Uma mansão antiga, imponente, luxuosa, situada em uma região afastada do
Rio de Janeiro. Uma família e seus amigos que resolvem passar férias nela. Um mal
secreto que habita as paredes do lugar e é despertado pela presença de uma
personagem específica. Tais atributos poderiam significar que “A ascensão da
casa dos mortos” de Lemos Milani não passaria de uma versão tropical de “O iluminado”
de King. Contudo, fico feliz em dizer que, apesar das semelhanças, a obra
brasileira consegue acertar em pontos que nosso ilustre americano deixou a
desejar.
(Antes de começar a falar da obra em si eu preciso sinceramente fazer um
comentário com relação à qualidade da edição. Digo isso, pois fiquei
verdadeiramente impressionado com o trabalho que a editora Estronho dedica a
suas obras. A impressão, a diagramação, a revisão e a capa são exemplares, e
muitas editoras brasileiras deveriam aprender com ela.).
Enfim, retornando desta breve digressão, devo dizer que “A ascensão da
casa dos mortos” é um livro bastante interessante, com uma história dinâmica e
atraente. Com personagens bem
brasileiros, com características diversificadas e pessoais. As cenas de terror
são muito bem escritas e – fazendo ponte com a obra de King – não se perdem em
cenas fantasmagóricas sem sentido. O livro é bem dosado, entre momentos de frisson
insano e outros de reflexão e enredamento. E também há uma forte dedicação do
autor em nos apresentar este mundo maléfico que permeia a casa, mostrando-nos
as causas e origens de tanto mal, mesmo que de forma um tanto quanto corrida,
mais ao final da obra.
Como ponto a chamar a atenção, saliento que o livro peque com relação a
seus personagens. Há, na verdade, um excesso deles, pois a história, muito
centrada em Julieta, Santiago e Lindsay, acaba por excluir muitos outros de uma
maior participação. E alguns deles parecem estar ali apenas para converter
oxigênio em gás carbônico. Todavia, nada que desmereça o trabalho.
Neste sentido, recomendo a leitura de “A ascensão da casa dos mortos”,
que demonstra muito bem o talento de Lemos Milani. Sua genialidade, todavia, é
mais impactante em seus textos curtos, como os poemas e contos inseridos dentro
do romance. E por conta disso, acredito que esses sejam os gêneros de texto
mais fortes do autor.
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