Muito comum é a crítica feita ao império da internet, que consegue disponibilizar produtos variados de forma gratuita. O cinema já foi afetado, a música e, também, a literatura. Sites, blogs, programas de compartilhamento. São muitos os meios hoje da mídia digital de conseguir disponibilizar Livros, CDs, DVDs e outras produções culturais para o grande público. Mas vamos nos ater aqui apenas a literatura.
Atualmente, é muito grande o número de livros digitalizados e também é grande o número de editoras que reclamam desse fato, alegando que a internet estaria roubando seus clientes. Mas até que ponto essa informação seria verdadeira, ou, se for, como agir nesses tempos?
Concordo que o download de livros é muito comum hoje em dia. Eu mesmo já li vários em formato digital. Concordo também que ele oferece uma opção mais barata do que os onerosos originais impressos. Mas será verdade mesmo que os e-books são os grandes vilões e que é por culpa deles a pouca venda de livros no Brasil?
Pensemos um pouco. Acho que todos que gostam de ler tanto quanto eu irão concordar que o livro em papel tem seu valor. Pois sempre é melhor termos o livro impresso em nossas estantes, na nossa mesa de cabeceira, de forma que possamos recorrer a eles nos momentos que quisermos e desfrutar de sua agradável leitura em qualquer lugar, seja na cama, no banco da praça, no chão da sala, ou no banheiro. Enfim, as possibilidades são muitas, e que vão além do ficar sentado na frente do PC, numa cadeira muitas vezes desconfortável e recebendo a luminosidade do monitor que pode prejudicar a visão. Estou, por acaso, sendo exagerado? Acho que não.
Sem dúvida livros impressos são muito mais interessantes. E se eu tivesse condições, com certeza teria que me mudar de casa, pois a minha ficaria congestionada de tantos e tantos livros. Mesmo os que eu li no PC, pois gostaria de tê-los comigo para o caso de ter qualquer vontade súbita de relê-los, eles estarem acessíveis a mim. Mas então, qual seria o problema? Acho que eu já dei a dica, não é mesmo?
Posso parecer apologético em minha frase, porém não é essa a intenção. Mas uma coisa nós temos que concordar: o acesso à cultura melhorou muito por causa da pirataria. Livros, Filmes, Documentários... Tudo está mais fácil e acessível com a internet.
Agora pensem comigo: mas se os livros em papel são muito mais interessantes do que os e-books, os digitais seriam um empecilho a venda de impressos? Eu acho que não. Pelo menos não totalmente. Isso por que, para quem gosta mesmo de ler, o livro digital não é interessante se o outro estiver disponível. Mas os livros estão caros, limitados a uma parcela da população. Muitos não foram traduzidos para o nosso idioma. Assim, caso os queiramos, além de termos de nos virar na língua estrangeira, teremos de pagar preços exorbitantes devido à importação de um exemplar de outro país. Agora a lógica: Se você é uma pessoa que vive de um salário moderado, que tem família e não possui condições de comprar livros, por acaso será a falta de um e-book que vai incentivá-lo a comprar um numa livraria? É claro que não. Se você não tem condições de comprá-lo, não vai comprá-lo independente de ter ou não uma versão pirata. A única diferença será que você não vai lê-lo e pronto.
Agora, se você possui recursos para comprar, será que vai mesmo preferir ler em frente ao computador sujeito a todos os desconfortos que eu já citei, ou vai preferir uma versão mais cômoda? A resposta não é muito difícil.
O que limita o lucro das editoras é o pouco incentivo a leitura, os altos preços dos livros, e não a atuação dos e-books, pois estes, ao contrário, por mais que muitos não queiram ver, estão a incentivá-la. Isso mesmo. Os e-books incentivam a leitura. Pois eles a popularizam.
Aqui, por exemplo, vão alguns motivos do por que eu acho que os e-books ajudam a incentivar a leitura:
1. Tradução de títulos não disponíveis aqui no Brasil: Há muitos livros de autores estrangeiros que ainda não chamaram a atenção de nenhuma editora nacional e por isso não estão disponíveis em Português. É o caso, para citar exemplo meu, do Livro “Fallen” de Lauren Kate e da saga Romances de Clã, que começou a ser traduzido pela editora Devir, mas eles interromperam o processo. Eu não sei inglês e se não fosse pela atuação de tradutores on-line, jamais os poderia ler.
2. Incentivo a tradução: Partindo da observação anterior, a tradução de livros digitais também ajuda a divulgar os livros de um autor em diferentes países e também o trabalho voluntário de leitores que, conhecendo outra língua e querendo praticá-la, ou então, futuros tradutores de livros. È uma forma desses grupos de futuros tradutores, exercerem seu trabalho e ganhar experiência.
3. Divulgação de um trabalho. Por mais que um autor não ganhe lucros monetários com a venda de e-books – lucros esses que ele não ganharia de nenhuma forma, visto que, como eu já disse, quem não tem dinheiro para comprar um livro impresso não vai comprar de modo algum – o autor pode ganhar prestígio e renome o que o ajuda na divulgação de seu trabalho, seja ele aquele que foi digitalizado, seja um próximo. Paulo Coelho mesmo é um exemplo. Pois o autor criou um site –
Pirate Coelho – e nele disponibilizou todos os seus livros para livre download, pedindo unicamente para que seus leitores comprem o original impresso se gostarem, ou, se não puderem, apenas passá-lo adiante, como um trabalho social. E o que o autor nos conta é que as vendas de seus livros só aumentaram depois dessa tomada de decisão.
E para encerrar a minha forma de pensar, eu gostaria de chamar a atenção para um exemplo que comprova o que eu estou dizendo. Vamos pensar nas duas maiores sagas dos últimos tempos: “Harry Potter” e “Crepúsculo”. Ambas são sagas mundialmente conhecidas e que geraram para suas autoras grandes quantias de dinheiro. Agora falemos sinceramente: existem livros que foram mais pirateados do que esses dois? E por acaso vemos Stephanie Meyer ou J. K. Rowling chorando miséria de alguma forma? E por acaso a Rocco ou a Intrínseca deixaram de ganhar dinheiro com isso? Lógico que não, mas o que aconteceu foi exatamente o oposto e, seguindo a linha de divulgação, mais e mais pessoas leram essas duas sagas e com isso, mais e mais pessoas comentaram sobre elas e propaganda é a alma do negócio.
O sétimo livro mesmo da Saga Harry Potter chegou ao Brasil semanas antes de estrear nas livrarias e muitas pessoas leram a versão digital, pois não agüentava de ansiedade. E muitas dessas mesmas pessoas que leram, compraram a versão impressa e quando não, puderam dizer, sem sombra de dúvidas: “Ele é foda!” Pronto. Isso já ajudou bastante na divulgação.
Resumindo minha forma de pensar. Acredito que não adianta lutar contra a internet, pois ela veio para ficar. Eu mesmo hoje, se tivesse me batido um arrependimento de ter disponibilizado “O Véu” para download, nada mais poderia fazer, pois seria impossível, na altura do campeonato, retirá-lo, visto os inúmeros blogs e sites que o estão divulgado e também disponibilizando para download... Ah, e só para constar, muito obrigado aos que estão divulgando e disponibilizando meu livro. Continuem divulgando e lendo, pois esse é o mais importante. Rsrs : ).
Enfim, os e-books podem ser amigos ou inimigos. Basta você saber como usá-los