Fantasia — 1. Imaginação. 2. Obra ou Criação da Imaginação (Aurélio — Dicionário de língua portuguesa).
O dicionário de língua portuguesa aponta que Fantasia é tudo aquilo criado pela imaginação humana. Sendo assim, entendemos como Fantasia tudo aquilo que uma mente criadora pode fabricar. Tudo aquilo que é construído pela imaginação. Nesse caso, podemos dizer que a fantasia vai muito além da arte. Ela é mais que literatura, desenho, cinematografia. Arrisco até a dizer que ela está em tudo. No nosso dia a dia.
A fantasia está presente em tudo o que o ser humano é capaz de pensar antes de fazer. Capaz de idealizar antes de constatar. E também, capaz de criar antes de existir. Foi uma fantasia, ou seja, uma imaginação criadora que pôde ver uma máquina voadora cruzar os céus antes que o primeiro avião fosse inventado. Foi a fantasia de se imaginar um aparelho que pudesse realizar a comunicação entre pessoas à longa distância instantaneamente que teve de existir antes que o primeiro telefone fosse inventado. O mundo é uma criação, mas só é possível se criar se pudermos fantasiar.
A ciência precisa da fantasia. Precisa começar a partir dos mitos para chegar aos fatos. Tem que haver especulação antes de haver provas. Tem que existir hipótese para se forjar a teoria, e assim chegar até a experiência que vai provar tudo. O primeiro passo é criar. O segundo, construir.
E assim ocorre na literatura fantástica. Assim ocorre na arte em si. Mas o que leva então a uma hipótese científica a valer mais do que um mundo fantástico criado na literatura? Por que, ainda hoje, existem pessoas que menosprezam a criação fantástica, mas aceitam tão facilmente a criação científica?
Muitos deveram dizer: “Por que a ciência nos oferece fatos, provas, raciocínio lógico, enquanto a fantasia trabalha com as superstições”. Mas agora eu pergunto: “Provas para quem?” “Fatos para quem?” O fato é que acreditamos na ciência moderna, isso por que é ela quem nos dá as respostas para o mundo e tudo o que não vem dela é mera crendice. Mas eu pergunto: “Não seria também a ciência uma crendice?” Não pensemos nos cientistas e sim em nós mesmos, cidadãos comuns. A ciência para nós é um fato ou uma crendice? Fazendo minhas as palavras de Ian — “O Véu” — acho que teríamos de fazer a pergunta: “Será que tudo em que acredito, eu posso provar?”
“A terra gira em torno do sol”. É um fato científico, sim, todos sabemos, todos aprendemos na escola, todos repetimos e absorvermos isso sem contestar. Mas quantos de nós já tivemos a oportunidade de irmos a um telescópio e tirarmos, nos mesmos, essas conclusões. “Toda matéria é composta por partículas microscópicas indivisíveis chamadas Átomos”. Outro fato, mas quantos de nós podemos provar isso? Não podemos ver esses tais Átomos de que nos falam, mas acreditamos neles, não é?
Senso Comum. Aquilo que todos acreditam por que todos acreditam. Eu sei que isso é assim, por que meu vizinho também acredita. Por que todos em minha cidade acreditam. Então por que eu serei diferente? O ser humano jamais vai conseguir provar tudo em que acredita. Até por que, se um de nós quiser tentar, não vai viver e vai passar o resto da existência à procura de provas para algo que nunca vai se completar. Muitas coisas nós temos que simplesmente nos abstrair e acreditar, pois se não, não teríamos certeza de nada.
Mais uma vez, é a fantasia quem está presente. É ela quem nos permite acreditar nisso, já que não temos condições de provar isso a nós mesmos. Acho engraçado as pessoas que dizem que possuir determinada fé, acreditar que Buda nasceu de uma flor ou que Deus criou o homem e depois a mulher a partir de sua costela é mera besteira, fruto de mentes ignorantes. Mas pensemos bem. Imaginemos a seguinte situação:
Perguntamos para um aluno de ensino médio hoje:
— Quem gira em torno de Quem? O Sol em torno da Terra ou a Terra em torno do Sol?
— A Terra em torno do Sol.
— Por quê?
— Por que sim.
— Como sabe? Quem te falou?
— O professor.
—E você acredita nele?
—Claro. Todos acreditam. Por que ele mentiria para mim?
Agora transpomos essa discussão para um homem medieval, por exemplo?
— É verdade que Deus criou o mundo em seis dias e descansou no sétimo?
— Sim
— Por quê?
— Por que sim.
— Como sabe? Quem te falou?
— O padre. Professor do colégio.
— E acredita nele?
— Claro. Todos acreditam. Por que ele mentira para mim?
Deu pra entender? A verdade é que para nós, homens e mulheres esclarecidos do séc. XXI, os fatos nada mais são do que fantasias. Uma verdade que escolhemos acreditar para dar sentido ao mundo. Em termos práticos, quem acredita em fatos racionais, não é muito diferente de alguém que acredita no Shangri-lá ou em Hogwarts. Pois ambos não podem, por si mesmos, provar aquilo. O máximo que podem fazer é, dizer: “Dráuzio Varella disse”. “A Bíblia disse”. “J. K. Rowling disse”. E a menos que estudemos a fundo as coisas, não encontraremos provas para alegar que tal coisa é fato ou não. Mas mesmo com explicações tão pobres, a imaginação da conta de criar.
