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sábado, 27 de novembro de 2010

Auto-Publicação


Talvez o maior desafio de um escritor independente, que resolve por si só publicar sua obra, é o fato de ter ele de sofrer os encargos de todas as áreas de sua produção. Ele é o escritor, revisor, editor, ilustrador, publicitário, administrador e vendedor. É um trabalho pesado, mas também, muitas vezes, é a única forma dele conseguir seu espaço. Sem dúvidas que com uma grande editora, a coisa fluiria muito mais fácil, principalmente porque, tendo um revisor e um editor com ele, o livro tem maiores chances de sair com qualidade. Isso se deve pelo fato do escritor não ser o melhor revisor, e nem o melhor editor de seu próprio trabalho. Mas por quê?
Um bom escritor tem que saber passar a informação, tem que tornar sua mensagem compreensível, tem que estar atendo as regras de escrita, tem que amarrar bem uma história, tem que construir personagens convincentes. Enfim, tem que construir todo um mundo onde as coisas façam sentido. E como ele saberá que atingiu determinado objetivo? Seria ele mesmo capaz de ter essa consciência?
Em meu artigo – Entre o Autor e o Leitor – eu procurei dar apontamentos sobre o processo de interpretação de um texto. E tentei também provar que por melhor que seja sua escrita, um autor não tem a garantia de que sua mensagem será plenamente compreendida entre os inúmeros leitores que terão acesso a sua obra. Porém, depois de pensar bastante, acredito agora que a coisa seja ainda mais complexa do que isso. Pois não é só da trajetória entre autor e leitor que o texto sobre modificações. As primeiras transfigurações ocorrem do trajeto em que o livro faz ao sair da cabeça do autor e passar para sua escrita.
Por mais rica que a língua brasileira seja – e ela é –, seria realmente possível exprimir todas as formas de experiência humana em palavras? Será que nós seriamos mesmo capazes de transformar em palavras tudo aquilo que sentimos, ou que pensamos? Qual a garantia de que a idéia que possuímos está fidedignamente representada em nossas palavras? Talvez nenhuma. Mas uma coisa é certa: não é em nós mesmos que vamos encontrar essa resposta, e sim no outro. É o leitor quem poderá nos dizer se a mensagem foi bem passada. É alguém que lê que pode, ao dizer o que entendeu e nos dar a noção das possibilidades de interpretação que o livro, artigo, resenha ou qualquer obra escrita, possa estar causando. Nesse sentido, ter alguém para ler é fundamental.
E não é só na questão da mensagem. A própria ortografia também fica prejudicada na ausência de um revisor externo. Isso porque, nesse mundo computadorizado onde a escrita é acelerada pela rápida digitação, é muito mais fácil perdermos a atenção para algumas regras de ortografia, ou então clicarmos na tecla errada e mudarmos assim o sentido da palavra que queremos escrever. E digo que se o próprio autor quiser fazer por conta própria uma revisão em sua obra, haverá grandes chances de fracassar. Isso porque a leitura do autor nunca será plenamente atenta à obra. Pois foi ele quem a escreveu, ele conhece a história e ele sabe como as coisas estão escritas no livro – ou então, sabe como elas deveriam estar escritas no livro. Assim, com uma leitura viciada, os erros bobos passam despercebidos, e por mais revisões que se faça, sempre terá aquele erro chato que não será encontrado.
Vocês devem estar imaginando que eu digo tudo isso por experiência própria. E é de fato isso. Eu conheço bem, ao longo desses poucos anos em que atuo como escritor independente, das dificuldades que é construir sozinho – do ponto de vista editorial – um bom livro. Então, a pergunta que deve estar surgindo é: “Como resolver esse problema?” E a resposta é tão óbvia que muitos não prestam a atenção a ela: “Deixem as pessoas lerem seu livro.”
Distribua-o para amigos, professores, conhecidos. Peça a eles uma opinião sincera e não fique fechado com as críticas que receber. Uma coisa que sempre repito aqui no blog é o fato de que temos que perder esse medo da crítica. Paramos de pensar que crítica profissional e pessoal é a mesma coisa. Temos sim que estar abertos aos pontos fracos que são revelados em nossa obra, como forma de tentarmos melhorar nossa produção. Se um leitor diz que uma parte está confusa, leia-a de novo você também e tende ver se não há de fato um problema com ela. Se ele diz que encontrou erros na escrita, acredite, pois é bem provável que haja mesmo. Um leitor é alguém neutro na história. A leitura dele está muito mais atenta que a do escritor, pois, ao contrário do segundo, ele não sabe como as coisas acontecem, não tem a certeza do que vai encontrar. Por isso, sua leitura está muito mais atenta devido a curiosidade.
Nesse sentido, concluo defendendo a idéia de que é preciso coragem para produzir um bom livro. Coragem de pensar em coisas absurdas, coragem para escrevê-las, e mais coragem ainda para permitir que outros leiam as coisas absurdas que você pensou. Um bom livro só está completo se as três fases de sua produção estiverem prontas: criação, escrita e leitura. E nesse processo, infelizmente o autor não é capaz de dar conta estando sozinho. Então, se ele não tem um editor ou um revisor para fazer isso por ele, sempre poderá contar com essa enorme comunidade de leitores ávidos que estão espalhados pelo país. Escrever é algo pessoal, mas também é um exercício coletivo. Então, não tranque o seu livro, não o permita ficar para sempre preso, sem ninguém para lê-lo. Liberte-o e o deixe crescer, amadurecer. Esse é o recado.

3 comentários:

  1. Haaa pois é, eu não tenho medo das criticas graças a Deus, sei q tem gnt q vai gostar e q não vai gostare a gnt tem q aceitar a opinião do leitor. Mas o negócio é se arriscar mesmo, colocar pra todo mundo ler.
    Te deixei um selo na blog, passa la pra pegar! XD
    http://ofantasticomundodaarte.blogspot.com

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  2. Oi!
    Tem dois selos esperando por você no Aventuras em papel e tinta!
    http://nikasanc.blogspot.com/2010/11/papo-de-blogueira-6-desafio-dos-7.html
    Beijos *_*

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  3. Oi Willian, eu terminei de ler o primeiro volume de O Véu, Eu AMEI sua história.
    (mas o Ian e a Ana me lembraram o Edward e Bella, da Saga Crepusculo, mas com justificativas que me convenceram).
    Sério mesmo, as suas teorias sobre magia são muito boas, e no fundo, até fazem sentido.
    Mas foi muita, mas muita sacanagem com o que você fez com o Ângelo, ele era o personagem mais legal da história. Fiquei extremamente revoltada com o destino que você deu para ele. Eu vou ler a segunda parte, mas só para ver se tem uma justificativa muito boa para isso.
    http://olhardodragao.blogspot.com

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