Antes de se consagrar como o mega autor de “A sombra do vento” e “O jogo
do anjo”, Carlos Ruiz Zafón se aventurou pelo universo da literatura juvenil.
Seus trabalhos anteriores aos dois Best Sellers, por conta que questões
burocráticas, acabaram ficando presos para novas publicações, o que prejudicou
o acesso ao grande público. “Marina” é um desses livros que há pouco tempo
ganhou sua liberdade e chega as livrarias brasileiras.
“Marina” é um dos livros difíceis de enquadrar em um gênero específico.
Em momentos, temos a impressão de ser um romance básico, estilo água com açúcar,
ao longo das páginas somos convidados a uma leitura dramática e profunda.
Depois, nos surpreendemos com a entrada densa do suspense, até o momento em que
nos vemos rodeados por uma aventura fantástica contemporânea pelas ruas de
Barcelona.
Para aqueles acostumados ao estilo de Zafón, nada de novo. Pois a
mistura de estilos e gêneros é uma das principais marcas e, vale ressaltar, um
dos principais encantos da escrita deste espanhol naturalizado americano.
Quando lemos “Marina”, temos as nuances da marca única de Carlos Luiz Zafón.
Marcas essas que o transformarão no escritor da obra prima “A sombra do vento”.
Oscar é um garoto precoce das ruas de Barcelona. Vivendo em um internato
sufocante m separado de sua família, ele se torna um jovem errante, onde as
alegrias do dia se resumem em vasculhar a velha e sombria cidade espanhola. Todavia,
tudo muda quando, em uma de suas incursões, acaba adentrando na casa de Marina,
menina encantadora e destemida.
Logo, Marina se torna a principal companhia de aventuras de Oscar e
ambos se metem pelas ruelas esquecidas da cidade, repleta de segredos sombrios
em seus becos e lugares esquecidos. Um lugar onde os habitantes, vivendo a
rotina de seus dias, existem sem imaginar as fantásticas e horripilantes
estórias que se escondem por aqueles muros. E é em um desses grandes segredos,
de uma vida de lutas, perdas e vinganças, que as vidas de Oscar e Marina acabam
entrando e mudando completamente o rumo da história.
Uma leitura marcada por grandes reviravoltas é o que espera o
aventureiro de “Marina”. Na verdade, para leitores acostumados, este livro
parece se apresentar como um ensaio de suas futuras obras. Onde um estilo único
é tecido. Que venham os outros livros trancafiados de Zafón.
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