofobia. Intrigado, pois realmente
me espantou a maneira como tal posição foi aceita quando inúmeros
pastores radicais são execrados quando expõem suas opiniões.
</span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><br />
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 0.98cm;">
<span style="font-size: large;">
Todavia, tal aceitação parece mais compreensível quando temos na
figura de Chico a imagem de um bom velhinho, caridoso, calmo e
gentil, enquanto outras personalidades religiosas da grande mídia
parecem fazer a questão de apresentar sua faceta mais severa e seu
tom mais punitivo.</span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><br />
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 0.98cm;">
<span style="font-size: large;">
Mas vamos realmente prestar atenção no que o papa nos disse?</span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><br />
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 0.98cm;">
<span style="font-size: large;">
“Se uma pessoa é gay, procura Deus e tem boa vontade, quem sou eu,
por caridade, para julgá-la?”</span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><br />
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 0.98cm;">
<span style="font-size: large;">
Gente, falando sério, só eu percebi que há algo de muito errado
nisso? Vejamos bem, há aceitação neste discurso? Não. Há a
posição de que a homossexualidade é uma característica, e não um
mal que deva ser purgado? Pelo contrário.</span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><br />
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 0.98cm;">
<span style="font-size: large;">
Francamente, posso estar sendo paranoico, mas se formos ler nas
entrelinhas, o que vejo no discurso do papa é a seguinte frase:</span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><br />
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 0.98cm;">
<span style="font-size: large;">
“Se uma pessoa é gay, procura Deus e tem boa vontade (isto porque
reconheceu seu erro e quer mudar), quem sou eu, por caridade (pois
sou um ser superior que deve levar esta alma para a luz), para
julgá-la?”
</span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><br />
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 0.98cm;">
<span style="font-size: large;">
Corrijam-me se eu estiver errado, mas não é essa a impressão que
dá?</span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><br />
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 0.98cm;">
<span style="font-size: large;">
</span><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-size: large;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2jHUVpZv5Sckplj3NLrIMEfu4EyPaDi9t6IgjMAhQEhyphenhyphenQRUQ_TK8DNLTaKJ_EdNjZIklwSEfCcKvpJesauPDpMusqU3BXOmn-IauiU7URK79E119FPlDyygQfpSUMV35_7veeznC3P2A/s1600/papa.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2jHUVpZv5Sckplj3NLrIMEfu4EyPaDi9t6IgjMAhQEhyphenhyphenQRUQ_TK8DNLTaKJ_EdNjZIklwSEfCcKvpJesauPDpMusqU3BXOmn-IauiU7URK79E119FPlDyygQfpSUMV35_7veeznC3P2A/s1600/papa.jpg" /></a></span></div>
<span style="font-size: large;">O fato do Papa Francisco se mostrar aberto a novas discussões, e a
reverter problemas encontrados na administração anterior não muda
o fato de que ele fala de um lugar muito específico: uma instituição
que possui valores sólidos e que não pretende mudar de forma tão
rápida. Não adianta nos iludirmos com relação a isso.</span><br />
<span style="font-size: large;">
</span><br />
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 0.98cm;">
<span style="font-size: large;">
É claro que sendo este anuncio realizado logo após o sucesso da
JMJ, onde o Papa saiu como uma grande figura por conta de seu
carisma, as pessoas tendem a interpretar de forma aprazível tal
posicionamento, mas vamos ser realistas, pouca coisa mudou no
pensamento do alto clero cristão. A homossexualidade é um pecado, e
deve ser convertida ou o inferno espera os pecadores, e pronto.</span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><br />
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 0.98cm;">
<span style="font-size: large;">
Agora dizer que isso é um marco... Francamente, discordo. Pra mim
tem o mesmo tom da cura gay, tão criticado por uma série de
pessoas, a única diferença é que foi dita de uma forma amena
enquanto outros preferem tentar ganhar no grito, logo, chocando mais
a população em geral.</span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><br />
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 0.98cm;">
<span style="font-size: large;">
Realmente nossa população está precisando ler mais, pois assim
aprendemos a identificar os discursos que estão por detrás dos
discursos, ou, em uma linguagem mais popular, ler o que está nas
entrelinhas da coisa.
</span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><br />
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 0.98cm;">
<span style="font-size: large;">
Enfim, é isso.
</span></div>
<span style="font-size: large;">
</span><br />
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 0.98cm;">
<span style="font-size: large;">
Obrigado.</span></div>
</div>
</div>
Wnascimentohttp://www.blogger.com/profile/13944963347429240860noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7186252030239424182.post-35709495807045214392013-07-20T07:47:00.002-07:002013-07-20T07:47:42.030-07:00Coisas que valem a pena divulgar: lançamento de "O ladrão de destinos", de Nanuka Andrade<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
Saudações, amigos.<br />
<br />
No dia 16 de Julho, no Shopping Iguatemi de Campinas-SP, ocorreu o lançamento de "O Ladrão de Destinos", um dos trabalhos de Nanuka Andrade, pela editor Subtítulo, que se lança na carreira da escrita fantástica. <br />
O livro promote muita fantasia e emoção e estou doido para que o meu chegue em casa logo (risos), pois infelizmente não fui capaz de estar lá prestigiando pessoalmente.<br />
Contudo, graças ao poder da internet, pude acompanhar alguns momentos por fotos, mesmo que postumamente. <br />
E aqui estão elas:<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUtqMEoyQFTTzl5aSC_dRvDMBNs6-OodUgAP45u17IUOp0D8IUdoePTDIKf5VR1WqOVqEjM22Y2uSIcwsGVlM6z3Dwdd3Dk5Lpv1EiUFAyqJ61bmTYedx9RJpuJc3fviPUOUEpXNg-D7M/s1600/ladrao+de+destinos+03.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUtqMEoyQFTTzl5aSC_dRvDMBNs6-OodUgAP45u17IUOp0D8IUdoePTDIKf5VR1WqOVqEjM22Y2uSIcwsGVlM6z3Dwdd3Dk5Lpv1EiUFAyqJ61bmTYedx9RJpuJc3fviPUOUEpXNg-D7M/s320/ladrao+de+destinos+03.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLhjlcEB3Fl7wwx0h2Phl87-GEJJ8zS9QHodHRfP_JLT7CIuWe8JezCXdRf6rnEdJFGN2O5HizeT4qPMRx24rICicFHAWcToHdO_xfHtzRGkQCU3POvzFB9iaNtlIzboVBwAl9J2ckcok/s1600/ladrao+de+destinos+04.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLhjlcEB3Fl7wwx0h2Phl87-GEJJ8zS9QHodHRfP_JLT7CIuWe8JezCXdRf6rnEdJFGN2O5HizeT4qPMRx24rICicFHAWcToHdO_xfHtzRGkQCU3POvzFB9iaNtlIzboVBwAl9J2ckcok/s320/ladrao+de+destinos+04.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiA7e_C4Xa3rq5Ex95IpSPT4OzimGfXRR2481gRiPqgLdeXIeQwaqlkX04x2l7XPHmK8KPWGkPQ_yRz81aJlhEdyVORmScfDR5_MuMaNlx3PKMaEeQ90ybv3FdBqIsVfLET12JzcFR4CcQ/s1600/ladrao+de+destinos+05.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiA7e_C4Xa3rq5Ex95IpSPT4OzimGfXRR2481gRiPqgLdeXIeQwaqlkX04x2l7XPHmK8KPWGkPQ_yRz81aJlhEdyVORmScfDR5_MuMaNlx3PKMaEeQ90ybv3FdBqIsVfLET12JzcFR4CcQ/s320/ladrao+de+destinos+05.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXWaJtfhVNHCEXHfpcgzYjulLoNIoyV2oPkOpU98Qs-2-fY8ajhpeI6revlw7eD4XW3tnqps51cFrV4TYl0pW6MM9BFHxMcsHRBDyT9-t7DMBEDUxKSo9a9E8TdXf9DRdZg-uGed8wpeQ/s1600/ladrao+de+destinos+06.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXWaJtfhVNHCEXHfpcgzYjulLoNIoyV2oPkOpU98Qs-2-fY8ajhpeI6revlw7eD4XW3tnqps51cFrV4TYl0pW6MM9BFHxMcsHRBDyT9-t7DMBEDUxKSo9a9E8TdXf9DRdZg-uGed8wpeQ/s320/ladrao+de+destinos+06.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikFvu6LmMgSxSZIvhXGYaknai4PK75SvvNdAFU4yE6J8N8StrurtXWrQaEkgnMAdHyGWSX-pF-LtP5nN_OFB_RvD8zup_zpYTqSO0HP7EN7w859x4pA3f0oqHIMZ741jMaaoDsaFGJlcw/s1600/ladrao+de+destinos+07.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikFvu6LmMgSxSZIvhXGYaknai4PK75SvvNdAFU4yE6J8N8StrurtXWrQaEkgnMAdHyGWSX-pF-LtP5nN_OFB_RvD8zup_zpYTqSO0HP7EN7w859x4pA3f0oqHIMZ741jMaaoDsaFGJlcw/s320/ladrao+de+destinos+07.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiAUFzCd9JSZItXybUMD5U38-MkWSFUOIORaTT4jSLlsRKqdAAYSNRnR8CmgE32kVt82VFePCmxj4OuN5exOfxgj2O2-4UbrpGbph-jgiigmCTrHtIf82G6glE5w4XPDlafvvP4nQrccEs/s1600/ladrao+de+destinos+08.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiAUFzCd9JSZItXybUMD5U38-MkWSFUOIORaTT4jSLlsRKqdAAYSNRnR8CmgE32kVt82VFePCmxj4OuN5exOfxgj2O2-4UbrpGbph-jgiigmCTrHtIf82G6glE5w4XPDlafvvP4nQrccEs/s320/ladrao+de+destinos+08.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimSS18iQwEha6JaNIUNl997UvCGMEaKMbPNFdXXAKSek0sdRbtBZ2YblPQlpfKa5vKDwNyb518djAWD22mDxWOl-AS6uLD0vwfkngRXnkz-6ERCwVaw5s1Ivl8sqmJNnbXcwiUCJWETnU/s1600/ladrao+de+destinos+09.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="239" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimSS18iQwEha6JaNIUNl997UvCGMEaKMbPNFdXXAKSek0sdRbtBZ2YblPQlpfKa5vKDwNyb518djAWD22mDxWOl-AS6uLD0vwfkngRXnkz-6ERCwVaw5s1Ivl8sqmJNnbXcwiUCJWETnU/s320/ladrao+de+destinos+09.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDT2Cgk2zbLmy-8xIcB27MEyipnD1ES9iHREvHCQjXCLmXkluaZQuNr2rd15Tw7EzLXHXdFAv2GquEXpYExp1bzelluBwaWHasSOIgnXdd5p0uKSuJqsr4FDMD4Nk7p4BCfn07SnweV2o/s1600/ladrao+de+destinos.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDT2Cgk2zbLmy-8xIcB27MEyipnD1ES9iHREvHCQjXCLmXkluaZQuNr2rd15Tw7EzLXHXdFAv2GquEXpYExp1bzelluBwaWHasSOIgnXdd5p0uKSuJqsr4FDMD4Nk7p4BCfn07SnweV2o/s320/ladrao+de+destinos.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
Desde já, desejo muita sorte ao Nanuka e também ao pessoal da Subtítulo, que vem fazendo um excelente trabalho.<br />
Em breve, resenha do livro...</div>
Wnascimentohttp://www.blogger.com/profile/13944963347429240860noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7186252030239424182.post-29191635610958660232013-07-13T04:42:00.000-07:002013-07-13T04:42:15.845-07:00EGO, SUPEREGO, ID<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIrfbb43_pb6LKGXIoHHnqLh6JK7b7Atz7fG3TDFROKclr-jFaqlStDu3W5T4CZV_U5CfseCm_QrNdtO6swOi90vERPNZjcx1gYtQYIcb5stswGoexvIZqDypCa5bJfY_lAgE96rB2Aqc/s1600/devil+and+angel+2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIrfbb43_pb6LKGXIoHHnqLh6JK7b7Atz7fG3TDFROKclr-jFaqlStDu3W5T4CZV_U5CfseCm_QrNdtO6swOi90vERPNZjcx1gYtQYIcb5stswGoexvIZqDypCa5bJfY_lAgE96rB2Aqc/s1600/devil+and+angel+2.jpg" /></a></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.24cm;">
Usando e abusando de meus conhecimentos rudimentares de psicanálise,
gosto de pensar e repensar como estes simples elementos são tão
observáveis na escrita literária. Em especial o último. Ego, a
maneira como nos conhecemos e nos apresentamos ao mundo, resultado de
nossos desejos mais íntimos dialogados com as pressões do mundo
exterior; Superego, aquilo que está além de nós, a sociedade que
nos constrange e tenta nos moldar a seus desejos; Id, a parte mais
primitiva de nosso ser, nosso subconsciente, aquilo que nem mesmo nós
sabemos como lidar ou sequer entender sua força e sua fome.
