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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Resenha: Jarbas, de André Bozzetto Jr.


Em uma era onde as figuras de nossos pesadelos do passado se transformam em personagens andróginas de romances adolescentes, encontrar um livro como “Jarbas” nos enche de espanto e agradável nostalgia. Recheado de muita tensão, violência e crueldade, o trabalho de André Bozzetto Jr. garante ao leitor bons momentos de frisson e adrenalina, permeados de aventuras noturnas em um mundo perigoso e decadente, no melhor estilo punk & gótico.

Jarbas é um jovem de classe média, cuja natureza bestial precede em muito sua transformação em lobisomem. Entregue a sua natureza animalesca como talvez nenhum outro licantropo se tenha permitido, este jovem vaga pelas noites deixando para trás trilhas de sangue, violação e profundo terror. Seu nome, conhecido e temido por humanos e outros seres sobrenaturais, passa a ser palavra chave nas principais caçadas noturnas.

Os personagens de “Jarbas” são, em geral, frios. Pessoas sofridas que se tornam endurecidas pelas experiências traumáticas de suas vidas. Existem aqueles ainda que tentam conservar a inocência, todavia estes são os primeiros a serem engolidos pela natureza selvagem própria deste romance de Bozzetto.

Do ponto de vista estilístico, este é um trabalho bastante interessante, onde a história do jovem lobisomem é conta através de inúmeros recursos. Em alguns momentos, temos a narrativa imparcial em terceira pessoa, em outros o relato vivo de suas vítimas. É provável que alguns leitores percebam pouca diferença entre os tons dos relatos, deixando a escrita muito uniforme. Contudo, escrever diferentes relatos, onde cada um deles expressa a experiência de uma personagens específica, carregada de suas singularidades psicológicas e seus vícios de linguagens não é um tarefa fácil. E André, sem dúvidas, não faz feio em sua empreitada.

Em suma, o que tenho a dizer de “Jarbas” é que este é um livro altamente recomendado. Ele não está comprometido em fornecer grandes momentos de reflexão, mas se propõe a garantir fortes emoções e aventuras dignas dos estômagos mais fortes. E para leitores com saudade dos antigos monstros, este é um prato cheio.
 

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