VENTURA,
Zuenir. Mal secreto: Inveja, Rio de
Janeiro: Objetiva, 2009.
Engraçado
que justamente no momento em que são publicados os contos da série “VII
Demônios” da Editora Estronho, eu acabe por descobrir que há três anos a
editora Objetiva lançou, ela também, uma coleção denominada “Plenos Pecados”,
onde convidou autores consagrados da literatura brasileira para escreverem
romances acerca dos sete pecados capitais. Estes, sem trazer o universo
sobrenatural próprio da proposta da Estronho, parecem se focalizar mais em
histórias “pés no chão” e que me chamaram a atenção para a leitura.
O
primeiro livro que eu encontrei por puro acidente foi “Mal Secreto”, onde
Zuenir Ventura discorre acerca da Inveja. Trata-se antes de tudo de uma leitura
dinâmica. Uma escrita muito bem apurada e uma linguagem fluida da mais alta
qualidade. Contudo, todo o seu rigor estético não impediu que eu me
decepcionasse com o livro.
Digo
decepcionar porque eu, ao adquirir meu exemplar, esperava encontra de fato um
romance acerca da inveja. Nesse sentido, uma história onde o pecado fosse o fio
condutor do enredo e estivesse presente a todo o momento, mesmo que de forma
não professada, sendo a essência do trabalho. E não foi isso o que encontrei.
Zuenir
apresenta sua própria história, quando aceitou escrever o livro, mostrando toda
a pesquisa feita, que não foi pouca, e a reflexão teórica que ela lhe instigou.
Reunindo um bom apanhado, com direito a pesquisas de opinião e a contribuição
reflexiva retirada de teóricos no assunto, e ainda realizando um apanhado
histórico que nos transporta para antes de Cristo, o livro é um prato cheio
para aqueles atrás de se aventurarem acerca do conceito de inveja.
Todavia,
no momento em que todo este apanhado deveria ser inserido na história que ele
resolve contar – isso, diga-se de passagem, só acontece efetivamente ao chegar
por volta da página 180 de um livro de 270 páginas (minha impressão é a em
formato pocket, do selo “Ponto de
Leitura”) – nada acontece. A curta história que nos é contada fica solta em um
mar de páginas. Sem qualquer relação com toda a digressão intelectual da qual
ele nos faz partilhar.
E por
isso, e apenas por isso, o livro me decepcionou. Como já disse, não estou
criticando a qualidade literária do autor, que pelo que me foi apresentado é de
fato muito bom, mas não acredito que ele tenha sido feliz ao se aventurar por
este universo.
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