</div>
<br />
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.24cm;">
Aplicando isto a criação literária, podemos dizer que um livro
nada mais é do que esta simples representação da mente elaborada
por Freud. Afinal todos nós temos desejos de criações, das mais
diversas ordens, de coisas que as vezes sequer damos conta de que
desejamos, ou que são tão destoantes do resto do mundo que
preferimos ignorar para não sermos lesados. Ao mesmo tempo,
possuímos elementos externos a nós que de certa forma ditam os
rumos de seu trabalho: o público, as editoras, a censura, todos eles
com desejos próprios que tendem a moldar seu futuro trabalho, que
necessita, para sobreviver, de agradar a todos esses grupos.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLjqYlyi4gVA7nGuBPr0CNTB5K8aWnNA-lW9ZNA5zqtwFGB_-I18S6VNSu58MTQiVVRORysOeQWG1GAWweBAI8q6hHd6kOTi9sWSTZxmrBGJ0IISLRE8ZoDCFcpyudV28-eB3xmX4doBo/s1600/estresse_trabalho.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="116" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLjqYlyi4gVA7nGuBPr0CNTB5K8aWnNA-lW9ZNA5zqtwFGB_-I18S6VNSu58MTQiVVRORysOeQWG1GAWweBAI8q6hHd6kOTi9sWSTZxmrBGJ0IISLRE8ZoDCFcpyudV28-eB3xmX4doBo/s200/estresse_trabalho.jpg" width="200" /></a></div>
<br />
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.24cm;">
O resultado deste embate, entre desejos do autor e pressões do
mercado, geram o livro, o ego. Aquilo que consegue ser produzido pelo
duro caminho do meio do esforço literário. Por mais que muitos
ainda acreditem no lema da arte pela arte, como se o artista pudesse
estar completamente alheio ao mundo a sua volta, a verdade é que
todos nós somos pessoas que vivem no mundo, e não podemos realizar
algo que não esteja na ordem do mudando. E aqueles que tentam
realizar um trabalho totalmente a parte, além de estarem se
iludindo, também acabam por criar <i>franksteins</i>, tão alheios
ao mundo que a qualidade se perde em meio a esquizofrenia de seus
autores.</div>
<br />
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.24cm;">
Não digo com isso que não exista criação, que não haja nada de
inédito na escrita ficcional. Pelo contrário, há muito de inédito
e de fantástico no ato de criar literatura, todavia não podemos
atribuir esse fruto ao resultado do esforço exclusivo do gênio
artístico, ignorando tudo o que acontece em seu entorno que, de
alguma forma influencia no seu trabalho, constrangendo-o e impactando
até assumir a forma que ele tem agora.
</div>
<br />
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.24cm;">
Somos o resultado daquilo que podemos ser contra o que queremos ser,
daquilo que sonhamos para nós contra aquilo que os outros esperam de
nós, dos nossos potenciais contra nossas limitações. Essa é a
nossa condição, nosso eterno combate. E o artista não foge disto.
Ele, assim como todos, luta neste cenário e “eus” e “outros”
procurando estabelecer seu espaço. E muitas vezes a forma de
conseguir este espaço e criando para si o personagem de artista. E
marcar seu território através de seu trabalho.</div>
<br />
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</div>
</div>
Wnascimentohttp://www.blogger.com/profile/13944963347429240860noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7186252030239424182.post-67082912831878093532013-06-22T14:32:00.005-07:002013-06-22T14:34:04.832-07:00Saudades do Ócio<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhaxdN0xvQDwlsoIHiLbTuACIWK92mEmqLQLS-rgfFw7lT4vYdAGOzpOjtDKpTxMJgQ8ZcwwM4XY8dy1d7k_bYWcNag1DBeTNoOqZiMYKotN8LRiJkgaQCrC3sRW2M0LF3Si2sDuVhua64/s1600/imagesCASQAWUX.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="146" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhaxdN0xvQDwlsoIHiLbTuACIWK92mEmqLQLS-rgfFw7lT4vYdAGOzpOjtDKpTxMJgQ8ZcwwM4XY8dy1d7k_bYWcNag1DBeTNoOqZiMYKotN8LRiJkgaQCrC3sRW2M0LF3Si2sDuVhua64/s400/imagesCASQAWUX.jpg" width="400" /></a></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.22cm;">
<i>blog</i> tão desatualizado, começo a sentir vergonha dele.
Não que eu não goste mais de escrever, mas está cada dia mais
difícil encontrar tempo e inspiração para tanto. A vida
profissional é cansativa, e encontrar brechas para se dedicar ao
trabalho intelectual é uma tarefa tão difícil que a fadiga
corporal e mental impossibilitam.</div>
Confesso que faz muito tempo que não posto aqui, e agora que olho
este <br />
<br />
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.22cm;">
Agora entendo o que Platão dizia acerca da necessidade do ócio,
pois realmente é complicado manter uma carreira e um <i>hobbie</i><span style="font-style: normal;">
ao mesmo tempo</span>. Ter aquele momento para pensar quando outras
preocupações tomam conta da cabeça. O jeito mais simples seria
tentar a feliz coincidência de mesclar os dois e seguir uma
profissão que seja capaz de deleitar ao mesmo tempo em que lhe
garante ascensão profissional.
</div>
<br />
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.22cm;">
O problema é que quando seu <i>hobbie</i> é pensar, o Brasil do
séc. XXI não se mostra como o melhor espaço para lhe garantir
boas oportunidades. Então o jeito é tentar se virar com duas
atividades: uma para conseguir dinheiro, outra para elevar o
espírito. Pois a falácia do “trabalho enobrece o homem” não
cola. Por que o trabalho sozinho não enobrece ninguém.</div>
<br />
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.22cm;">
Enfim, apesar do tom deprimente deste pequeno manifesto, não tenho
por intuito desmotivar ou me lamentar para ninguém. Na verdade,
acredito que escrevo este texto como forma de fazer um alerta acerca
de uma cruel realidade. Cruel, mas que precisa ser vencida, e que
existem estratégias para tanto.</div>
<br />
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.22cm;">
Em um mundo corrido como o nosso, onde o tempo vale cada vez menos, a
disciplina é a melhor solução. Eu realmente caí na ingenuidade de
acreditar que poderia continuar como o meu ritmo dos tempos em que
fazia apenas faculdade e estágio, em que os horários vagos em casa
eram dedicados exclusivamente à leitura e à escrita.
</div>
<br />
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.22cm;">
Pois naquele tempo, todos os meus minutos vagos eram direcionados ao
computador e às leituras, onde eu produzia bastante. Mas agora,
qualquer segundo folgado só consegue ser usado para o descanso. Se
eu estiver em casa, com certeza vou querer descansar, fazer uma
leitura mais leve, que me garanta prazer mas que não necessariamente
vá trazer grandes avanços na minha forma de pensar. Ou então
assistir a um filme ou uma série, que podem trazer grandes lições
ou assuntos, mas que não são suficientes para quem gosta do labor
crítico.</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIzd_jcknKhMPyTAgj75rd9FF9lAhwcyVvKS_5o9mzk8ob6rEtDPsLsr6t67XQ8qFzY5dLoPjGNC7SmLU1S1cy8Fn4HzBj9MjsHcy0xRbY-DQD4j0zMtqoLoNU2Fou39o1JPFL8sTu7FM/s1600/OCIO-CRIATIVO.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIzd_jcknKhMPyTAgj75rd9FF9lAhwcyVvKS_5o9mzk8ob6rEtDPsLsr6t67XQ8qFzY5dLoPjGNC7SmLU1S1cy8Fn4HzBj9MjsHcy0xRbY-DQD4j0zMtqoLoNU2Fou39o1JPFL8sTu7FM/s320/OCIO-CRIATIVO.jpg" width="251" /></a></div>
<br />
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.22cm;">
Nesse sentido, criar o tempo é fundamental. Tornar o <i>hobbie</i>,
quase que uma obrigação, enganar o corpo e a mente, pelo menos
parcialmente, para fazê-los acreditarem que você não está fazendo
aquilo que gosta apenas por que quer fazer, mas porque tem que fazer.
Pois quando elas passam a ser obrigações, por mais cansados que
estejamos, ainda assim conseguimos tirar forças, não sabemos donde,
para realizar... Isso talvez seja nossa maior capacidade.</div>
<br />
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.22cm;">
Dessa forma, começo a tentar me organizar. Reservar horários que
até então estavam completamente disponíveis e ocupando-os com
minhas obrigações/lazer. Ir para locais onde eu só poderei fazer
isso, ao invés de retornar para casa onde o confortável sofá, o
divertido cachorro, ou a irresistível cama vão me distanciar de
meus objetivos para comigo mesmo.</div>
<br />
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.22cm;">
Talvez essa seja a única maneira, seja de forma pessimista ou
otimista, pois não sei como estas palavras podem estar sendo lidas.
