Certa vez, eu estava discutindo com uma amiga virtual no site Skoob sobre um tema bastante interessante. Conversando sobre a grande obra de J. K. Rowling, – Harry Potter – puxamos um assunto sobre o possível casal – que ficou apenas nas esferas da possibilidade – Hermione e Harry. Assim como eu, minha colega – de codinome Skylion85 – também percebeu naqueles dois um casal em potencial. E apesar de não ter minhas perspectivas atendidas, não me incomodei de todo o modo, mas me senti tentando a me por para pensar quando Skylion85 me falou de uma declaração da autora sobre o caso, onde ela disse que, desde o começo a séria, já havia dado dicas de que Rony e Hermione eram um futuro casal e que o quem acreditasse no Shipper Harry/Hermione, devia voltar para ler o livro. E foi com essa declaração – retirada do blog Conteúdo Potterish - que eu me fiz a questão: até onde o autor pode garantir que sua mensagem seja entendida?
Engraçado que eu mesmo nunca vi, em nenhum dos cinco livros, indícios de que Hermione e Rony pudessem ficar juntos – embora eles gostassem de implicar um com o outro o que é um sinal claro de futuros casais em romances clichês, mas sinceramente não imaginei que a autora fosse enveredar por esse caminho. Provavelmente eu vou re-ler a série, pois gosto muito do trabalho da britânica, e, quem sabe, com um olhar mais direcionado pela autora, consiga enxergar os sinais. Mas o que me intrigou foi justamente essa declaração de Rowling, porque, se de fato ela havia dados tantos sinais como havia dito, por que alguns leitores – onde eu me incluo – insistem em olhar para o outro lado?
Basicamente, eu só consegui chegar a uma resposta possível: pessoas diferentes lêem de forma diferente. E o motivo pelo qual me interessei nesse assunto, em particular, remete à muitas outras questões que me acompanharam durante a vida e que me levaram a pensar a coisa dessa forma.
A primeira, talvez, tenha sido meu trauma com provas de interpretação de texto. Apesar de eu sempre ir bem nesse tipo de avaliação, sempre houve aquelas questões que eu errava e durante toda minha vida acadêmica me questionei do por que meu ponto havia sido descontado na nota final. E nenhuma resposta plausível me vinha, pois, ao contrário de matérias como a Matemática – aonde existem formulas e contas – ou a História – em que há os documentos – que provam que você está errado, uma prova de interpretação se torna muito difícil de justificar um ponto perdido e acaba ficando para o aluno a única explicação plausível de se conformar com o fato de que o professor sabe mais que ele.
Talvez um exemplo clássico sobre onde estou querendo chegar seja o poema de Carlos Drummond de Andrade – “No meio do caminho” - onde, mesmo que o próprio autor tenha declarado que a pedra não significasse nada em especial, não conseguiu fazer com que vários leitores tivessem a sensação que há havia algo de mais naqueles versos. Alguma mensagem escondida entre as palavras.
E esse exemplo também aconteceu muitas vezes comigo, quando enquanto narrava as aventuras de RPG para meus amigos de minha rua. Em vários momentos da trama eu me deparava com o complicado momento em que, mesmo tendo dado todos os indícios possíveis para que levassem os jogadores seguissem por uma direção, era confrontado com a opinião e os argumentos de algum personagem que havia formulado uma nova interpretação, olhando as coisas por outro ângulo. E confesso que muitas vezes a interpretação alternativa se mostrava melhor que minha própria idéia original. E diante desses momentos, havia a grande questão: seguir o público ou a mim mesmo.
Nesses momentos, eu não podia deixar de pensar na obra de Machado de Assis, “Dom Casmurro”, e na discussão sobre a traição Capitu. A idéia que vou dar aqui pode gerar polêmica, mas eu acredito sinceramente que, assim como Bentinho diz, a idéia do autor foi a de que Capitu de fato o traiu, pois, analisando o movimento Realista brasileiro, percebemos nas obras como a traição e a dissimulação eram temas bastante abordados e como a visão realista descrevia o ser humano como uma criatura falsa. Mas enfim, acredito até mesmo que, depois de lançado o livro, quando algum fã viesse a perguntar à Machado: “E então, Capitu traiu ou não Bentinho?” o autor tenha pensado: “Mas isso não é óbvio?”. Mas não é. Cada leitor vai interpretar essa história de maneira diferente. Não se tem como evitar isso. E, muitas vezes, a especulação em torno de uma obra pode sair melhor do que a idéia original, tornando-a imortalizada.
