Em um momento atual de recapitulação pude chegar à conclusão de que os
anos de 2011 e 2012 têm sido marcantes para a definição do meu ofício, pois
além de ler e escrever mais, também é neste momento que me inicio no mundo das
publicações. Em janeiro de 2011, saiu “De Corpo e Alma”, meu primeiro romance
publicado. Em junho do mesmo ano, minha primeira resenha crítica, acerca do
livro “A História Pensada”, no Caderno Universitário de História da minha
universidade. Em 2012, meu primeiro conto de terror está com publicação marcada
para este mês, pela editora Estronho, e também estreei no lançamento de artigos
acadêmicos com meu primeiro trabalho de história, também lançado pelo CUH. E
agora, com “O Véu” bem encaminhado e minha monografia de conclusão de curso
transitando bem, posso dizer que estes dois anos foram marcados por intensas
produções.
Sem dúvidas, estas foram produções muito diversas e que por muito tempo
me deixaram preocupado pelo fato de eu estar transitando por dois caminhos
distintos e que poderiam atrapalhar o progresso um do outro. Mas hoje, percebo
que este foi um ledo engano, pois não só foi e é possível conciliar as duas
vertentes como descobri que elas são mais convergentes do que antes podia supor.
E mais ainda, atualmente tenho a consciência de que se eu quiser ser um bom
historiador, preciso ser um bom escritor fantástico, e se eu quero ser um bom
escritor, preciso ser um historiador melhor.
Eu sei que a fantasia cuida das coisas da imaginação, enquanto a
história do mundo empírico. Todavia, esses dois mundos são mais próximos do que
consideramos possível. A fantasia depende da história, das coisas reais, do
mundo empírico para construir, ela própria, seu universo. É da nossa
existência, da nossa tradição, que tiramos a base para sermos capazes de
construir nossas próprias realidades alternativas. E a História depende da
fantasia, pois é só e somente só através dela que conseguimos acessar esse
tempo passado que nos é tão distante. A imaginação histórica, capaz de dar
sentido a um documento, um vaso ou qualquer outro fragmento de um tempo que passou.
Quando escrevo história, sou rigoroso, tenho uma metodologia própria a
seguir e um compromisso com aquele que vai ler meu texto. Quando escrevo
literatura, também. Com a ficção, minha imaginação pode alcançar voos mais
altos, mas é também esta mesma imaginação – em doses mais controladas - que
garante minha criatividade em pensar um objeto novo para pesquisas. Os homens
precisam de história para dar sentido às suas vidas, e precisam de literatura
para poder enxergá-la com mais cores. A história abre caminhos para se conceber
o passado, a literatura nos volta para o futuro. A história lida com o improvável,
a fantasia com o impossível. E todos esses trabalhos somente são possíveis de
serem realizados com imaginação.
Nesse sentido, fico feliz em saber que posso trilhar por dois caminhos
repletos de potenciais e utilizar uma de minhas maiores qualidades, a
criatividade, para tentar dar minha contribuição para este mundo. Sei que este
artigo está com cara de desabafo, e não de uma reflexão tal quais as postagens
a que estou acostumado a publicar no blog, contudo é este exatamente o meu
objetivo: dividir um pouco esta experiência.
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