Mas acho que vale a penas tentar. Pois o ócio poderia ser a solução
para a pacata Atenas dos primórdios do ocidente, mas se queremos
manter viva a arte de pensar no terceiro milênio, temos de nos
esforça um pouco mais.</div>
<br />
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.22cm;">
Se isso vai dar certo... Bem, vamos acompanhar e ver no que vai dar.</div>
</div>
Wnascimentohttp://www.blogger.com/profile/13944963347429240860noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7186252030239424182.post-88137247505128615442013-04-28T14:15:00.001-07:002013-04-28T14:23:02.113-07:00Resenha de “The Walking Dead, a ascenção do governador” ou As diferentes artes de escrever. <div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.26cm;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-gM4s6Rbhb7SAdARpXXlIZ0gG7cRp-9w_H4dDm58LGLhoZqIWphWVlwwn_kXtRasvMNsVHNP0ikNDhsUgYBuK6anrkS3JYMGzX7cPr983pQbgIVoooXpC3X4zajJ85FhVmikv1jzCwm8/s1600/The-Walking-Dead-02-poster.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-gM4s6Rbhb7SAdARpXXlIZ0gG7cRp-9w_H4dDm58LGLhoZqIWphWVlwwn_kXtRasvMNsVHNP0ikNDhsUgYBuK6anrkS3JYMGzX7cPr983pQbgIVoooXpC3X4zajJ85FhVmikv1jzCwm8/s320/The-Walking-Dead-02-poster.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6udWPcciSCcd_x_CXcaxQunz35vq3Nx-Hbfp51MYlKXGlGzV715GQuwPuPD0mlmotzicuYqiLsmb0cbVB1vfguNbSsdd5ndqSVL275ykjQGgGU7wGbMmcZf0vGAXo9_WQJSeUUUdkvYI/s1600/kirkman.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><br /></a></div>
<span style="font-size: large;">Quando nos referimos a um escritor, ou a arte da escrita, quantos de
nós já pararam para pensar nas implicações de se referir a esse
ofício de forma tão singular? Bem, eu particularmente só pensei
nisso agora. Refiro-me ao fato de entender como se a arte de escrever
fosse única e quem possui esse talento, é capaz de escrever sobre
qualquer coisa. Então, seguindo esta lógica, um bom poeta é
necessariamente um bom romancista, um bom retórico, um bom cronista,
enfim, é capaz de escrever basicamente sobre tudo.
</span></div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.26cm;">
<span style="font-size: large;">
Na verdade, acho que nós fãs também temos a tendência a ver
nossos ídolos com esses olhos, e cobramos deles excelência em tudo
o que fazem. Fiz isso quando cobrei de Robert Kirkman a excelência
no livro “The Walking Dead, a ascensão do governador”. Como fã
da série de televisão e reconhecendo o talento das HQs de Kirkman,
em minha cabeça o livro não podia ser nada menos do que fenomenal.
E somando isso ao fato de que ele tinha em sua companhia outro autor,
que apesar de não ter lido nada sobre anteriormente, era minimamente
reconhecido do público americano, imaginei que a coisa só podia ser
boa. Enfim... Enganei-me.</span></div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.26cm;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEisKg6ym53-rVGN_s5OkQShDYGflpxMgbg_1rEvHkLuIPBHaZyqkfzW_wPBx5rD5imgkcsNvS38T8ZS3TP-VCJpRRg-57Si3QAQOAXQ5RE1JFFgaHAb31A6W-KNg6tSdrEag5WjtPRfJrg/s1600/ascen%C3%A7%C3%A3o.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEisKg6ym53-rVGN_s5OkQShDYGflpxMgbg_1rEvHkLuIPBHaZyqkfzW_wPBx5rD5imgkcsNvS38T8ZS3TP-VCJpRRg-57Si3QAQOAXQ5RE1JFFgaHAb31A6W-KNg6tSdrEag5WjtPRfJrg/s200/ascen%C3%A7%C3%A3o.jpg" width="142" /></a><span style="font-size: large;">O trabalho de Kirkman e de Jay Bonansinga não só não me atraiu
como foi um verdadeiro martírio. Lento, enfadonho e sem grandes
surpresas para aqueles que já acompanham a série. Passar por ele
não foi uma das experiências mais agradáveis. Contudo, acredito
que criticar o talento do primeiro como romancista ainda é injusto.
Injusto por que, afinal de contas, ele não é um romancista. Kirkman
é um cartunista, trabalha como roteirista de televisão tendo outros
mais experientes como apoio. Enfim, acreditar que ele seja realmente
bom em tudo o que escreve é no mínimo inocência.
</span></div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.26cm;">
<span style="font-size: large;">
Eu mesmo quando me lancei na escrita acreditei que poderia escrever
sobre tudo. Afinal, para alguém que consegue escrever um livro de
500 páginas, outro tipo de texto é moleza. Bem, não foi. Na
verdade descobri que tenho certa dificuldade em escrever textos de
tiro curto. Que sou uma pessoa prolixa por natureza. Mas ainda assim
tentei. Consegui até escrever alguns contos, que saíram sofridos,
mas até que bem. Tentei também poesia e esse ramo foi um completo
desastre, melhor nem comentar mais...</span></div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.26cm;">
<span style="font-size: large;">
Enfim, escrever não é uma arte única. Cada escrita tem sua forma,
sua particularidade. E cada uma delas exigem um talento próprio. Sou
doutrinado pela faculdade a escrever bem artigos acadêmicos. Minha
formação literária e meus jogos de rpg me deram a base para
escrever romances de aventura. Contudo, pouco ou nada li de poesia,
de crônicas ou outros estilos que se tentar realizar hoje sairão
como completos desastres.</span></div>
<span style="font-size: large;">
</span>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.26cm;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6udWPcciSCcd_x_CXcaxQunz35vq3Nx-Hbfp51MYlKXGlGzV715GQuwPuPD0mlmotzicuYqiLsmb0cbVB1vfguNbSsdd5ndqSVL275ykjQGgGU7wGbMmcZf0vGAXo9_WQJSeUUUdkvYI/s1600/kirkman.jpg" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6udWPcciSCcd_x_CXcaxQunz35vq3Nx-Hbfp51MYlKXGlGzV715GQuwPuPD0mlmotzicuYqiLsmb0cbVB1vfguNbSsdd5ndqSVL275ykjQGgGU7wGbMmcZf0vGAXo9_WQJSeUUUdkvYI/s200/kirkman.jpg" width="141" /></a><span style="font-size: large;">Kirkman, tentado pela aventura ou pelo dinheiro aceitou o desafio de
escrever um romance de 400 páginas e merece o crédito por dispor a
cara a tapa. Contudo, se quiser continuar neste ramo, sugiro que
continue a escrever boas histórias em quadrinhos a a contribuir com
os roteiros de televisão, pois são uma praia melhor.</span></div>
</div>
Wnascimentohttp://www.blogger.com/profile/13944963347429240860noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7186252030239424182.post-27893291847891154172013-03-28T12:15:00.000-07:002013-03-28T12:15:08.092-07:00Aperitivo - Despertar (Título Provisório)
<div align="JUSTIFY" class="western" style="font-family: "Courier New",Courier,monospace; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<i>Com a iminência da publicação de "O Véu" e a ansiedade provocada por isso, aproveito este espaço para dar uma amostra de meu novo trabalho - "Despertar" (Título provisório) - cuja história contará os primeiros dias de Ian no momento em que acorda para suas demais vidas.</i></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="font-family: "Courier New",Courier,monospace; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<i>Espero que apreciem </i></div>
<div class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<i><span style="font-family: "Courier New",Courier,monospace;">Willian</span> <span style="font-family: "Courier New",Courier,monospace;">Nascimento </span></i></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: large;"><i>A neve corria macia por entre minhas mãos. Aquela já devia ser a
terceira vez na semana, e quem sabe a décima no mês. O mesmo chão
branco, os mesmos cristais de gelo, os mesmos pinheiros. Como devia
ser não ter peso? Provavelmente uma sensação muito semelhante
àquela. Meu corpo sequer fazia pressão contra meus membros e eu já
estava me impulsionando para frente novamente, em uma velocidade
avassaladora. Correndo... ou melhor, trotando por aquela mata virgem.</i></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.26cm;">
<span style="font-size: large;"><i>Meus quatro membros tocavam o chão. A neve era atirada para trás
a cada pulsão que eu empregava. Meu trote era perfeito, como o de um
cão de caça. E por falar em cães, meu perseguidor estava se
aproximando. Atrás de mim, um belo espécime de lobo mantinha à
duras penas uma proximidade minimamente digna. Sua língua pendia
para o lado, conforme suas baforadas cuspiam saliva que
instantaneamente se congelavam antes de tocar o solo. Ele estava
cansado, mas já estávamos chegando a nosso destino.</i></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.26cm;">
<span style="font-size: large;"><i>Foi então que, chegando a hora, cravei mãos e pés no tapete
branco e freei bruscamente. Meu companheiro, desajeitadamente, fez o
mesmo, atropelando-me e nos fazendo rolar ainda alguns metros antes
de finalmente pararmos por completo. Eu gargalhava alto, enquanto era
vítima de sua língua úmida que lambuzava meu rosto. Brincamos
ainda alguns minutos, próximos a um grande barranco. Inconsequentes
como éramos, nem nos preocupamos com o fato de que, com um pouco
menos de atraso em nossa freada, acabaríamos os dois no fundo do
desfiladeiro.</i></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.26cm;">
<span style="font-size: large;"><i>Mas não queríamos, nem conseguiríamos nos preocupar com isso.
Afinal, não fora para isso que viemos de tão longe para aquele
lugar. E a razão de nossa corrida já estava nos esperando. De um
instante para outro, paramos com nossa brincadeira infantil e nos
pomos sentados para apreciar o belo espetáculo que se abria diante
de nós. O céu, antes cinzento e mórbido, agora que abria para uma
aquarela ondulante. Riscos de todas as cores, dançando em um ritmo
próprio, inebriante. Um fenômeno que eu costumava reconhecer como a
passagem das almas, que transcendiam do mundo terreno para a dimensão
espiritual, e que séculos depois descobriria que o ocidente o
chamava de Aurora Boreal.</i></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.26cm;">
<span style="font-size: large;"><i>O lobo estava ao meu lado, sentado e ainda se recuperando do
desgaste que nossa injusta perseguição lhe impôs. Eu acariciava
seu pelo e recebia de bom grado o calor que emanava de seu dorso
corpulento. Ganhei uma lambida carinhosa no rosto e retribui com um
afago entre as orelhas. Olhei para o céu. Era lindo demais e eu não
queria nenhuma outra companhia. Nem dos membros de meu clã, nem
mesmo dela... Pois aquele era o nosso lugar secreto. Meu e de Raj.</i></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.26cm;">
<span style="font-size: large;">
— <i>Sentirei saudades, amigo — falei para meu companheiro,
enquanto sentia uma leve dor de cabeça incomodar. </i></span>
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.26cm;">
<span style="font-size: large;"><i>Somente um ganido me foi dado como resposta, mas que foi o
suficiente para deixar claro o que ele sentia. Fiquei triste, mas ao
mesmo tempo grato pelo sentimento que acabava despertando nele.</i></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.26cm;">
<span style="font-size: large;">
— <i>Sinto muito... — tentei me desculpar, encostando minha testa
em seu pescoço e aproveitando para esconder meu rosto que ameaçava
despejar algumas lágrimas. Eu não gostava de chorar na frente de
ninguém de minha aldeia — Mas está na hora de eu ir... Sei que é
precipitado... Que pode dar tudo errado, mas... Você me conhece.
Sabe que não resisto a uma aventura. Ainda mais com ela...</i></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.26cm;">
<span style="font-size: large;"><i>A dor começava a incomodar mais. Mais intensa, e concentrada.
