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sábado, 2 de junho de 2012

Resenha: Mal secreto, Zuenir Ventura


VENTURA, Zuenir. Mal secreto: Inveja, Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.
Engraçado que justamente no momento em que são publicados os contos da série “VII Demônios” da Editora Estronho, eu acabe por descobrir que há três anos a editora Objetiva lançou, ela também, uma coleção denominada “Plenos Pecados”, onde convidou autores consagrados da literatura brasileira para escreverem romances acerca dos sete pecados capitais. Estes, sem trazer o universo sobrenatural próprio da proposta da Estronho, parecem se focalizar mais em histórias “pés no chão” e que me chamaram a atenção para a leitura.

O primeiro livro que eu encontrei por puro acidente foi “Mal Secreto”, onde Zuenir Ventura discorre acerca da Inveja. Trata-se antes de tudo de uma leitura dinâmica. Uma escrita muito bem apurada e uma linguagem fluida da mais alta qualidade. Contudo, todo o seu rigor estético não impediu que eu me decepcionasse com o livro.

Digo decepcionar porque eu, ao adquirir meu exemplar, esperava encontra de fato um romance acerca da inveja. Nesse sentido, uma história onde o pecado fosse o fio condutor do enredo e estivesse presente a todo o momento, mesmo que de forma não professada, sendo a essência do trabalho. E não foi isso o que encontrei.

Zuenir apresenta sua própria história, quando aceitou escrever o livro, mostrando toda a pesquisa feita, que não foi pouca, e a reflexão teórica que ela lhe instigou. Reunindo um bom apanhado, com direito a pesquisas de opinião e a contribuição reflexiva retirada de teóricos no assunto, e ainda realizando um apanhado histórico que nos transporta para antes de Cristo, o livro é um prato cheio para aqueles atrás de se aventurarem acerca do conceito de inveja.

Todavia, no momento em que todo este apanhado deveria ser inserido na história que ele resolve contar – isso, diga-se de passagem, só acontece efetivamente ao chegar por volta da página 180 de um livro de 270 páginas (minha impressão é a em formato pocket, do selo “Ponto de Leitura”) – nada acontece. A curta história que nos é contada fica solta em um mar de páginas. Sem qualquer relação com toda a digressão intelectual da qual ele nos faz partilhar.

E por isso, e apenas por isso, o livro me decepcionou. Como já disse, não estou criticando a qualidade literária do autor, que pelo que me foi apresentado é de fato muito bom, mas não acredito que ele tenha sido feliz ao se aventurar por este universo.

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