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sexta-feira, 30 de julho de 2010

Valores de um Livro


Acredito que essa reflexão possa vir a servir como um apêndice aos apontamentos fornecidos pelos artigos “Opinião e Senso Crítico” & “A qualidade da Arte: Entre o Erudito e o Popular”. Pois o valor da arte esteve presente em toda a discussão anterior. Que valor teria o livro? Que significado ele representa para um leitor? Seria um apreciado da mesma forma por pessoas diferentes?
Antes de pensarmos propriamente no valor literário de um livro, pensemos nele como uma mercadoria, e os valores que isso trás. Karl Marx, grande pensador alemão, atribuía à mercadoria dois principais valores: o valor de uso e o valor de troca.
 O valor de troca é aquele mais ligado ao comércio. Quantos romances valem um trabalho acadêmico? Quantos livros infantis eu preciso para conseguir um best-seller? O valor de troca está constantemente sobre a influência do mercado, tendo os fatores de oferta e procura agindo sobre seu preço. Quando vemos, por exemplo, um best-seller custando menos na livraria que um livro de pouca circulação, não podemos pensar que seu preço inferior se deve única e exclusivamente por sua baixa qualidade. Isso porque, se tratando de uma produção voltada para a venda e com um número de cópias elevado, ele possui um preço de tiragem menor do que aquele que foi lançado em pequenas tiragens.
No caso de um trabalho literário, seu valor de uso pode ser múltiplo. Ele pode servir para instrução, como um trabalho acadêmico, manual ou livro didático. Pode vir a gerar prazer, como um bom romance. Pode garantir status, como uma biblioteca pessoal cheia de livros que às vezes nunca são lidos, mas estão ali para quem ver pensar que está lidando com um intelectual. Ou então, em último caso, ele pode vir a servir de bom nivelamento para a mesinha da sala. O valor de uso é aquele ligado ao emprego que se dá aquele objeto como mercadoria. Só pela pluralidade desses valores, já podemos ter uma noção aonde esse ensaio vai nos levar, não é mesmo?
Porém, antes de problematizar isso, acho interessante sair um pouco da visão marxista e lançar mão de outros dois valores que uma mercadoria pode ter. Pensemos em seu valor de identidade. Identidade sim, pois nenhuma ação humana é dada em solitário. Todas elas implicam no reconhecimento de um grupo. Andar de skate te lança em um grupo, o dos skatistas. Ouvir determinada música, gostar de determinado tipo de roupa, e curtir determinado tipo de leitura. Eu, por exemplo, me encaixo no grande grupo dos leitores de fantasia. É meu campo, é na área em que eu me identifico e cada livro que eu leio, que eu discuto, trazem consigo esse valor identitária, daquilo que me constitui como pessoa, como leitor, e como escritor. Um bom lugar para vermos esse valor de identidade do livro é no site de relacionamentos Skoob e ver algumas fotos de perfis aonde as pessoas fazem questão de posar segurando, lendo ou simplesmente próximas a determinados livros. Ali, o valor identitário é claro, pois a mensagem clara que se passa é que essa pessoa se reconhece em um grupo. Um grupo que curte determinado autor ou determinado trabalho.
O último valor que me interessa chamar a atenção — e esse talvez seja o mais importante para fins deste ensaio — é o afetivo. Esse talvez, seja o mais complexo de todos, pois se refere a individualidade. Que valor determinado livro teria para uma pessoa se este fosse aquele primeiro que ela leu na vida? Ou então, se for o livro que sua mãe lia para você quando era criança? Ou quando aquele livro significou para você uma mudança de vida, uma nova forma de ver o mundo ou de pensar o que você faz? Pensemos nesses valores que independem totalmente da qualidade da obra, ou do que ela significa para um grupo. Esse é um valor que independe das leis do mercado, ou dos usos que você pode dar a ele.
Vou dar um exemplo prático e pessoal. Pensemos no que “O Véu” significa para mim. Ele foi o primeiro livro que escrevi, meu primeiro trabalho completo e que me fez acreditar que eu realmente posso escrever. Alguém poderia dizer o que ele significa para mim? Eu posso alegar com toda a certeza do mundo que ninguém que o ler, por mais que goste ou não, vá chegar perto de sentir por esse livro o que ele significa para mim. Pois esse é um valor totalmente pessoal que reflete várias coisas minhas e que não dizem respeito a mais ninguém. Esse é o valor afetivo de um livro, e que dá a ele seu caráter complexo.
Valores. Essa palavra deve sempre ser pensada no plural. E quando pensada no singular, tem que ser especificada: que valor? Para quem? Não podemos dizer um único valor, como se o preço cobrado em uma livraria ou seu índice de vendar pudesse definir o que ele significa. No máximo conseguiremos uma definição dele — é um livro pouco requisitado, ou é um best-seller — mas dificilmente poderemos chegar a uma essência dele. A algum valor que possa ser único é aplicado a todos os seres humanos. E com isso, quero dizer poder alegar com toda a certeza do mundo que um livro é bom ou ruim. Como se esses fossem dados universais e que poderiam ser divididos por todos.

5 comentários:

  1. Oii
    Tem um Selinho pr vc no meu Blog!

    =)

    Visitem, comentem, sigam e aproveitem o meu blog:
    http://malucosdaleitura.blogspot.com/
    ...
    ♥ ... Bem sei que me AdoraM ...♥
    ...
    Bj

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  2. Oi William!
    Tem selinho pra ti no blog
    http://newsnessa.blogspot.com/2010/08/mais-um-selinho-choquei-com-seu-blog-e.html
    Abraços!

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  3. Olá,
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  4. Concordo quando disse que o valor de um livro tem que ser pensado no plural. Mas antes de ler sua crônica pensei no livro como um valor pessoal, do conhecimento. Lembrei das leituras que minha esposa fazia aos meus filhos e hoje eles fazem sozinhos.
    Jefhcardoso do
    http://jefhcardoso.blogspot.com

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  5. Esse é um dos valores, que poderiam ser encaixados no uso. Mas quando eu propuz esse artigo, pensei mais no valor afetivo mesmo, principalmente pelo dialogo desde artigo com os outros dois que propus antes. ^^
    Seja bem Vindo Jefh. Abração

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