Logo atrás dos olhos, uma pontada como se alguém estivesse
introduzindo um dedo por dentro de meu cérebro.</i></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.26cm;">
<span style="font-size: large;">
— <i>Só queria me despedir de você antes de partir — falei,
buscando ignorar a dor — Eu e... — Não consegui me lembrar do
nome. </i></span>
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.26cm;">
<span style="font-size: large;"><i>Como não conseguia? Estávamos falando dela agora mesmo.</i></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.26cm;">
<span style="font-size: large;">
— <i>Eu e... — a dor estava ficando insuportável — Eu e...
Ela... Vamos fazer hoje... E se a magia funcionar... Vai ser ótimo.</i></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.26cm;">
<span style="font-size: large;"><i>E como sempre acontecia nesta parte, a enxaqueca assumia um grau
tão agudo que me fazia perder a sensação do mundo a minha volta.
Estava na hora. Eu iria acordar...</i></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.26cm;">
<span style="font-size: large;"><i>Aos poucos minha visão se tornava embaçada, até tudo ficar
escuro. Porém, ao contrário de logo perder completamente o contato
com a floresta de pinheirais, naquela noite em específico meus
demais sentidos insistiam em guardar algumas sensações daquele
sonho. O cheiro úmido das plantas, o frio e a sensação dos flocos
de neve caindo sobre a pele. Contudo, estes últimos se tornavam mais
agressivos e seus impactos me obrigavam a acordar com mais
velocidade.</i></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.26cm;">
<span style="font-size: large;"><i>Quando abri os olhos, dei de cara com a luz do poste. Os pingos de
chuva atacavam meu corpo, completamente ensopado e desprotegido
devido a fina roupa que eu usava. De um salto, levantei-me, para dar
conta de onde estava. Em uma olhada rápida em torno, reconheci
automaticamente minha posição, embora custasse acreditar que
pudesse estar na Praça da Rua Volta, cerca de cinco quadras de minha
casa, onde, eu jurava, havia adormecido antes de acordar naquele
lugar.</i></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.26cm;">
<span style="font-size: large;"><i>Assustado, olhei mais atentamente a minha volta a procura de
alguém, ou ao menos de alguma resposta para tudo aquilo. Não
encontrei nem um, nem outro. Levantei e estava descalço. A dor de
cabeça havia desaparecido, mas ela sequer tangenciava minhas
preocupações. Minha respiração ficou mais descompassada e o medo
poderia me dominar, se a racionalidade não cobrasse uma atitude e me
obrigasse a pensar. Não importava o quão maluca fosse a resposta
para eu estar ali naquele momento, não seria debaixo de chuva que eu
iria encontrá-la.</i></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.26cm;">
<span style="font-size: large;"><i>E com esta convicção, disparei para casa. Venci facilmente a
distância que me separava de minha rua, com um vigor e
condicionamento que não acreditava possuir. Ao chegar em casa,
deparei-me com o portão trancado. </i></span>
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.26cm;">
<span style="font-size: large;">
Droga! <i>Praguejei, deixando o desespero também participar de meu
infortúnio. Procurei no bolso de meu short pela chave, mas nada. </i>Não
é possível, como então eu saí? <i>Naquele instante, a resposta
parecia ter vindo na forma da janela aberta de meu quarto. Olhei
para cima e a contemplei. Eu também me lembrava de tê-la fechado
antes de dormir, para que a tempestade não alagasse meus aposentos.</i></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.26cm;">
<span style="font-size: large;">
Não.<i> Impossível. Não havia forma de eu saltar pela janela
dormindo sem quebrar ao menos uma perna. Devia haver outro modo. Mas
como já havia percebido antes, não encontraria nenhuma resposta ali
fora. Então tratei de trepar o muro de casa para me proteger da
chuva. Invadir o quintal foi mais fácil do que supunha, mas agora
havia outro problema: como entrar na residência? A alternativa de
dormir no sereno não era agradável.</i></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.26cm;">
<span style="font-size: large;"><i>Rondei a casa, atrás de alguma passagem aberta. A sorte me
sorriu, ao menos. Vi que a janela que dava acesso a lavabo estava
entreaberta. Sem pensar, meti a mão e forcei a entrada. A janela era
velha e um pouco enferrujada, por isso que muitas vezes não
conseguíamos fechá-la por completo. Mas como naquela noite em
especial eu demonstrava uma saúde muito satisfatória para meus
padrões, assim também o foi quando tentei abrir a janela. E ela se
abriu sem muita resistência.</i></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.26cm;">
<span style="font-size: large;"><i>Na lavanderia, tratei de pegar uma toalha no secador de roupas e
me enxugar. Não queria ensopar a casa. Tirando a roupa molhada e
colocando-a dentro do tanque, enrolei a toalha na cintura e foi com
cautela até meu quarto. A casa estava silenciosa, o que era uma boa
notícia, possivelmente. Passei pelo quarto de meus pais antes de
chegar ao meu e fiquei feliz em ver que ambos dormiam a sono pesado.
Pelo menos minha aventura noturna não fora percebida por nenhum dos
dois.</i></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.26cm;">
<span style="font-size: large;"><i>Esgueirei-me pelo pelo corredor até me refugiar em meu aposento.
Fechei a porta e fui até a janela. A mesinha que ficava diante desta
estava ensopada, mas não me importei. Olhei para uma última vez
pela abertura antes de fechá-la. Queria entender como afinal eu
havia fugido de casa, mas eu não estava com cabeça para pensar.
Tentei lembrar do sonho e consegui visualizar tudo com muita nitidez,
até seu final, quando a enxaqueca voltou a me incomodar.</i></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.26cm;">
<span style="font-size: large;"><i>Interpretei aquilo como um sinal para não fuçar mais aquela
história. Não por aquela noite, ao menos. Conformado, vesti um
short seco e me deitei. Achei que não fosse conseguir dormir,
todavia subestimei meu sono pesado. E logo eu estava, mais uma vez,
entregue ao mundo dos sonhos. Só esperava, daquela vez, acordar em
minha cama.</i></span></div>
Wnascimentohttp://www.blogger.com/profile/13944963347429240860noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7186252030239424182.post-19911613840385305812013-03-02T03:14:00.002-08:002013-03-02T03:14:50.159-08:00Coisas que valem a pena digulgar: Pequenos poemas, grandes emoções; de Leonardo Pacheco<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh31LoYtwkVbtpVqUo00Qo-gTGVR0VYweIjXsEy793TJewAJ2PYW6uz-O2fULha7ZNlweXJNWSwKByIoQJApLNp3xuc6hW_UdDJsRtlEjId-xVYE0qoRopV4ekfl8PBSGrJfpCC2hO8kAI/s1600/Lan%C3%A7a+seu+CD.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="146" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh31LoYtwkVbtpVqUo00Qo-gTGVR0VYweIjXsEy793TJewAJ2PYW6uz-O2fULha7ZNlweXJNWSwKByIoQJApLNp3xuc6hW_UdDJsRtlEjId-xVYE0qoRopV4ekfl8PBSGrJfpCC2hO8kAI/s320/Lan%C3%A7a+seu+CD.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: large;">Saudações colegas do Por Detrás do Véu.</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: large;"></span> </div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: large;">Recentemente, foi publicado no Brasil uma boa notícia para os fãs de poesia.</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: large;">Trata-se do trabalho "Pequenos poemas, grandes emoções" do novo poeta Leonardo Pacheco, com gravação de Evaristo Kooh.</span></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg0n6u2q-FTn3SfXG95f6Rg6Nav0j8RERKU7h4SGeTLv7aZVZnhfSXEVxD3N0q_8UhTbgm3Ox8wWKl7xQ4r8iLYIVtDRHt19EVzRtiP3U-Oa8u78zQREJ-ReId4V7aEOSgzTiVH6YiiVTU/s1600/capa+CD.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg0n6u2q-FTn3SfXG95f6Rg6Nav0j8RERKU7h4SGeTLv7aZVZnhfSXEVxD3N0q_8UhTbgm3Ox8wWKl7xQ4r8iLYIVtDRHt19EVzRtiP3U-Oa8u78zQREJ-ReId4V7aEOSgzTiVH6YiiVTU/s320/capa+CD.jpg" width="315" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: large;">Trata-se de uma boa pedida para presentear a pessoa amada ou ter momentos de reflexão mesmo dentro de nosso caos urbano, podendo ouvir no carro ou na condução a caminho das atividades. Ou em casa, no conforto do lar.</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: large;"></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEy8PpeZAHs4kP-j0HxACQq0XaFBcY8yAlsR3ANeEnHAnxgd0EVhtT12Hhi-0LG4HzpeVU8d65nnr0_lI7RSvV01Y7yTgd3heIOXi8j2r5b0Nl-vD1sOoEPWpcnYxnBp4s1ykftBjAaqU/s1600/Pe%C3%A7a+j%C3%A1+o+seu.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEy8PpeZAHs4kP-j0HxACQq0XaFBcY8yAlsR3ANeEnHAnxgd0EVhtT12Hhi-0LG4HzpeVU8d65nnr0_lI7RSvV01Y7yTgd3heIOXi8j2r5b0Nl-vD1sOoEPWpcnYxnBp4s1ykftBjAaqU/s320/Pe%C3%A7a+j%C3%A1+o+seu.jpg" width="216" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
</div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: large;">Para mais informações:</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: large;"></span> </div>
<div style="text-align: center;">
<a href="http://musicandoversos.blogspot.com.br/"><span style="font-size: large;">MUSICANDO VERSOS</span></a></div>
</div>
Wnascimentohttp://www.blogger.com/profile/13944963347429240860noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7186252030239424182.post-56908205382578693832013-02-14T15:28:00.002-08:002013-02-14T15:28:39.922-08:00Resenha: O livro do fim do mundo, diversos autores<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcMYCgBL7nHTeUBOCsk2RiFRdFWsAEpDyztCdx7j99w581TERz2j7EmM_LfboCA5bXm35v-1LfSfNsu0-GBAkQh5yfYJ531dIDZ4fYWZIWJTClLYmxUJy30UeCxDuJpSjOVUiZGGVsxYQ/s1600/fim+do+mundo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="156" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcMYCgBL7nHTeUBOCsk2RiFRdFWsAEpDyztCdx7j99w581TERz2j7EmM_LfboCA5bXm35v-1LfSfNsu0-GBAkQh5yfYJ531dIDZ4fYWZIWJTClLYmxUJy30UeCxDuJpSjOVUiZGGVsxYQ/s320/fim+do+mundo.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0in 0in 0pt; text-align: justify; text-indent: 0.5in;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR;">Pegando carona na onda apocalíptica gerada pela profecia Maia, a editora
Subtítulo lançou mão desta publicação que reúne mais de trinta contos de
autores dos quatro cantos do Brasil. Organizado por Alessandro Finardi, Eder
Rosa e Márcio Saconato, “O livro do fim do mundo” se propõe a explorar as
sensações humanas levadas ao limite ao ter como norte das propostas dos
contistas a seguinte indagação: “o que você faria se o mundo fosse acabar em
uma hora?”.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0in 0in 0pt; text-align: justify; text-indent: 0.5in;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR;">A qualidade dos trabalhos é variada, atraindo e repudiando diferentes
gostos e estilos de leitores. No geral, as histórias exploram o medo, a
violência e as redenções esperadas com a iminência do fim. E como não tenho condições
de falar de cada um dos trabalhos que estão aqui presentes, escolho os meus
três favoritos para dedicar linhas especiais.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0in 0in 0pt; text-align: justify; text-indent: 0.5in;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR;">O primeiro, “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">...and I feel fine</i>”
de Leandro Samora, mereceu um artigo próprio, publicado anteriormente aqui no
Por detrás do Véu. Tal empatia que me gerou o trabalho se baseia no fato de
este, com um tom irônico e divertido, tocar fundo em questões interessantes a
respeito da vida e do tão sonhado “fazer valer a pena”. Um conto que de forma ácida,
nos faz repensar máximas já batidas, presentes nos mais pueris livros de
autoajuda.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0in 0in 0pt; text-align: justify; text-indent: 0.5in;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR;">“Carta à senhorita Wargrave” foi uma iniciativa ousada de Cássio Maia.