Resumindo, na minha forma de pensar, acredito que não importe o que um escritor diga, pois, durante o caminho em que a mensagem percorre da caneta do autor até os olhos do leitor, ela se distorce, modifica, sofre reformas e, ao contrário de ser algo ruim, acredito que isso é o melhor, pois é essa heterogeneidade de interpretações que permite a uma obra sobreviver em diferentes meios e tempos. Então, pouco importa se uma pedra signifique ou não alguma coisa, ou se houve traição ou não, ou até se Hermione ficaria melhor com Harry ou Rony. O importante é saber que o leitor não é passivo. Sua interpretação não está sujeita unicamente a vontade do autor. Ele não é uma marionete e é justamente esse conflito de pontos de vista entre autor e leitor que da vida a uma obra literária. Então, se você errar uma questão de interpretação de texto, não pense que você é simplesmente burro e sim, que você e seu mentor têm pontos de vista diferente.
W. Nascimento,
ResponderExcluirÉ interessante a sua indagação: "até que ponto um autor consegue fazer entender a sua mensagem?". Recentemente, um poema meu (Despalavra Sensentimental, que, como outros textos meus, você pode ler no http://literaturaerrante.blogspot.com/ ) gerou um rebuliço inesperado, porque algumas pessoas começaram a pensar que eu estava com tendências suicidas, e que este poema seria aquele último aviso. Não. Eu não poderia estar melhor, por que, então, pensaria em suicídio? É arte, e só. Para não estender demais, cometerei o inconveniente de indicar mais um texto meu, minha crônica "Sem Amarras", também no meu blog.
Mas, no fim, eu posso garanti-lo que é isso que faz a arte ser tão interessante. Às vezes mais, às vezes menos, não importa a intensidade disto (se um RPG ou uma crônica, exemplos dos dois extremos), a obra de arte é sempre de criação coletiva.
Sobre o polígono amoroso de Harry, Hermione, Rony e companhia, acho que a gente sempre espera (deseja, mesmo) o melhor para o protagonista, não é? E, há algo melhor para Harry do que Hermione? Não me ocorre uma resposta, no momento.
Já sobre Capitu... acho, mesmo, que Machado de Assis estava à frente de seu tempo. Para todos, na época, era óbvio que houvera traição. Ele não chegou a ouvir a famosa indagação, porque, quando ela surgiu, ele já havia morrido. Mas, sou capaz de imaginar um riso de canto de boca, de satisfação ou de desgosto, por ninguém ter percebido as sutilezas de sua obra mais comentada. Acredito que não houve traição, que Bentinho ficou neurótico, tornou-se, mesmo um Dom Casmurro. Mas, como saber, não é?
Só para concluir, gosto bastante de literatura fantástica, e já estou separando um tempo (estou praticamente sem internet) para ler o seu livro. Mas, eu, pessoalmente, estou apenas iniciando nesta área, com um conto de atualizações semanais, sobre um vampiro chamado Emílio. Você, que é mais escolado no gênero, me daria a honra de acompanhar esta minha aventura? (link, também, em meu blog)
Abraços, companheiro!
Sinceramente, seu blog é bastante interessante. Meus parabéns. Li seu poema, "Despalavra sentimental" e gostei muito. Adorei o jogo com as diferentes linguas que, na minha opinião, demonstrou muito bem como as vezes as palavras são falhas na hora de se fazer entender.
ResponderExcluirAbração cara. Considere-se linkado. rs
Oi Pessoal
ResponderExcluirMuito bom o blog!!!
Td fui ao blog do Pablo e amei todos os seus POEMAS!!
Eram muito giros, sinceros e verdadeiros!!!
Aconselho a visitarem o blog!
=)
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Bj
Wil kara a sua analise foi incrivel eu adorei, adorei quando vc falou de rpg, mas eu acrescentaria uma história minha nessa analise a alguns anos o meu ex grupo de teatro apresentou uma peça chamado Humanos? eu que fazemos um retrospectiva de diversas crueldades na história humana e tambem de critica de certos temperamentos e o meu personagem a primeira cena dele é meio q um alivio comico, ele entra em cena carregando a bagagem de todos e fazendo brincadeiras, alguns dias depois da primeira apresentação nos estavamos fazendo uma analise e retrospectiva da peça e um dos colegas foi e disse q um dos parentes dele fez uma analise dessa cena em particular dando um sentido a ela q nunca foi nossa intenção, ele observou como o meu personagem era levado a ser subjugado pelos outros sendo deixado p traz carregando as bagagens.
