A literatura fantástica é considerada por alguns como um instrumento alienante da sociedade. Ela nos divertiria dos problemas da sociedade e nos afastaria de uma posição crítica quanto aos males do mundo. Acho que já discuti muito minha posição contrária a essa tese, alegando que ela (a fantasia) nem sempre aliena e muitas vezes, pode ser usada como forma de se fazer uma crítica de uma realidade. Então, não vou mais me demorar sobre essa parte da questão
O que será meu objetivo neste ensaio é o outro lado da moeda. Pois a verdade é que eu reconheço sim um poder alienante na fantasia. Uma válvula de escape de uma realidade. Porém, encarar essa característica como algo negativo, não me parece ser o mais correto. Antes de tudo, acho que uma justa medida entre realidade e ficção, não faz mal a ninguém e, em muitos casos, é absolutamente necessária.
Acho que vocês já devem ter percebido que eu sou um fã alucinado da série americana “Os Simpsons”, não é mesmo? Então utilizarei de um episódio para mediar essa questão. O episódio específico que irei analisar é o da segunda temporada intitulado “Lisa Tristonha”. Nesse episódio, após passar por uma “crise de verdades”, Lisa começa a pensar demasiadamente nas questões do mundo: seus problemas, seus medos, suas tendências desastrosas. E o resultado disso não pode ser outro que não aquele que leva ao título do episódio: ela se deprime.
De fato, nosso mundo não é perfeito. Na verdade, ele está muito longe de o ser. E eu acredito sim que devamos trabalhar para melhorá-lo. Para de alguma forma, tentar fazer a diferença, cada um com uma pequena parte, para que no todo possamos mudar isso. Porém, também defendo que, além de uma responsabilidade para com o mundo, também devemos ter responsabilidades para com nós mesmos. Pois uma pessoa infeliz, jamais será capaz de fazer um mundo mais alegre.
Nesse sentido, entre os trabalhos do dia a dia e entre as reflexões a cerca das situações que o cercam, todos nós, sem distinção, merecemos sim um tempo para nós, para nos desestabilizarmos dos problemas e nos estabilizarmos em nossas próprias reflexões. Arejar e mente e nos dar o direito de ter o prazer de viver.
No episódio citado, isso é bem mostrado ao final, pois é quando Lisa encontra sua válvula de escape. Sua fonte de alienação: que é o saxofone. Alguns irão pensar, “mas o saxofone é uma forma de arte, uma maneira que Lisa tem de se tornar mais erudita”. “Então ele seria um trabalho, uma forma de ela crescer”. Sim, concordo. Mas a arte também é uma forma de alienação. Pois ela desestabiliza uma pessoa do mundo em que vive, e da faz pensar de foram diferente, proporcionando a possibilidade dela de enxergar novos horizontes.
O prazer gerado pela arte é muito positivo. Mas não é o único. Também podemos tirar prazer de outras formas: nos esportes, nas brincadeiras, nas festas, ou apenas estando sentados sozinhos e deixando a mente divagar. São muitas as formas de se alienar.
E falando agora especificamente da literatura fantástica, eu a considero, sem nenhum favoritismo, uma das melhores formas de se alienar. Pois ela permite ao ser humano se desgarrar quase que completamente do mundo, e desconstruir tudo o que ele vê de possível, e fazê-lo pensar em novas e novas chances, novas possibilidades. Permite a ele treinar aquilo que o diferencia de qualquer outro ser vivo: a imaginação.
Então, eu defendo sim a fantasia em seu caráter alienante, pois ele é necessário para qualquer ser vivo poder viver. Poder ter um tempo para si mesmo.
É claro que, como eu falei antes, devemos saber dar uma justa medida. Não acho certo tomarmos a saída dos covardes e fugir de nossas responsabilidades e do mundo por completo, mas sim que em determinados momentos temos de nos permitir sermos alienados. Temos de nos dar a chance de simplesmente pensarmos apenas em nós mesmos e naquilo que nos dá prazer.
Então, leia sim um bom livro de ficção. Assista a um filme que não tenha uma intenção política propriamente estipulada. Também leia um blog de um cara chato que gosta de discutir e de problematizar tudo (He He). São formas que nós temos de darmos um tempo para nós mesmos e de pensarmos melhor. É o ócio produtivo que é necessário para qualquer um. Seja alguém que necessita se conservar para depois regressar a uma maratona de trabalho, seja para aquele que precisa estar sempre pensando.
Oii
ResponderExcluirTem 2 Selinhos pr vc no meu Blog!
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Olá... muito bacana seu blog... e vou ler seu livro... Parece ser muito bom!!!
ResponderExcluirestou te seguindo para acompanhar seu trabalho...
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Beijos e Parabéns!
Obrigado Dani. Pela dica e pelo prestígio. ^^ Beijão!
ResponderExcluirAlbert Einstein (já ouviu falar desse cara?) já dizia que todos devem distrair suas mentes, pois ninguém aguenta, com boa saúde, pensar em coisas sérias, estudar, enfim, NÃO se divertir o tempo todo.
ResponderExcluirNão que não seja possível se divertir estudando, tem gente que consegue, eu chego lá um dia. huahua
Sair da realidade de vez em quando é bom, não problematizar o tempo todo. Isso nos dá vazão para encararmos novos desafios, pois nos dá tempo para organizarmos nossas ideias.
Dormir bem também ajuda, afinal não pensamos enquanto dormimos, apenas aprendemos.
E quem não ouviu falar de Einstein? ^^ rs
ResponderExcluirDe fato, concordo com ele. E sim, é possível se divertir estudando, ou até mesmo trabalhando, desde que se faça o que gosta. Aquele que consegue conciliar prazer e ofício é sem dúvida uma criatura abençoada.
Abração Luan
Acho que a grande questão é o equilíbro... Você citou vários exemplos de alienação, e nem sequer citou o futebol por exemplo... Que tem cara que faz do futebol sua vida e talz...
ResponderExcluirAcho que tudo que se vive de forma exagerada, sem controle, é nocivo... Devemos sim desfrutar de tudo (até da maravilhosa literatura fantástica) com equilibrio e talz... E não só a LF, mas tembém jogos, amor, esporte e até a propria realidade! Até pq como diz minha querida vozinha: "tudo demais é veneno!"
Putz, não é que eu esqueci do futebol? rs Desculpa. Não é preconceio não. É que eu acabei esquecendo mesmo. Assim como esqueci das novelas e tudo mais. rsrsrsrsr
ResponderExcluir"Tudo demais é veneno". Assino embaixo. rsrsrs
Valeu mesmo FAcundo. Você andava sumido, hein?
Abração!