Ousada, pois distorceu aquilo que se comumente esperava da proposta inicial da
antologia. Nele, não temos um apocalipse geral, mas um fim do mundo muito
particular. Algo que tinha tudo para dar errado, mas que graças à originalidade
e ao talento estético do autor acabou por se converter em uma obra prima e que
merece o devido destaque.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0in 0in 0pt; text-align: justify; text-indent: 0.5in;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR;">E por último, mas não menos importante, “Das consequências para quem
noticia o fim do mundo”, de Raul Gimenez. Este conto se destaca por trazer uma
crítica sutil e inteligente dos valores que permeiam nossa sociedade. Do
desapego e ceticismo que podem acometer nossos corações modernos mesmo na iminência
do fim.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0in 0in 0pt; text-align: justify; text-indent: 0.5in;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR;">O gênero conto é o ideal para pessoas que, como a maioria de nosso
presente volátil, percebem que o relógio corre cada vez mais rápido; que cada
vez dispomos de menos tempo para fazer as coisas simples da vida. Nesse
sentido, “O livro do fim do mundo”, além de se encaixar perfeitamente nessa
realidade, fornecendo leituras agradáveis para pessoas que só possuem tempo
para ler nos intervalos da vida, também oferece um esforço crítico acerca das
condições que criaram essa sociedade que taxa preços cada vez mais altos para
seu tempo e ainda assim continua sem saber lhe dar o devido valor.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjzhrxvLKcLuunOEBgWt7vs33gF1u96SmrqInpnxcGHu77A4YAWNL1z1nOFNTw3VMUE1aLc0YG7HB2TXToYSuERV6WFYg1yQTx_Bo2LLdX75UstTV_5yTvQGBRf6kqsZT-xN3IfWOMQVd8/s1600/autores.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjzhrxvLKcLuunOEBgWt7vs33gF1u96SmrqInpnxcGHu77A4YAWNL1z1nOFNTw3VMUE1aLc0YG7HB2TXToYSuERV6WFYg1yQTx_Bo2LLdX75UstTV_5yTvQGBRf6kqsZT-xN3IfWOMQVd8/s1600/autores.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0in 0in 0pt; text-align: justify; text-indent: 0.5in;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span> </div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0in 0in 0pt; text-align: justify; text-indent: 0.5in;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0in 0in 0pt; text-align: justify; text-indent: 0.5in;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0in 0in 0pt; text-align: justify; text-indent: 0.5in;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0in 0in 0pt; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> </o:p></span></div>
</div>
Wnascimentohttp://www.blogger.com/profile/13944963347429240860noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7186252030239424182.post-41552801066667996662013-02-14T15:25:00.001-08:002013-02-14T15:25:49.510-08:00Resenha: Jarbas, de André Bozzetto Jr.<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhAi3M5f61r3PJ0GWH-lbVwYCbA10_oFJh72Szz3SuzuaRe60K2DQ7YsaS81J6RcAruFLBfR0m17bV9zt-_pj7QjJk-4-on3TtPB_q5zKW8rx8ux7EVDUioa8LWRE2Ohpb0NefS7wlrExc/s1600/jarbas_capa.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhAi3M5f61r3PJ0GWH-lbVwYCbA10_oFJh72Szz3SuzuaRe60K2DQ7YsaS81J6RcAruFLBfR0m17bV9zt-_pj7QjJk-4-on3TtPB_q5zKW8rx8ux7EVDUioa8LWRE2Ohpb0NefS7wlrExc/s320/jarbas_capa.jpg" width="210" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0in 0in 0pt; text-align: justify; text-indent: 0.5in;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR;">Em uma era onde as figuras de nossos pesadelos do passado se transformam
em personagens andróginas de romances adolescentes, encontrar um livro como “Jarbas”
nos enche de espanto e agradável nostalgia. Recheado de muita tensão, violência
e crueldade, o trabalho de André Bozzetto Jr. garante ao leitor bons momentos
de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">frisson</i> e adrenalina, permeados de
aventuras noturnas em um mundo perigoso e decadente, no melhor estilo <i style="mso-bidi-font-style: normal;">punk & gótico</i>. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0in 0in 0pt; text-align: justify; text-indent: 0.5in;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR;">Jarbas é um jovem de classe média, cuja natureza bestial precede em
muito sua transformação em lobisomem. Entregue a sua natureza animalesca como
talvez nenhum outro licantropo se tenha permitido, este jovem vaga pelas noites
deixando para trás trilhas de sangue, violação e profundo terror. Seu nome,
conhecido e temido por humanos e outros seres sobrenaturais, passa a ser
palavra chave nas principais caçadas noturnas.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0in 0in 0pt; text-align: justify; text-indent: 0.5in;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR;">Os personagens de “Jarbas” são, em geral, frios. Pessoas sofridas que se
tornam endurecidas pelas experiências traumáticas de suas vidas. Existem
aqueles ainda que tentam conservar a inocência, todavia estes são os primeiros
a serem engolidos pela natureza selvagem própria deste romance de Bozzetto.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0in 0in 0pt; text-align: justify; text-indent: 0.5in;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR;">Do ponto de vista estilístico, este é um trabalho bastante interessante,
onde a história do jovem lobisomem é conta através de inúmeros recursos. Em
alguns momentos, temos a narrativa imparcial em terceira pessoa, em outros o
relato vivo de suas vítimas. É provável que alguns leitores percebam pouca
diferença entre os tons dos relatos, deixando a escrita muito uniforme.
Contudo, escrever diferentes relatos, onde cada um deles expressa a experiência
de uma personagens específica, carregada de suas singularidades psicológicas e
seus vícios de linguagens não é um tarefa fácil. E André, sem dúvidas, não faz
feio em sua empreitada.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0in 0in 0pt; text-align: justify; text-indent: 0.5in;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR;">Em suma, o que tenho a dizer de “Jarbas” é que este é um livro altamente
recomendado. Ele não está comprometido em fornecer grandes momentos de reflexão,
mas se propõe a garantir fortes emoções e aventuras dignas dos estômagos mais
fortes. E para leitores com saudade dos antigos monstros, este é um prato
cheio.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhiZhk4EBlrRcfqLMWwyaFen6vanhtnautmR03lQuHL-HmCRWzcVQ7xwA6MCqLIAqjuAAujf2aEx35rzDlqIlX6mp4EReKSCBl3exonoohrvzjFmxzkzF4mBkZurT3i9aIoHAolIgvTlhc/s1600/ANDR_B~1.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhiZhk4EBlrRcfqLMWwyaFen6vanhtnautmR03lQuHL-HmCRWzcVQ7xwA6MCqLIAqjuAAujf2aEx35rzDlqIlX6mp4EReKSCBl3exonoohrvzjFmxzkzF4mBkZurT3i9aIoHAolIgvTlhc/s320/ANDR_B~1.JPG" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0in 0in 0pt; text-align: justify; text-indent: 0.5in;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span> </div>
</div>
Wnascimentohttp://www.blogger.com/profile/13944963347429240860noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7186252030239424182.post-45335533122563082402013-01-20T11:52:00.000-08:002013-01-20T11:54:29.741-08:00"Minha vida foi F..."<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsf8nGy6Yuh1YTFPZ2a6bWlQwwMI4uchvj61nZiVGbEMtvdWzTFZwgoGZEGITwvXzwAjIA1cHwZa2W40GusR86x0I0ALEtLlgJIhyphenhyphenKcDZuA26RI-_Ir6Rirj-AWmzhoF2Wx4aD0vY5cEg/s1600/Cara+dos+quadrinhos.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><br /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJK1B8aNB-LuzVNBlCnOxwbDvhx80mXUPbfnvDUQJvOUw0g6HTcCKCRLoKj5eD1PqFxdF1Vfe0i2MZfVFP3vMJ5pwxw88nlqXxJMeQZJo67q5hQKX-l_-au0NPRFM9gXqZa7GDVaXgFjY/s1600/fim+do+mundo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="265" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJK1B8aNB-LuzVNBlCnOxwbDvhx80mXUPbfnvDUQJvOUw0g6HTcCKCRLoKj5eD1PqFxdF1Vfe0i2MZfVFP3vMJ5pwxw88nlqXxJMeQZJo67q5hQKX-l_-au0NPRFM9gXqZa7GDVaXgFjY/s400/fim+do+mundo.jpg" width="400" /></a></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.23cm;">
Parece que a o futuro havia se acabado para aquela cidade. Isolados
do contato com o mundo externo há dias, seus habitantes vão
gradativamente degenerando em todos os pontos que constituem suas já
frágeis humanidades. Comida, remédio, saneamento não existem mais,
e a barbárie começa a ganhar forma conforme o desespero toma conta
de seus corações. E se isso tudo não bastasse, estes houvem dos
céus a mensagem redentora, de que uma explosão colocará fim a suas
vidas medíocres em questão de alguns minutos. Então, restava
somente esperar.</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.23cm;">
Todavia, dentre os infortunados moradores da pacata região, está um
homem de meia idade, gordo, solitário. Dono de seu próprio negócio,
uma loja de revistas em quadrinhos, onde passou boa parte do tempo
maltratando seus clientes, escolheu este lugar, onde passou anos de
sua vida, para refletir sobre sua existência. Seu comportamento rude
e seus poucos cuidados estéticos afastaram as pessoas de sua vida.
Ele não tinha namorada, poucos amigos, e seus clientes não passavam
de eventuais relações comerciais.</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.23cm;">
Sua vida inteira havia sido dedicada aos quadrinhos, coisa da qual
mais gostava, que lhe rendeu ótimas discussões, momentos de puro
entretenimento, reflexões arrojadas, mas pouco contato humano. E
agora, faltando apenas alguns minutos para o fim, nosso herói cai de
joelhos ao solo, rendido pelo final iminente e grita: “Minha vida
valeu a pena!”</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.23cm;">
Àqueles que não reconheceram a cena acima, trata-se de uma curta
passagem do filme “Os Simpsons”, lançado em agosto de 2007 .
Nela, o cara da loja de quadrinhos faz uma reflexão acerca de sua
vida e a resposta para sua avaliação, não muito esperada em
tamanho contexto, fez muitos admiradores rirem e, em alguns casos,
pensarem. Em minha opinião, foi uma das melhores sacadas de todo o
filme, que teve inúmeros outros momentos memoráveis.</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.23cm;">
Fazer a vida valer a pena é uma tópica comum. Algo presente em
quase todos os momentos de nossas vidas e que acredito ser impossível
nenhum de nós não termos nos deparado com ela algum momento.
