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quinta-feira, 21 de junho de 2012

Resenha: O Leitor, de Bernhard Schlink


A história se passa na Alemanha Ocidental do Pós Segunda Guerra mundial, um país já completamente reestruturado do ponto de vista da sua economia e de suas edificações, contudo, ainda fortemente destruído quanto a sua memória. A sombra dos crimes nazistas ainda faz parte do dia a dia desse povo, seja de forma declarada ou não, seja por aqueles que realmente vivenciaram e participaram dos crimes ou não. Neste contexto, Michael, de 15 anos, conhece Hanna de 36, e de seus encontros e desencontros, segredos e mentiras, e das suas descobertas literárias e sexuais, tece-se o enredo de “O leitor”.
Schlink possui um estilo muito próprio: sucinto, objetivo e até mesmo seco em alguns pontos. Sua história se passa de forma dinâmica, sem enrolação, mas também carente da emoção que talvez fosse necessária. Todavia, acredito que este estilo áspero e direto acabe por servir muito bem para a história, pois a apatia da narrativa, mesclada com a própria apatia das personagens e do ambiente em que estão inseridos, torna o trabalho um tanto cinzento e terno, que muito serve para a proposta da história.
Dividida em três temporalidades, onde as personagens principais encontram e se desencontram. Nestas passagens, temos a transformação de Michael, que passa de um garoto imaturo que é iniciado sexualmente por Hanna, para um jovem estudante de direito que, ao realizar um curso na sua universidade onde os alunos assistem aos julgamentos dos criminosos de guerra do período do nazismo, reencontra Hanna no banco dos réus. E por fim, já adulto, divorciado e pai de família, restabelece o contato com seu amor de juventude revivendo um dos momentos mais marcantes de sua história: os momentos em que lia para ela.
Posso dizer com toda a segurança que a parte dois do livro é a mais empolgante, pois nos coloca diante de uma realidade tão absurda e ao mesmo tempo tão próxima, que desafia a nossa compreensão. Que nos coloca diante de nosso lado mais racional e, por isso, também mais sombrio. Infelizmente não posso falar mais sobre essa parte sem soltar spoillers desagradáveis. Então, fica apenas a dica de se aventurar por estas páginas que garantem mais que uma história de amor e desilusões, mais do que um relato sobre o período pós segunda guerra, mas uma oportunidade de cada um de nós reavaliar a condição humana. 

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