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terça-feira, 6 de julho de 2010

Tipos Ideais


Acredito poder dizer que esse artigo serve como um apêndice para o “Por Personagens mais humanos”. Isso porque o tema “modelos” ainda está presente nele, só que de forma diferente. A idéia para tanto me veio após algumas conversas sobre “tipos ideais” que eu tive com alguns amigos. Um tema esse que achei interessante trazer para cá.
Tipos ideais estão sempre presentes na literatura, seja como forma crítica a algum grupo ou personalidade, seja na forma de criar um modelo de pessoa, de homem, de cidadão ideal para a sociedade. Na maioria das vezes, eles não conseguem fugir ao estereótipo, e embora atualmente a arte esteja se desenvolvendo a ponto de conseguir driblar esse risco, não acredito que essa característica seja de fato uma desvantagem. Pelo menos em alguns casos. Isso porque esses estereótipos podem, muitas vezes, servir a uma causa. Eles podem estar ali não apenas um erro de concepção do autor, mas também um meio de formular uma boa crítica.
Nesse caso, me refiro especificamente à comédia e, em especial, à sátira. Pois este é de fato um estilo muito utilizado a fim de criticar, as vezes um grande grupo ou uma moda estranha. Normalmente, os personagens que são criados com esse fim, apresentam uma série de estereótipos, clichês, e por isso nos causam certo estranhamento, pois não condizem totalmente com a realidade. Para ilustrar bem minha idéia, vou usar um personagem que, acredito eu, seja de domínio público. Refiro-me a Homer Simpson. ^^
Afinal, quem não gosta — ou pelo menos conhece — daquele amarelo gordo e sem muita educação? Eu particularmente adoro. Mas o mais legal de se usar Homer Simpson para essa discussão é mostrar como muitas vezes o uso excessivo de estereótipos serve a um ideal. Homer Simpson é o personagem criado com o intuito de servir como tipo ideal para se entender o “American Stupid White Man”, ou seja, entender como funciona a mente americana e, por que não dizer, do homem ocidental, em maior ou menor grau. Mas é por conta desse objetivo que Homer acaba trazendo para si muitas características desse tipo: Gordo, classe média, careca, mal educado, ignorante, preconceituoso, homo fóbico, bobo, preguiçoso, e etc., etc., etc. Ufa, cansei.
 Provavelmente jamais encontraremos um Homer Simpson na rua e nesse sentido podemos dizer que ele é um personagem surreal, com o qual não podemos nos identificar. Mas isso seria um resumo muito simplista do caso, pois a idéia de Homer Simpson não é representar uma pessoa específica, mas um grupo em geral, logo, as características presentes em todo o coletivo são trazidas para uma pessoa só. Desse modo, podemos dizer que cada um de nós (nós mesmos, afinal, brasileiros não estão isentos desse modelo) trás um pouquinho de Homer Simpson dentro de si. E esse é o objetivo de Homer.
Para isso servem os tipos ideais, para a construção do que seria todo um coletivo. Por conta disso eles são surreais, pois eles são muitos em um só. E para uma crítica, quanto mais abrangente for, melhor.
Mas agora, um pequeno parêntese antes que eu termine minha exposição dando a impressão que para o caso da crítica a verossimilhança não seja importante. Pois ela é. Pois mesmo personagens como Homer, não são também apenas negativos. Não podem, pois nenhuma crítica é baseada apenas em apontar defeitos, mas também qualidade. Nesse sentido, Homer também trás características positivas. E vou apontar algumas.
Ele é fiel em seu casamento acima de tudo. Já teve inúmeras oportunidades de triar Marge , mas nunca o fez.
Ele sabe reconhecer quando está errado e muitas vezes, sabe pedir desculpas quando nem ao menos sabe o que fez de errado. Nisso, chamo a atenção para o episódio Lisa Vegetariana, em que ele diz para a filha: “Lisa, me desculpe. Eu não sei o que fiz de errado, mas sei que é sempre culpa minha”.
Nesse sentido, tipos ideais também têm que apresentar os dois lados da moeda e não apenas o ruim ou o bom. Eles têm que ter equilíbrio, pois essa é a característica que nos define.

6 comentários:

  1. Legal você usar os simpsons, uma vez que, além de homer, existe uma infinidade de personagens simbíolicos... Aliás, praticamente todo personagem é simbolicamente uma característica cultural do comportamento americano...

    No meu caso, por ser de familia bastante religiosa, os Flanders tem uma importancia enorme para leitura de minha própria situação... Com todas suas virtudes, óbvio, mas principalmente nos erros gritantes que, tinha por intenção, o acerto...

    Muito bom teu texto!

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  2. Adoro os Flandres, pois eles apresentam bem o extremismo religioso, assim como a Lisa representa os utopistas ou o Bart o Bad Boy Americano.
    Essas caricaturas ajudam muito a compreendermos nós mesmo. ^^

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  3. Todo mundo gosta do Homer porque todo mundo tem um pouco de Homer =D

    Isso me lembra um episodio que um doutor disse pro Homer pra que ele melhorasse a autoestima.

    "Voce é igual a america: nao liga para o que os outros pensam e faz o que quer fazer e nao conhece seus limites, nao pensa e é um troglodita"

    Blog bacana ^^

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  4. Valeu mesmo Márcio. rrsrsr Essa crítica foi realmente uma farpa no orgulho americano, não é mesmo? Adoro os simpsons em geral. rs. Abraços

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  5. Po, quase não vejo simpsons, mas me amarro nessa série histórica. ( comecei a gostar mais após ver o filme no cinema. XD)

    Realmente juntar as caracteristicas de um coletivo num personagem torna-o muito mais interessante. Porém, todo o personagem carrega um pouco de um grupo de pessoas, e é isso que o faz ser adorado não por uma, mas por um grupo de individuos similares, seja por empatia com o estilo de vida deste personagem, ou por concordância com os ideais dele.

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  6. O que mais gosto nos simpsons é que eu basicamente cresci com eles. Pois eles têm a minha idade. Pelo menos a partir da data que começaram a ser televisionados pela FOX. ^^

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