Contudo, fazer valer a pena acaba, para muitos, caindo em um terreno
acidentado. Pois o que seria fazer valer a pena? Se perguntarmos para
as pessoas a nossa volta, frases comuns como “ser feliz”,
“aproveitar os momentos”, “ser sincero”, “ter alguém
importante ao seu lado”, e outras presentes até mesmo nos mais
rasos livros de autoajuda. Alguns até arriscam uma receita de bolo
mais elaborada, mas pouco eficiente.
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.23cm;">
Normalmente nossa sociedade já possui um modelo pronto. Uma lista de
coisas que precisamos fazer para conquistarmos a tão sonhada
felicidade e conseguir chegar ao final da vida a sermos capazes de
gritar “minha vida valeu a pena”. Uma lista pequena: ser
inteligente, bonito, sociável, carismático, engraçado, ter muitos
amigos, praticar esportes, ter um bom emprego, constituir família,
ganhar muito dinheiro, ajudar o próximo, conseguir o carro do ano,
ser pegador (no caso dos homens), ser recatada (no caso das
mulheres), ser saudável, gostar de noitadas, televisão e futebol,
manter-se vivo...</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.23cm;">
Entretanto, apesar de já termos esse nosso modelo didático e a
prova de falhas, existem aquelas pessoas que insistem, seja por
vontade ou por azar do destino, em querer encontrara a felicidade
fugindo dele. Pessoas como o cara da loja de gibis. Que não gosta de
sair a noite, de azarar, que prefere os momentos sozinho à jogar
conversa fora com pessoas que não valham a pena; que escolhe o mundo
da ficção, onde as coisas sempre se resolvem no final, ao invés de
nosso mundo perfeito, cheio de injustiças, corrupção e dor. Que
optou por uma profissão “menor” onde estaria em contato com tudo
aquilo de que gosta, ao invés de um emprego em que poderia ganhar
grandes quantidades de dinheiro em troca apenas de um pouco de
estresse, decepção e sacrifícios. </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsf8nGy6Yuh1YTFPZ2a6bWlQwwMI4uchvj61nZiVGbEMtvdWzTFZwgoGZEGITwvXzwAjIA1cHwZa2W40GusR86x0I0ALEtLlgJIhyphenhyphenKcDZuA26RI-_Ir6Rirj-AWmzhoF2Wx4aD0vY5cEg/s1600/Cara+dos+quadrinhos.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsf8nGy6Yuh1YTFPZ2a6bWlQwwMI4uchvj61nZiVGbEMtvdWzTFZwgoGZEGITwvXzwAjIA1cHwZa2W40GusR86x0I0ALEtLlgJIhyphenhyphenKcDZuA26RI-_Ir6Rirj-AWmzhoF2Wx4aD0vY5cEg/s400/Cara+dos+quadrinhos.jpg" width="400" /></a></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.23cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.23cm;">
Enfim, da para entender um cara desses?</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.23cm;">
Sendo eu escritor de literatura fantástica, vocês já devem ter
percebido que há um pouco de pessoalidade neste texto. Pois há
mesmo. Na época, foi um filme que muito me cativou e tal pensamento
me foi reavivado com a leitura de “O livro do fim do mundo”, uma
coletânea de contos que nasceu com a proposta de pensar “o que
você faria se o mundo fosse acabar em uma hora?” E o conto “...and
I feel fine”, de Leandro Samora tocou muito bem neste ponto da
questão. Pois a verdade é, se viver fazendo aquilo que nos da
vontade sem causar mal a ninguém não é fazer valer a pena... Bem,
eu não sei mais o que é.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhO9UkToQ5FUysSPgoXX15GVAQX5HYxw-MO-IP00EvrukSGYkWazrNqcugFLq-4rM_VoZVXsdIXi76DmW_KnSDcFps2kjMri96r6KQTF7N_XUbrVvpoVYkw3z7BFVT5mwpHDGOBo0IDBvw/s1600/livro.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="122" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhO9UkToQ5FUysSPgoXX15GVAQX5HYxw-MO-IP00EvrukSGYkWazrNqcugFLq-4rM_VoZVXsdIXi76DmW_KnSDcFps2kjMri96r6KQTF7N_XUbrVvpoVYkw3z7BFVT5mwpHDGOBo0IDBvw/s400/livro.jpg" width="400" /></a></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.23cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.23cm;">
<br /></div>
</div>
Wnascimentohttp://www.blogger.com/profile/13944963347429240860noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7186252030239424182.post-45444645080176288382013-01-01T06:59:00.001-08:002013-01-01T07:17:30.010-08:00Resenha: O evangelho segundo os Simpsons, de Mark I. Pinsky<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzQpRFYxCmicGHf3ghx7StPLxnRhBUai_HzI72D__Q_f8ICUblSv542aa3LS-kGEqEwq_YoBU2Yhf1qCj45OizxeoRXL1arLjmb0QMd9zfNn6zoPe59XVTXcVG-teh0fSr4a7Nb1YwJNE/s1600/Evangelho.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzQpRFYxCmicGHf3ghx7StPLxnRhBUai_HzI72D__Q_f8ICUblSv542aa3LS-kGEqEwq_YoBU2Yhf1qCj45OizxeoRXL1arLjmb0QMd9zfNn6zoPe59XVTXcVG-teh0fSr4a7Nb1YwJNE/s320/Evangelho.jpg" width="209" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0in 0in 0pt; text-align: justify; text-indent: 0.5in;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR;"></span> </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0in 0in 0pt; text-align: justify; text-indent: 0.5in;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR;">Trabalhar com a família mais divertida da América já é um bom pretexto
para um livro ser um sucesso. Some isso a uma discussão que englobe religião e
costumes americanos e você tem grandes chances de conseguir um Best Seller. “O
evangelho segundo os Simpsons” é uma coleção de artigos de Mark I. Pinsky em
que o jornalista se propõe a observar como a temática religiosa aparece no
desenho animado.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0in 0in 0pt; text-align: justify; text-indent: 0.5in;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR;">Com um argumento forte, a de que as critica de “Os Simpsons” deve ser pensada
mais como uma crítica aos costumes religiosos norte americanos e não
propriamente a experiência religiosa em si, e também com uma boa percepção de
como “Os Simpsons”, apesar de seu perfil “imoral”, traz em si grande dose de
moralidade cristã em seus roteiros, o livro começa bem. Todavia, apresenta
certas falhas no modo em que estrutura seus argumentos.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0in 0in 0pt; text-align: justify; text-indent: 0.5in;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR;">Em primeiro lugar, a organização temática é um tanto quando falha. O
livro é dividido em grandes temas como “imagens divinas”, “a igreja e o
pregador”, “católicos”, “judeus”, “hindus” onde são discutidos todos os
aspectos dessas ideias que por si só já são imensas. E tal estratégia tende ao
caos, levando-se em consideração que Pinsky fala de cerca de quinze temporadas.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0in 0in 0pt; text-align: justify; text-indent: 0.5in;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR;">Outro problema, e este entrelaçado a questão de desorganização, é que o
autor não cita os episódios. Em vários momentos ele apenas reproduz a fala dos
personagens sem dizer qual episódio, qual temporada ou em que situação tal
personagem diz alguma coisa, nem mesmo em uma nota de rodapé. E mesmo eu, que
me considero um fanático no desenho, tive sérias dificuldades em identificar
alguns dos argumentos do autor. E essa falta de citação acaba por gerar dois
problemas.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0in 0in 0pt; text-align: justify; text-indent: 0.5in;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR;">O primeiro já foi dito, pois dificulta a leitura deste “evangelho”, na
medida em que o apreciador não consegue, muitas vezes, situar-se em meio aos
argumentos do autor. Outro é que acaba por esconder certas ações tendenciosas
do próprio Pinsky. Em alguns momentos fui capaz de perceber certas distorções
na retórica deste.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0in 0in 0pt; text-align: justify; text-indent: 0.5in;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR;">Algumas interpretações horas são forçadas, horas distorcidas. Tudo para
validar a tese principal do livro. Os personagens são vistos exageradamente
como coesos, ignorando assim as próprias transformações que Homer, Marge, Lisa
e Bart sofrem ao longo das temporadas. Modificações essas que são comuns ao
longo das temporadas, por se tratar de um desenho que também é comercial e onde
os personagens são produzidos para agradar ao público, e por isso vão se
adaptando a suas melhores características, ressaltando-as.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0in 0in 0pt; text-align: justify; text-indent: 0.5in;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR;">Outro problema, e deste eu retiro Pinsky, é com relação à tradução e
revisão. Muitas passagens foram traduzidas erroneamente, confundindo falas e
personagens, e a revisão deixou passar erros básicos que um segundo olhar de um
revisor poderia ter facilmente percebido. E algumas passagens parecem até que
foram jogadas no tradutor Google e inseridas ao livro desta mesma forma.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0in 0in 0pt; text-align: justify; text-indent: 0.5in;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR;">Enfim, apesar de não parecer, eu posso dizer que gostei da leitura.
Gostei porque me permitiu discutir temas de que gosto muito. Por ser um fã de “Os
Simpsons” e um estudioso de história das religiões, adorei a temática do livro.
E justamente por discordar imensamente de Pinksy em diversos momentos, “o
evangelho segundo os Simpsons” me permitiu momentos de puro exercício
intelectual. Contudo, temo que pessoas não muito inseridas nessas duas
temáticas possam, ou não se sentirem amplamente convidados a participar do
livro, ou então acabarem por comprar argumentos muito pouco sustentáveis.<o:p></o:p></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjeFILoxxwnBKRjgpQie5JM6hRAyr9-84nYrDRyQHfcJmUjXgtj1SRGfkt0WfqzKlfsnLD7e04HPgLER0pYEbY5kRk2Rf0AAgi26K_c8gtc34A9RaCGuu8G92boOf-FCfDQQgfbu16uR9w/s1600/Pinsk.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="244" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjeFILoxxwnBKRjgpQie5JM6hRAyr9-84nYrDRyQHfcJmUjXgtj1SRGfkt0WfqzKlfsnLD7e04HPgLER0pYEbY5kRk2Rf0AAgi26K_c8gtc34A9RaCGuu8G92boOf-FCfDQQgfbu16uR9w/s320/Pinsk.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0in 0in 0pt; text-align: justify; text-indent: 0.5in;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0in 0in 0pt; text-align: justify; text-indent: 0.5in;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0in 0in 0pt; text-align: justify; text-indent: 0.5in;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0in 0in 0pt; text-align: justify; text-indent: 0.5in;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p> </o:p></span></div>
</div>
Wnascimentohttp://www.blogger.com/profile/13944963347429240860noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7186252030239424182.post-75665856369698319212013-01-01T06:57:00.001-08:002013-01-01T06:57:45.628-08:00Resenha: Marina, de Carlos Ruiz Zafón<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEknAXXNornCJQTZ0DCWoQb6Jgmz4AGwnULT8L-zbh8K6Zf8ggKQ2Waz3yDNLm0VjeXLbJXNMQ8mQyg_Tn53UBvI4s75EC-H8wjTSpQO0yclFvqmFQspyV2eGFQ878ChTQrybn_sKpGo0/s1600/marina+-+capa.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEknAXXNornCJQTZ0DCWoQb6Jgmz4AGwnULT8L-zbh8K6Zf8ggKQ2Waz3yDNLm0VjeXLbJXNMQ8mQyg_Tn53UBvI4s75EC-H8wjTSpQO0yclFvqmFQspyV2eGFQ878ChTQrybn_sKpGo0/s320/marina+-+capa.jpg" width="222" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0in 0in 0pt; text-align: justify; text-indent: 0.5in;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR;"></span> </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0in 0in 0pt; text-align: justify; text-indent: 0.5in;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR;">Antes de se consagrar como o mega autor de “A sombra do vento” e “O jogo
do anjo”, Carlos Ruiz Zafón se aventurou pelo universo da literatura juvenil.