ResponderExcluirQueria no entanto quanto ao caso Hermi/Rony/Harry dizer que eu vejo o q ela quer dizer com o primeiro livro; veja Hermi é sempre mostrada no inicio como uma garota altoconfiante, segura de sua capacidade e superior a opnião dos outros sobre ela, mas quando no dia das bruxas Rony fala mal dela ela passa o dia todo trancado dentro do banheiro chorando, claro q em parte o q ele disse deve ter afetado ela, mas sera q ela ali ja não mostra uma queda por ela e pense em Rony ele sempre se monstra meio ignorante, não se importando se é indelicado com ninguem as veses até parece q ele não entende o conceito de delicadesa e só sente culpa de ter feito algo ruim quando é com alguem q ele gosta, mas durante o dia ele se sente desconfortavel por ter sido rude, mas só um pouco. E Harry qual é a descrição q ele faz inicialmente dela olhe no livro é sempre de uma garota bem feia, ela não é o tipo dele definitivamente e no trem quando od trez ficam juntos pela primeira vez Hermi ta falando com Harry Potter o garoto lendario q ela leu em livros (objetos sagrados p ela)e ela quase não fala com ele, mas passa mais tempo conversando com rony. A meu ver essas são as pistas obvias de J.K. no entanto eu entendo o pq pessoas veem um possivel casal ai eles sempre foram muito procimos e leais um ao outro, mais q Rony com Harry, mas minha opnião sempre foi a de Harry no 7º eles sempre se viram como irmãos; eu diria até como Hermi é muito maternal ela acaba sendo muitas vezes meio q mãe do Harry tb. Vlw
ass: André (o kara do orkut q tu falou "vc ja acabou fiquei chocado" o teu livro em dois dias lembra/ é eu sou uma traça eu leio compulsivamente kkkkkkkkkkk)
rsrsrsr
ResponderExcluirMe lembro de tu sim. E gostei do seu comentário. O seu exemplo só prova mais uma vez que não tem como nós controlarmos o que o público ou leitor ira pensar. Sobre o caso da Hermione/Rony/Harry, quando eu ler novamente a série - o que pretendo fazer em breve - vou me atentar a esses detalhes. Valeu mesmo André.
Ha eu como Pottermaniaca, sempre soube que era Hermione e Rony, no propria em algumas cenas da pra perceber os dois. Harry amo verdadeiramente hermione, isso é fato, mais é um amor sincero e puro, um amor que so um amizade verdadeira tem... E é isso qe eles sao amigos.
ResponderExcluirPS: Adorei seu blog, parabens!
*no proprio filme* ( nos livros fica mais claro, principalmente em calice de fogo e no enigma do principe. *-*
ResponderExcluirÉ de fato interessante a sua abordagem nesse tema, eu como leitora as vezes me sinto injustiçada (já que entro de corpo e alma nos personagens que leio, tentando entender conflitos, idéias, atos).
ResponderExcluirJá li a série toda de Harry Potter e vi sim indícios de um romance entre Hermione e Rony. Mas como sabiamente você disse, cada leitor lê com os olhos que tem.
Pra mim, a pedra de Carlos Drummond, tem um significado conotativo de 'não pedra', mas é o que eu acho, rs.
Pra mim, Capitu não traiu Bentinho, eu sei que como você disse pela época que o livro foi escrito, dava-se a entender isso. Mas eu imagino a mesma, como apaixonada... e que ela não faria isso com o amigo dele.
Mas por fim, gostaria de dizer que você escreve muito bem, e que terei muito prazer em ler sua obra.
:)
Puxa, tô começando a achar que só eu que fui cego e não vi nada. rrsrsrs Talvez a minha tese esteja errada e as pessoas leiam igual, só eu que tenho a cabeça fora do lugar. :) rsrs Kaô.
ResponderExcluirMas também concordo com a Dany, e acho que a pedra tem um significado a mais, pois, caso contrárío, seria um poema muito fraco, pouco didno de Carlos Drummond de Andrade.
Obrigado pelos comentários. Beijão
Oi
ResponderExcluirTd bem?
Vim desejar-vos a todos um feliz DIA-DOS-NAMORADOS (espero que todos já encontraram a sua outra metade..), um óptimo CARNAVAL, com muita diversão, festa e tudo que se pode querer!! Aproveitem essas MíNI-FÉRIAS para relaxarem da escola/ trabalho!!
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