O mundo vampiresco se encontra em estado crítico, tanto que, com a
saturação dos novos paradigmas impostos aos chupadores de sangue, está difícil
não só escrever novos trabalhos a respeito do tema, como também ler um clássico
como “Drácula” sem estar embutido destes valores distorcidos. Neste sentido, a
obra de Bram Stroker pode acabar por descontentar um grande público por, (1)
não trazer uma figura andrógina e galante, e (2) por usar de mitologias um
tanto quanto “ultrapassadas” a respeito destes seres.
Contudo, despindo-se dos nossos valores pós modernos, podemos enxergar
em “Drácula” um trabalho cuja qualidade literária é impar. Em primeiro lugar,
por nos trazer um estilo de escrita ousado e interessante. Toda a narrativa nos
é apresentada em forma documental. Não existe um narrador onipresente e
onisciente, seja em primeira ou terceira pessoa. A história nos é contada
através de cartas, diários, notícias de jornais, transformando o livro em um
apanhado textual que, organizado cronologicamente, traz aquele gostinho de
possibilidade, e veracidade, aos fãs de fantasia. E isso é possível porque
estes documentos, além de constitutivos da narrativa, são também fontes
utilizadas pelos próprios personagens que as manuseiam e comentam.
Um segundo ponto digno de nota é a própria construção do mistério. É
claro que para nós, leitores do século XXI que, por mais que nunca tenhamos
lido “Drácula” conhecemos bem sua história, o mistério por detrás dos estranhos
acontecimentos que giram em torno dos personagens são facilmente previsíveis. Entretanto,
isso não tira o mérito genial da construção do enredo, que passa do diário de
Jonathan Harker para as cartas entre Mina Murray para Lucy Westenra, de forma a
deixar o leitor com aquela pulga atrás da orelha, ansioso por querer saber o desfecho
da parte anterior da história.
Neste sentido, a leitura de Drácula é altamente recomendada. Não por ser
um clássico em si, mas pela sua própria qualidade estética. Por ser um trabalho
que se constitui em uma pesquisa sobre o mito dos vampiros, e não apenas frutos
da imaginação fértil e descomprometida de autores que resolvem escrever sobre o
tema sem antes querer, minimamente, saber sobre o que falam.
Parabéns pela resenha William! Já li Drácula e curti bastante. Abraço!
ResponderExcluirOi, sou thais belarmina autora do blog Lua de Sangue - A origem.
ResponderExcluirGostaria de fazer parceria com vc. Pra poder divulgar seus livros no blog, gostei bastante das resenhas espalhadas na internet. Encontrei seu blog num comentario de uma resenha sobre o livro " A Maldição do titã.
Espero que aceite o meu convite.
Se aceitar faça um comentario na postagem em 1º linha no meu blog.
http://luadesangue1.blogspot.com.br/