Seus trabalhos anteriores aos dois Best Sellers, por conta que questões
burocráticas, acabaram ficando presos para novas publicações, o que prejudicou
o acesso ao grande público. “Marina” é um desses livros que há pouco tempo
ganhou sua liberdade e chega as livrarias brasileiras.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0in 0in 0pt; text-align: justify; text-indent: 0.5in;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR;">“Marina” é um dos livros difíceis de enquadrar em um gênero específico.
Em momentos, temos a impressão de ser um romance básico, estilo água com açúcar,
ao longo das páginas somos convidados a uma leitura dramática e profunda.
Depois, nos surpreendemos com a entrada densa do suspense, até o momento em que
nos vemos rodeados por uma aventura fantástica contemporânea pelas ruas de
Barcelona.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0in 0in 0pt; text-align: justify; text-indent: 0.5in;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR;">Para aqueles acostumados ao estilo de Zafón, nada de novo. Pois a
mistura de estilos e gêneros é uma das principais marcas e, vale ressaltar, um
dos principais encantos da escrita deste espanhol naturalizado americano.
Quando lemos “Marina”, temos as nuances da marca única de Carlos Luiz Zafón.
Marcas essas que o transformarão no escritor da obra prima “A sombra do vento”.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0in 0in 0pt; text-align: justify; text-indent: 0.5in;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR;">Oscar é um garoto precoce das ruas de Barcelona. Vivendo em um internato
sufocante m separado de sua família, ele se torna um jovem errante, onde as
alegrias do dia se resumem em vasculhar a velha e sombria cidade espanhola. Todavia,
tudo muda quando, em uma de suas incursões, acaba adentrando na casa de Marina,
menina encantadora e destemida. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0in 0in 0pt; text-align: justify; text-indent: 0.5in;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR;">Logo, Marina se torna a principal companhia de aventuras de Oscar e
ambos se metem pelas ruelas esquecidas da cidade, repleta de segredos sombrios
em seus becos e lugares esquecidos. Um lugar onde os habitantes, vivendo a
rotina de seus dias, existem sem imaginar as fantásticas e horripilantes
estórias que se escondem por aqueles muros. E é em um desses grandes segredos,
de uma vida de lutas, perdas e vinganças, que as vidas de Oscar e Marina acabam
entrando e mudando completamente o rumo da história.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0in 0in 0pt; text-align: justify; text-indent: 0.5in;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR;">Uma leitura marcada por grandes reviravoltas é o que espera o
aventureiro de “Marina”. Na verdade, para leitores acostumados, este livro
parece se apresentar como um ensaio de suas futuras obras. Onde um estilo único
é tecido. Que venham os outros livros trancafiados de Zafón. </span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgk7dpSrXNG8vAmpF1Bg3aIrIMq188hq981JRhvn1sAUVrbQlXlqPmks7RqE3ZPFXQXfPIObYgYA4NzCQdZ7kCTOqQsrGaojjQtniTA9GBa5twCCcwaiBBSDaKBueFLTh0JCKyA7U6LlqI/s1600/Carlos+Ruiz+Zafn+ruizzafon.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgk7dpSrXNG8vAmpF1Bg3aIrIMq188hq981JRhvn1sAUVrbQlXlqPmks7RqE3ZPFXQXfPIObYgYA4NzCQdZ7kCTOqQsrGaojjQtniTA9GBa5twCCcwaiBBSDaKBueFLTh0JCKyA7U6LlqI/s320/Carlos+Ruiz+Zafn+ruizzafon.jpg" width="213" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0in 0in 0pt; text-align: justify; text-indent: 0.5in;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR;"></span> </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0in 0in 0pt; text-align: justify; text-indent: 0.5in;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEknAXXNornCJQTZ0DCWoQb6Jgmz4AGwnULT8L-zbh8K6Zf8ggKQ2Waz3yDNLm0VjeXLbJXNMQ8mQyg_Tn53UBvI4s75EC-H8wjTSpQO0yclFvqmFQspyV2eGFQ878ChTQrybn_sKpGo0/s1600/marina+-+capa.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"></a><br /></div>
</div>
Wnascimentohttp://www.blogger.com/profile/13944963347429240860noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7186252030239424182.post-47441792274532546382012-12-08T12:27:00.003-08:002012-12-08T12:30:53.828-08:00Resenha: Drácula, de Bram Stoker<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0in 0in 0pt; text-align: justify; text-indent: 0.5in;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIBDIf01jEjZ-0tZFSoCH8IoZe7ZozbbDRlvxz2NKEzN37HXG3jlnUcmuRVQQVMFEdRooJpeETjaIWvRH7BvnIy0Vmv5xCSRB2y-Bmhe1GFYekkHBEqQyzSaU6srcbS2uzO3E1cbp_5p0/s1600/dracula.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIBDIf01jEjZ-0tZFSoCH8IoZe7ZozbbDRlvxz2NKEzN37HXG3jlnUcmuRVQQVMFEdRooJpeETjaIWvRH7BvnIy0Vmv5xCSRB2y-Bmhe1GFYekkHBEqQyzSaU6srcbS2uzO3E1cbp_5p0/s320/dracula.jpg" width="191" /></a></div>
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR;"><span style="font-size: large;">O mundo vampiresco se encontra em estado crítico, tanto que, com a
saturação dos novos paradigmas impostos aos chupadores de sangue, está difícil
não só escrever novos trabalhos a respeito do tema, como também ler um clássico
como “Drácula” sem estar embutido destes valores distorcidos. Neste sentido, a
obra de Bram Stroker pode acabar por descontentar um grande público por, (1)
não trazer uma figura andrógina e galante, e (2) por usar de mitologias um
tanto quanto “ultrapassadas” a respeito destes seres.<o:p></o:p></span></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0in 0in 0pt; text-align: justify; text-indent: 0.5in;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR;"><span style="font-size: large;">Contudo, despindo-se dos nossos valores pós modernos, podemos enxergar
em “Drácula” um trabalho cuja qualidade literária é impar. Em primeiro lugar,
por nos trazer um estilo de escrita ousado e interessante. Toda a narrativa nos
é apresentada em forma documental. Não existe um narrador onipresente e
onisciente, seja em primeira ou terceira pessoa. A história nos é contada
através de cartas, diários, notícias de jornais, transformando o livro em um
apanhado textual que, organizado cronologicamente, traz aquele gostinho de
possibilidade, e veracidade, aos fãs de fantasia. E isso é possível porque
estes documentos, além de constitutivos da narrativa, são também fontes
utilizadas pelos próprios personagens que as manuseiam e comentam.<o:p></o:p></span></span></div>
<span style="font-size: large;"></span><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0in 0in 0pt; text-align: justify; text-indent: 0.5in;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR;"><span style="font-size: large;">Um segundo ponto digno de nota é a própria construção do mistério. É
claro que para nós, leitores do século XXI que, por mais que nunca tenhamos
lido “Drácula” conhecemos bem sua história, o mistério por detrás dos estranhos
acontecimentos que giram em torno dos personagens são facilmente previsíveis. Entretanto,
isso não tira o mérito genial da construção do enredo, que passa do diário de
Jonathan Harker para as cartas entre Mina Murray para Lucy Westenra, de forma a
deixar o leitor com aquela pulga atrás da orelha, ansioso por querer saber o desfecho
da parte anterior da história.<o:p></o:p></span></span></div>
<span style="font-size: large;"></span><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0in 0in 0pt; text-align: justify; text-indent: 0.5in;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: large; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR;">Neste sentido, a leitura de Drácula é altamente recomendada. Não por ser
um clássico em si, mas pela sua própria qualidade estética. Por ser um trabalho
que se constitui em uma pesquisa sobre o mito dos vampiros, e não apenas frutos
da imaginação fértil e descomprometida de autores que resolvem escrever sobre o
tema sem antes querer, minimamente, saber sobre o que falam.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikRbOrDJj3DzjSsusiqnyPhhxqvSWhmjMcaZnA_CS6Ve8_60bmXCtX7-9SwnP5UwLOsWF0p3Ujq5kXfTH9hyphenhyphenyfmUud5PR62WdZ2nHdXPM7Im5UbfHPW8GPSdOu1FEqcag_T5L_9e7p9Uw/s1600/bram-stoker.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikRbOrDJj3DzjSsusiqnyPhhxqvSWhmjMcaZnA_CS6Ve8_60bmXCtX7-9SwnP5UwLOsWF0p3Ujq5kXfTH9hyphenhyphenyfmUud5PR62WdZ2nHdXPM7Im5UbfHPW8GPSdOu1FEqcag_T5L_9e7p9Uw/s320/bram-stoker.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0in 0in 0pt; text-align: justify; text-indent: 0.5in;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span> </div>
</div>
Wnascimentohttp://www.blogger.com/profile/13944963347429240860noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7186252030239424182.post-83704969296691417472012-12-08T12:26:00.001-08:002012-12-08T12:29:45.657-08:00Resenha: O Ciclo – Volume 1: Despertar, de Wanessa Maciel<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_q36FA6s5ZV2hnA-hOMAhjMkVxP6LwCdfwuB2JylU4V1N7Iaa-HMFSphy2pi_U8UZkRGEkKO16MMw8Rz7hq9wRPDluV3CudN2Oij-vHYt0kV7p1rkoWhsXSeEjdoqXCec6s9-Hspm-No/s1600/Capa%5B1%5D+O+ciclo.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_q36FA6s5ZV2hnA-hOMAhjMkVxP6LwCdfwuB2JylU4V1N7Iaa-HMFSphy2pi_U8UZkRGEkKO16MMw8Rz7hq9wRPDluV3CudN2Oij-vHYt0kV7p1rkoWhsXSeEjdoqXCec6s9-Hspm-No/s320/Capa%5B1%5D+O+ciclo.JPG" width="212" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0in 0in 0pt; text-align: justify; text-indent: 0.5in;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR;"><span style="font-size: large;">É sempre interessante ver trabalhos que busquem explorar universos tão
pouco convencionais a fim de nos entreter com boas histórias fantásticas.
