Ainda não tive a oportunidade de testemunhar alguém que pudesse
contar uma história capaz de mesclar amor e ódio de forma tão bela
quanto Emily Bronte. “O morro dos ventos uivantes” é sem dúvidas
um trabalho genial, com personagens dos mais diversos tons, capazes
de nos comover tanto pelas suas virtudes quanto por seus vícios. As
histórias de amor, apesar de agressivas, conturbadas, mechem com o
leitor e eu fiquei completamente perdido sem saber para quem torcer e
como deveria ser o final apropriado para a obra.
O livro se empenha em contar a desgraça da família Earnshaw, que
após adotar um jovem filho de ciganos tem suas vidas gradativamente
modificadas. A história nos é em grande parte narrada através da
governanta da família, a senhora Ellen Dean, que recebe um viajante
em uma das casas da família de Heathcliff (o garoto cigano que
consegue tomar para si todas as posses da família que o adotou) e
resolve lhes contar a saga de Catherine e seu patrão. Seus encontros
e desencontros, tensões e afetos.
Heathcliff é sem dúvidas um
personagem rico do ponto de vista literário, capaz de despertar no
leitor amores e ódios tão intensos que o livro sangra de tanta
paixão. Ele não é herói, também não é vilão, não é vitima,
mas também não é simplesmente algoz. Heathcliff transita entre os
dois polos de forma magistral, carregando a amargura e a dor de sua
história de formas tão intrínsecas em seu ser que o leitor, por
mais que apresentado a suas maldades, não consegue desprezá-lo por
completo.
A narrativa do livro é densa. O
primeiro capítulo é uma verdadeira prova de fogo, que exige do
apreciador paciência para se acostumar com a forma de enredo de
Bronte. Todavia, passando assim as primeiras páginas, o aventureiro
poderá ir se adaptando a dureza do trabalho e com certeza apreciará
o resultado. Recomendo fortemente este livro, um clássico que
durante um tempo ficou esquecido, mas que renasceu ao grande público
graças aos romances de Meyer. Quem diria que “Crepúsculo” nos
traria algo de tão importante?
Parabéns pela resenha Willian! Já li O Morro dos Ventos Uivantes e amei! É um dos meus livros favoritos! Abraços!
ResponderExcluirOlá,
ResponderExcluirnão gosto da saga "Crepúsculo' muito politicamente correta, mas tenho que reconhecer que fez a molecada ler uns classicos onde se destaca O Morro dos Ventos Uivantes, só espero que a partir daí eles partam para Machado, Cervantes ou Guimarães Rosa...
abs
Jussara