Essa tecla a qual bato agora já foi tema de meu artigo anterior, mas acho interessante abrir uma nova linha de discussão baseado num levantamento feito pela Mayre. Pois mais do que uma influência visível através do consumo de produtos estrangeiros, o que eu noto é que essa influência estrangeira em nosso país a travessou fundo a esfera econômica e nos atinge no cotidiano. Ela está incrustada em nossa sociedade: na forma como falamos, em como vemos o mundo e etc.
Mas qual o problema disso? Bem, dependendo da pessoa podemos citar vários, mas esse não é o objetivo desse artigo e sim, observar como essa influência não só está presente no que compramos, como também em como nos portamos e no que produzimos.
Sobre o dia a dia, temos inúmeros exemplos, desde nosso linguajar que adotou inúmeras expressões em inglês como OK, Anyway, but, what, e outras como nas lojas e em nomes de produtos brasileiros. E eu não me refiro aqui às empresas multinacionais, pois a estas sim é normal venham com o nome de seu país de origem, mas sim das nacionais, que adotam essa nomenclatura como forma de se tornarem mais chiques. A academia é um bom ligar aonde se observar isso, pois só perto da minha casa eu já vi nomes como Body Up, Body shape, Body fit, e outras. E a coisa vai ainda longe.
Mas agora vamos partir para a produção literária e, em especial, a fantasia, que são os temas centrais que criaram esse blog. A idéia de escrever esse artigo já me ocorreu há muito tempo ao analisar outras obras de iniciantes como eu. Uma vez, li uma história ambientada no Rio de Janeiro e me assustei com os nomes encontrados: Noah, Billy, Zac, Emily e outros mais. (P.S. Eu não me lembro exatamente dos nomes, mas a coisa foi por aí. srrs)
Definitivamente, a cultura estrangeira está impregnada em nossas veias, pois até quando pensamos em nomes para por em nossos personagens somos tentados a puxar um timbre estrangeiro de modo a dar um grau de requinte a ele. Na verdade, não só no nome dos personagens, até nos nomes dos nossos filhos (Afinal, eu me chamo Willian. Rsrsrs^^) Engraçado isso, não acham? Eu mesmo, olhando nos últimos dias meus velhos cadernos de RPG, observei os nomes antigos de meus personagens e me impressionei com tantos Brians, Tons, Willys que vi ali. Mas na época aquilo era tão normal para mim. Era como se os nomes como Carlos, Vitor, Felipe não fossem tão atraentes ou tivessem algo de pouco nobre. Hoje eu rio muito disso.
Outra questão também bastante legal — e essa é um tanto polêmica, pois vai de encontro aos meus próprios gostos — é a questão da nossa mitologia importada. Pois cada vez é maior os mitos estrangeiros em nosso dia a dia, em nosso imaginário. Mitos esses importados, mas que já fazem parte de nossa vida. Quase podemos nos identificar com ele, sentindo-os como pertencentes de nossa nação.
Eu já disse uma vez — se não me engano, no meu primeiro artigo postado — que muito além de historietas ou mentirinhas contadas para as crianças, os mitos são formas de ver o mundo. Foi como forma dos antigos interpretarem a realidade que eles criaram os mitos. Uma forma de dar sentido, de gerenciar o caos e também, por que não, para dar identidade. Sim. Mitos criam identidade, pois é através da tradição que deles nasce que um povo se reconhece como tal. Mas o cômico nessa história toda é que hoje em dia, esses mitos ultrapassam as fronteiras de um povo e hoje são comunitários, divididos na nossa grande nação global.
E nesse sentido eu falo mesmo de bruxas, vampiros, fadas e mais e mais. (Hehe. Bem, acho que agora vocês entenderam por que eu disse que o tema é polêmico. Pois eu também amo esses mitos e eles já estão tão presentes na nossa sociedade é que difícil os vermos como algo pertencente à mitologia de outros.)
Para encerrar, o que irei dividir agora é um projeto futuro meu, mas que pode ser abordado por qualquer um interessado no assunto: o folclore brasileiro. Eu sinceramente estou muito interessado em escrever alguma fantasia que gire por esse tema. E para isso pretendo, em breve, começar a ler um pouco de Luis Câmara Cascudo, grande estudioso brasileiro do tema – e aqui vai a dica para quem se interessar pelo tema.
Bem, acredito que de todos os artigos por mim postados, essa será o que terminará com a maior lacuna, pois, de fato, não o escrevi pensando em propor nada de concreto. Não quero gerar uma revolução ou desabafar uma angustia profunda. Só queria expor algo que está de tal forma na nossa cara, mas que poucos nos permitimos perceber.
Boas leituras a todos.
Olá Willian!
ResponderExcluirMais um belo post!! E, para a minha surpresa, vc me cita! Obrigada pela referência ao meu comentário anterior!
Vc toca em um assunto extremamente interessante e que suscita uma reflexão em torno dos elementos culturais que nos cercam. Realmente, há uma invasão línguística estrangeira que já se incorporou à nossa língua... Esse é um caminho sem volta! A língua não é estática, é viva, portanto, sofre alterações diversas ao longo dos tempos. O que devemos fazer é pensarmos sobre o que motiva tais mudanças, assim como vc sugere aqui... Nesse caso, há uma supervalorização do importando, incluindo a língua. Como vc disse, é "chique" falar inglês pq trata-se de uma língua representante de uma super potência mundial. No entanto, não é imitando alguns léxicos estrangeiros que iremos conseguir o desenvolvimento de que tanto necessitamos. Seremos apenas meros reprodutores.