Fugindo dos elementos comuns, tais como mitologia grega, vampiros ou bruxos, “O
Ciclo”, da jovem Wanessa Maciel, nos traz uma saga de fantasia contemporânea onde
elementos da mitologia nórdica são incorporados à narrativa de forma bastante
didática, o que possibilita aos leigos no assunto, como eu, a se inserirem
nesta temática.<o:p></o:p></span></span></div>
<span style="font-size: large;"></span><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0in 0in 0pt; text-align: justify; text-indent: 0.5in;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR;"><span style="font-size: large;">Voltado para os jovens leitores, o livro respeita bem seu público, não
perdendo tempo com descrições exageradas ou diálogos mornos e pouco
construtivos. A jovem Roberta, ao se descobrir como herdeira de uma deusa
nórdica, vê seu mundo virar de pernas para o ar e sua rotina, que se situava
entre a faculdade de letras e a casa com a família aparentemente perfeita, muda
radicalmente, sendo inserida em uma trama de traições, segredos e troles que
investem pesadamente em arrancar sua vida.<o:p></o:p></span></span></div>
<span style="font-size: large;"></span><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0in 0in 0pt; text-align: justify; text-indent: 0.5in;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR;"><span style="font-size: large;">E o leitor não precisa esperar para que esses acontecimentos drásticos
logo invadam a vida de Freia, deusa da qual Roberta é regente, tornando as
páginas de “O Ciclo” ágeis e de fácil transição. É provável que, assim como eu,
outros sintam que o final ocorreu de forma um tanto quanto brusca, sem
necessariamente resolver dilemas fulcrais para o saudável encerramento do
primeiro volume. Todavia, como este é o primeiro de outros, este não é um
pecado mortal, mas que deve ser resolvido nos próximos volumes. Fica então, para
Wanessa, a motivação e, também, o desafio.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiyihh-BEUgVixaOkGQ7F7z5x-LUKX_-gQo6n4csRyZqaQJZjzLzC9hRnoMNiBc9KAMi28RAf9kjUPwt9rHntFhGjqyHkBwe9scHgB1NR5wFm7LQT4XygEy7WYClflOZXWWW4WOsgzQ7r8/s1600/Wanessa.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiyihh-BEUgVixaOkGQ7F7z5x-LUKX_-gQo6n4csRyZqaQJZjzLzC9hRnoMNiBc9KAMi28RAf9kjUPwt9rHntFhGjqyHkBwe9scHgB1NR5wFm7LQT4XygEy7WYClflOZXWWW4WOsgzQ7r8/s320/Wanessa.jpg" width="180" /></a></div>
</div>
Wnascimentohttp://www.blogger.com/profile/13944963347429240860noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7186252030239424182.post-24868695952637038712012-12-02T10:20:00.002-08:002012-12-02T10:21:28.391-08:00“Diário de um escritor” ou “Os dois lados da rotina na literatura”.<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7nFKuQmMXjrw3pIuLK_H5T8E-WkUDs93bB66ObPCYBv1X9Q51t6wpncC2FTgCzRlwZm6T9oFip3gMOkcs20KHbkVUgDhlmlnf5qGjvTuhbYGv_P2w19k05iMRCo9O6Du26kvGB6QNS8o/s1600/as-rotinas-do-dia-a-dia1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7nFKuQmMXjrw3pIuLK_H5T8E-WkUDs93bB66ObPCYBv1X9Q51t6wpncC2FTgCzRlwZm6T9oFip3gMOkcs20KHbkVUgDhlmlnf5qGjvTuhbYGv_P2w19k05iMRCo9O6Du26kvGB6QNS8o/s1600/as-rotinas-do-dia-a-dia1.jpg" /></a></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.28cm;">
É claro para todos que quanto mais fazemos alguma coisa, mais apto
nos tornamos a realizá-la. Mais nosso corpo e nossa mente se
acostumam a tarefa e menos nos sentimos cansados ou estressados por
conta disso. Sem dúvidas a prática leva a perfeição, todavia
quando falamos do hábito de escrita, deve haver um cuidado para que
esta “perfeição” não acabe por se tornar simplesmente rotina,
e, assim, comprometer a qualidade da obra em questão.</div>
<br />
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.28cm;">
Vocês já repararam como alguns autores <i>best seller</i>, em
especial aqueles que possuem dezenas de obras publicadas, começam a
se tornar repetitivos em seus trabalhos ao longo do tempo? Como se
chega a um ponto em que você, leitor, acostumado com o seu estilo,
acaba por prever acontecimentos, falas ou locais antes mesmo de
chegar às páginas equivalentes? Pois é, eu também percebo, de vez
em quando, isso. E pior, comecei a sentir isso quando eu mesmo
escrevia.</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1joyqiO905UxX3ksEQz9vFejN80l9ynRD-2VMzFMm6gxFvDp1g5ryudPVvgXq0B8buTmIjnt3gbNA-DovjCAKg8YIJ2TPJN-8QRiMNuWq9Isi0F9j6lT0o6jXuwT9laPxLELSP8ThhZw/s1600/Capa+Final+V1.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1joyqiO905UxX3ksEQz9vFejN80l9ynRD-2VMzFMm6gxFvDp1g5ryudPVvgXq0B8buTmIjnt3gbNA-DovjCAKg8YIJ2TPJN-8QRiMNuWq9Isi0F9j6lT0o6jXuwT9laPxLELSP8ThhZw/s200/Capa+Final+V1.JPG" width="151" /></a></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.28cm;">
<i>O Véu</i>, meu primeiro livro, foi um verdadeiro parto.
Necessitou de inúmeras revisões, pois eu nunca sabia como dar
continuidade a uma parágrafo, ou que palavras seriam melhor
empregadas para descrever alguma cena. Com isso, eu basicamente
escrevia e reescrevia várias vezes a mesma passagem até chegar a um
ponto em que considerasse o resultado minimamente satisfatório. No
fim, saiu. Mas não sem sacrifícios.</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlLxN_IsjjesS-kKV0rPUhqHlSUMuqPGXMxa_V6Xtvw0zogFhEPoJB6moz59h7WK-yvWBK0rnXUSg0JPSgeDDMlXXXmvd1BuI4blb2FV5gBWjXldgkABWdwMZa4R1e9QUbGZMn6N59LRE/s1600/Capa+Final+V2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"></a><br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhD9rmcNvRf8aURV-RjR05Wu6xHinZ7myHYwmv-EjdqIF1x0Ur1VEb00vVAwol3QZL2nCPAxLDbmhkfWTr2K8TaYLxIEpNczNMFKlys87k3L8anOlc3oEwBQ9S-jQdqj1V3fjF8aOGoD_4/s1600/Capa_-_De_Corpo_e_Alma.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhD9rmcNvRf8aURV-RjR05Wu6xHinZ7myHYwmv-EjdqIF1x0Ur1VEb00vVAwol3QZL2nCPAxLDbmhkfWTr2K8TaYLxIEpNczNMFKlys87k3L8anOlc3oEwBQ9S-jQdqj1V3fjF8aOGoD_4/s200/Capa_-_De_Corpo_e_Alma.JPG" width="132" /></a></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.28cm;">
Já <i>De Corpo e Alma</i> e segundo volume de <i>O Véu</i> -
respectivamente meu segundo e terceiro trabalhos – foram sendo
produzidos de forma mais natural. Aos poucos, eu ia me acostumando
com a prática, já sabia os recursos estilísticos, as figuras de
linguagem que melhor se encaixavam, e também já tinha maior
experiência em construir cenas de amor, comédia, drama ou suspense.</div>
<br />
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.28cm;">
O problema mesmo despontou quando escrevi <i>O Salto</i>. Meu último
trabalho finalizado e registrado. Esses quatro livros acima citados
foram escritos em um período de tempo muito curto, pois
corresponderam ao meu início na faculdade onde, além de ter mais
tempo livre, foi o período em que despertei para esta prática, onde
tive pela primeira vez o gosto pela escrita e que, por conta disso,
acabei por desenterrar todas as ideias que tinha guardadas desde os
tempos em que jogava RPG na adolescência e as lancei em documentos
de <i>word</i>.</div>
<br />
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.28cm;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlLxN_IsjjesS-kKV0rPUhqHlSUMuqPGXMxa_V6Xtvw0zogFhEPoJB6moz59h7WK-yvWBK0rnXUSg0JPSgeDDMlXXXmvd1BuI4blb2FV5gBWjXldgkABWdwMZa4R1e9QUbGZMn6N59LRE/s1600/Capa+Final+V2.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlLxN_IsjjesS-kKV0rPUhqHlSUMuqPGXMxa_V6Xtvw0zogFhEPoJB6moz59h7WK-yvWBK0rnXUSg0JPSgeDDMlXXXmvd1BuI4blb2FV5gBWjXldgkABWdwMZa4R1e9QUbGZMn6N59LRE/s200/Capa+Final+V2.jpg" width="151" /></a>E foi então que senti algo estranho ao concluir <i>O Salto</i>. Eu
não sabia o que era, mas havia algo de estranho, algo que me
incomodava e não sabia o que era. Eu simplesmente não sentia mais a
animação em passar pelas páginas para revisar, tal qual sentia ao
reler meus trabalhos anteriores. Foi então que a ficha caiu: eu
havia rotinizado minha escrita. Algumas passagens eram basicamente
iguais a outras que eu havia escrito antes, momentos de tensão,
alegria e reflexão estavam semelhantes aos de <i>O Véu</i> ou <i>De
Corpo e Alma</i> e eu estava me tornando repetitivo em minhas figuras
de linguagem.</div>
<br />
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.28cm;">
Enfim, foi o momento em que percebi que deveria parar e descansar um
pouco. As ideias continuaram vindo, mas seguir aquele ritmo acabaria
por me tornar aquilo que sempre detestei: um escritor <i>fordista</i>.</div>
<br />
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.28cm;">
Chamo de <i>fordistas</i> aqueles escritores que, trabalhando em
série, produzem várias obras cujas temáticas e os personagens
podem ser diferentes, mas as estruturas se mantém as mesmas.
Roteiros prontos, onde os momentos passam a ser completamente
previsíveis. E a menos que você seja um leitor muito pouco
exigente, chega a um ponto em que aqueles trabalhos não mais te
agradam, pois não conseguem mais atender a uma expectativa básica
de quem procura um bom livro: um gostinho de algo novo.</div>
<br />
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.28cm;">
E neste sentido, chega-se a uma faceta prejudicial da experiência.
Pois se por um lado ela lhe torna mais maduro naquilo que você faz,
esta também pode ser responsável por lhe tornar inerte em seu
ofício. Incapaz de fazer algo de diferente. Uma coisa que, quando
falamos de arte, é essencial.
</div>
<br />
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.28cm;">
Hoje, estou com um novo projeto, <i>Despertar</i>, que demorei para
iniciar simplesmente pelo fato de sentir medo de fazer apenas mais do
mesmo. Conversei até mesmo com meu editor, contando de minhas
dificuldades, e agora, quase dois anos depois de escrever meu último
livro, me sinto apto a continuar. <i>O Salto</i> está, até o
momento, engavetado. É um trabalho do qual gostei bastante, mas que
tenho que retornar a ele para ver se consigo tornar aquela boa ideia
em algo novo, original. Algo que me acenda a chama da euforia ao
terminar. Tal como aconteceu nos dois volumes de <i>O Véu</i>, como
se despontou em <i><span style="font-weight: normal;">De Corpo e Alm</span></i><i>a</i>,
e como está sendo agora em <i>Despertar</i>...</div>
</div>
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