Acho interessante alertar que eu não acredito que essas coisas todas são mentiras – Átomos e tudo o mais. Até por que, se acreditasse seria considerado louco, pois todos no mundo ocidental acreditam nisso, não é mesmo? Mas acho interessante mostrar que até mesmo esse conhecimento é na verdade uma crença, uma fantasia, uma criação.
Criamos mundo para podermos viver nele, mas também criamos mundos para escapar dele.
Incrível seu post! Muito bom mesmo! A comparação dos diálogos foi ótima! Sem fantasia... Não resta nada!
ResponderExcluirComo dizia Sócrates: "só sei que nada sei".
Bye!
Quando se fala em fantasia, voltada para a criação... fala-se em algo que ninguém pensou antes... então assim, acredito que tanto a nível literário quanto a nível cientifico, as pessoas pensam em loucura.. No exemplo que você usou, quando uma pessoa pensou em criar algo que pudesse cruzar o céu, as pessoas que estavam ao redor certamente pensaram que essa pessoa era louca.. mas ela foi lá e provou que era possível, dai o porque se dar mais crédito ao científico que ao literário, que todos pensam ser realmente impossível e sem comprovação... (ficou meio confuso né?? rsrsrs)
ResponderExcluirEm questão de acreditar em coisas que não se pode provar, acho que as pessoas acreditam apenas naquilo que lhes é conveniente, e cômodo.. já imaginou o trabalho de tentar provar que o átomo não é a base de tudo?? Nosss... é mais fácil e prático acreditar nisso, não concorda?
Achei muito bom o texto.. muito bem elaborado..
Espero ter conseguido deixado claro o que eu quis dizer.. me embaralhei um pouco.. uehiehiueh =p
Ahh.. e vamos combinar que a vida sem um pouco de fantasia não tem graça né?? é ela que nos faz inovar cada vez mais e mais..
;)
Beijos!
Tem certas coisas que acreditamos e pronto. Isso se chama fé ! Eu nunca vou precisar de um relatório ou estudo ou comprovação para crer em Deus. Os detalhes não me importam !
ResponderExcluirAgora, fantasia é bom demais. Desconecta. Nos faz esquecer um pouquinho das misérias do dia a dia.
Beijos
Luka.
Nossa! Acho que esse foi o retorno mais rápido da história do blog. srrs Que bom! Agradeço muito aos comentários.
ResponderExcluirNão se preocupe não Lika, que due para entender tudinho o que você quis dizer. rs De fato, a comprovação é aquilo que diferencia a ciência da fantasia. Mas, como você mesma disse, isso não quer dizer que uma hipótese científica não possua a mesma gênese da criação fanstástica, pois todos são criados. A partir de algo, claro, mas ainda assim, criados. :)
Paulo Coelho uma vez disse que Deus era o único conceito cujo homem jamais poderá provar que existe como também jamais poderá provar qua não existe. Logo, é a fé quem tem que comportar, não os fatos.
E Sócrates foi realmente um cara fantástico, pois até mesmo na hora da morte ele teve a certeza de que ainda teria muito a descobrir. Pois só morrendo que nós humanos poderiamos ter a consciência do que há do outro lado.
Enfim, muito obrigado mesmo pelos comentários. Beijão e espero que possamos trocar muito mais idéias pela frente. :)
xD
ResponderExcluirOi Bia. Valeu pela dica. MAs eu acho que o link está com problemas, pois não consigo acessar. Beijão
ResponderExcluirMuito bom esse post. Aff, to cansado de dizer isso. Mas é que suas postagens sempre abordam um tema interessante. E esse com certeza merece ser pensado. Concordo com seu ponto de vista, e muito, tanto é que que quando li aquela parte sobre o Véu que o Ian explica sobre como a humanidade lida com o cetismo e a descrença, eu falei "que f***!". Tinha essas mesmas impressões, e você as enalteceu ainda mais.
ResponderExcluirMas é melhor não se empolgar tanto. Se não daqui a pouco tu vai pensar que o mundo é uma conspiração e que a ciência está por trás disso tudo apresentando fatos coerentes (ou não) para qualquer coisa que desperte dúvidas na humanidade. "Será qu a Lua não é a Lua? Eu não sei o que é aquele globo luminoso no céu escuro. Nunca fui lá!" "A Terra é redonda? Não sei, nunca fiz a volta ao mundo."
Essa coisa é delirante, sabia. Se eu falar isso pra todo mundo vou ser tachado de maluco. Mas covenhamos que diferente da época medieval, a ciência tratou de nos mostrar provas para as explicações apresentadas, embora esteja longe de explicar muitas coisas sobre o mundo. Mas é isso que o torna tão divertido. Assim podemos fantasiar, hehe.
KKKKKKK!.
ResponderExcluirÉ verdade. Na realidade esse é o grande problema que a ciência e principalmente a História está lidando. Até onde o discurso ciêntifico é fato e até onde é discurso? Sabe de uma coisa. Já descobri o tema do meu novo post. rsrs.
Valeu cara.