Quanto à mitologia importada, realmente essa é uma questão polêmica... Nós estamos, em nome de uma pseudo-pedagogia, querendo transformar os nossos mitos, descaracterizando-os! O saci, por exemplo, estão tirando o seu cachimbo pq dizem que lembra o uso do crack...Tornou-se um personagem politicamente incorreto. Com isso, deixamos um terreno baldio para ser povoado pelos mitos estrangeiros. Em fim, a discussão é longa, motivo pelo qual escreverei sobre num post subsequente.
Parabéns por abordar aqui temas tão interessantes!
Abraço!
rs. Sabe, as vezes essa moralidade brasileira é bastante hipócrita. Francamente, agora, se as crianças vão estar tendidas às drogas, a culpa é do saci pererê que fuma cachimbo? rs É rir para não chorar.
ResponderExcluirDaqui a pouco vão falar que o apego dos vampiros pelo sangue pode ser equiparado ao apego de um viciado por drogas e vão querer coloca-lo como um amante de sucos naturais. ^^. Sei que viajei agora, mas a coisa vai indo por um caminho muito estranho.
Valeu pelo post Mayre
Gostei mt das observações citadas nesse seu ultimo post, finalmente alguem concorda comigo qndo digo q infelizmente a cultura e lendas brasileiras vem sendo deixadas para tras e temos nos transformado em "copiadores" dos otros paises,
ResponderExcluirposso parecer meio radical qndo falo isso, mas podemos observar isso em todos os lugares como TV (com novelas tipo bela a feia, copia de beth a feia ou os mutantes que lanço no msm tempo q o seriado heros fazia sucesso). bem, mas só estou deixando um comentario msm pra desejar boa sorte nesse novo caminho que qres trilhar e desejar boa sorte, gostei mt de sua iniciativa.
vou deixar um link aqui q pode te ajudar nessas pesquisas e novo trabalho:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Folclore_brasileiro
Na verdade só parece radical porque estamos por demais acostumados a importar. Por isso, sentimos essa cultura como se fosse nossa e muitas vezes não nos damos conta de que não são. Pelo menos não originariamente. Valeu pela dica Wilter. Abração
ResponderExcluirLembrando apenas que o Brasil é um país colonizado. Tirando as lendas criadas pelos aborígenes, antes desses terem o contato com os não nativos, TUDO é de fora, inclusive boa parte do nosso folclore.
ResponderExcluirE como os aborígenes são excluídos da nossa sociedade, seria certo dizer que a cultura deles nos pertence também?
A verdade é que não temos nada nosso.
Bem Snake, de certa forma eu até concordo com a sua colocação, mas tenho que discordar de alguns pontos por considerá-la um tanto exagerada.
ResponderExcluirDe fato, se formos pensar em naturalidade, em pureza cultural, de fato os únicos que podem ser considerados de fato nativos e por isso, brasileiros, são os aborígenes. mas o Brasil como temos hoje, uma nação brasileira, não deve ignorar o elemento mestiço. Nossos mitos são sim resultado de um sincretismo cultural, pois além dos elementos já presnetes na terra criados pelos indiginas, temos também a própria cultura européia que os traduziu e, assim, modificiou, e também o elemnto africado importado.
Como exemplos temos alguns tais como o nosso licantropo que foi associado ao lobisomem europeu, ou nosso curupira que foi denominado como um demônio pela cultura judaico cristã. Mas acredito também que isso, muito além de mera importação, constitua nossa nação.
Afinal, não existem mais no mundo, nem mesmo na Europa, grupos que podem se dizer 100% alguma coisa, pois todos são produto de uma mistura. Se formos levar em conta essa colocação, logo não existem mitos originais de nenhum lugar, nem na Europa, nem na Africa, nem em lugar nenhum, visto que todos eles já sofreram sincretismo e modificações geradas pelos encontros entre culturas.
Mas gostei muito da colocação, mesmo discordando dela em alguns pontos, por ter propiciado um potencial debate. Espero que ele ainda seja prolongado por mais leitores ^^.
Abraços
Boa noite.
ResponderExcluirEste assunto é polêmico e que me irrita um pouco.
Assim que Crepúsculo estourou, o mundo todo produziu ou relançou livros com temática vampiresca. Não o vampiro sanguinário, mas o vampiro do tipo que brilha no Sol (?). Até brasileiros entraram fácil nessa onda.
Sabe, a Revista Fantástica foi um marco para mim, sem exageros. Eu sempre tive preconceito com a literatura nacional e foi ela que me arregalou os olhos para o que temos de melhor: a literatura.
Estava ainda hoje refletindo como seria uma história com temática folclórica. Sim, muito diferente! Apóio seu projeto, plenamente.
Após um quase um desabafo, parabenizo-o pelo Blog. Já baixei O Véu 1, agora, vou continuar passeando por aqui. ^^
Grande abraço!
http://lembradaquelahistoria.blogspot.com
Desejo-lhe um bom passeio então. ^^ Eu também demorei muito para dar valor a tudo o que é brasileiro. Infelizmente ainda temos muito do nosso "complexo de vira-lata".
ResponderExcluirE realmente a revista fantástica fez um trabalho muito legal apresentando de forma fascinante o nosso universo literário.
Abração Rafael
visitem este site! http://vampireseanimes.forumeiros.net/forum
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