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terça-feira, 3 de julho de 2012

Resenha: O morro dos ventos uivantes, de Emily Bronte


Ainda não tive a oportunidade de testemunhar alguém que pudesse contar uma história capaz de mesclar amor e ódio de forma tão bela quanto Emily Bronte. “O morro dos ventos uivantes” é sem dúvidas um trabalho genial, com personagens dos mais diversos tons, capazes de nos comover tanto pelas suas virtudes quanto por seus vícios. As histórias de amor, apesar de agressivas, conturbadas, mechem com o leitor e eu fiquei completamente perdido sem saber para quem torcer e como deveria ser o final apropriado para a obra.
O livro se empenha em contar a desgraça da família Earnshaw, que após adotar um jovem filho de ciganos tem suas vidas gradativamente modificadas. A história nos é em grande parte narrada através da governanta da família, a senhora Ellen Dean, que recebe um viajante em uma das casas da família de Heathcliff (o garoto cigano que consegue tomar para si todas as posses da família que o adotou) e resolve lhes contar a saga de Catherine e seu patrão. Seus encontros e desencontros, tensões e afetos.
Heathcliff é sem dúvidas um personagem rico do ponto de vista literário, capaz de despertar no leitor amores e ódios tão intensos que o livro sangra de tanta paixão. Ele não é herói, também não é vilão, não é vitima, mas também não é simplesmente algoz. Heathcliff transita entre os dois polos de forma magistral, carregando a amargura e a dor de sua história de formas tão intrínsecas em seu ser que o leitor, por mais que apresentado a suas maldades, não consegue desprezá-lo por completo.
A narrativa do livro é densa. O primeiro capítulo é uma verdadeira prova de fogo, que exige do apreciador paciência para se acostumar com a forma de enredo de Bronte. Todavia, passando assim as primeiras páginas, o aventureiro poderá ir se adaptando a dureza do trabalho e com certeza apreciará o resultado. Recomendo fortemente este livro, um clássico que durante um tempo ficou esquecido, mas que renasceu ao grande público graças aos romances de Meyer. Quem diria que “Crepúsculo” nos traria algo de tão importante?

2 comentários:

  1. Parabéns pela resenha Willian! Já li O Morro dos Ventos Uivantes e amei! É um dos meus livros favoritos! Abraços!

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  2. Olá,
    não gosto da saga "Crepúsculo' muito politicamente correta, mas tenho que reconhecer que fez a molecada ler uns classicos onde se destaca O Morro dos Ventos Uivantes, só espero que a partir daí eles partam para Machado, Cervantes ou Guimarães Rosa...
    abs
    Jussara

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