O caso ocorrido com as declarações da
filha de Silvio Santos é realmente muito interessante, pois apesar de toda a
polêmica causada (em parte justa, outra não), creio que a posição defendida por
Patrícia Abravanel é a mesma de uma parcela significativa de nossa atual
sociedade: a dos “tolerantes”.
O termo tolerante nunca me agradou muito
quando aplicado em determinadas situações, pois ele denota uma certa relação
entre certo e errado que não acho cabível em questões como orientação sexual, gênero,
racial ou religiosa. Afinal, você só é capaz de tolerar aquilo que, no fundo,
considera errado. A tolerância nada mais é do que discordar de uma coisa e
ainda assim ser capaz de conviver com ela. Salvo, é claro, certos limites.
Nesse caso, quando ela fala que não é
contra o “homossexualismo”, mas que não acha normal, creio que ela reflete sim
a opinião de muitas pessoas. Pessoas tolerantes que aceitam que exista homens e
mulheres homossexuais, mas não desejariam isso para seus filhos. Ou, que
concordem que eles possam morar juntos, mas não com o casamento entre iguais.
Que toleram que existem pessoas que se relacionem com o mesmo sexo, desde que as
famílias normais não sejam obrigadas a conviver com isso, seja vendo na televisão
ou com demonstração públicas de afeto.
Enquanto não retirarmos essa visão “heterocentrica”
de nossa sociedade, não vamos parar de olhar a questão da orientação sexual por
fora do embate do certo contra o errado. Onde temos o caminho correto e os
desvios. Nessa ótica o máximo que poderemos ter é uma sociedade “tolerante”,
que ainda enxerga como erro, mas engole o sapo. O que não é saudável. “MAS”, se
formos lembrar que vivemos em uma sociedade onde pai e filho são agredidos na
rua por serem confundidos com um casal, ou onde um político claramente homofóbico
é eleito com a maior votação de sua região, então tolerância já é alguma coisa.
Longe do ideal, mas alguma coisa.
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