Martha Medeiros
é uma das vozes feministas mais importantes da literatura brasileira. Uma das
primeiras autoras interessadas em explorar e divulgar o universo da mulher em
suas obras. Todavia, o que poderia ser um verdadeiro “pé no saco” para qualquer
leitor masculino, torna-se algo tragável e até mesmo compreensível, dado a
habilidade da autora em combater o machismo sem necessariamente apontar e
culpar toda a raça masculina pelos infortúnios da mulheres ao longo dos
séculos. Algo que normalmente outras feministas fazem de sobra.
Narrado
em primeira pessoa, o leitor toma o lugar de Lopes, psicanalista que tem de
escutar durante as 170 páginas de Divã as loucuras e paranoias de Mercedes. Uma
mulher de meia idade, divorciada, com filhos já criados e que recentemente
começa a redescobrir os prazeres que julgava enterrados para sempre.
Entre
amantes cada vez mais novos, amizades importantes e lições e aprendizados que obtém
seja através de outros, seja por via de suas próprias reflexões, a personagem
principal vai traçando um mapa de autoconhecimento que acredito tocar a fundo
grande parte dos leitores desta obra. E mesmo aqueles eu não possam se
identificar completamente com a personagem, seja pela sua idade, ou por seu
sexo, ainda sim poderão se condizer dela se encararam o trabalho de mente
aberta.
“Divã” é
sem dúvidas um trabalho agradável, com uma escrita suave e bons momentos de
humor e drama. Uma leitura ágil, mas que permite momentos de reflexão, com
monólogos passados, mas que não se deixam cair completamente em clichês. Um
livro que vale a pena ser lido, seja por homens ou mulheres, que queiram ou não
explorar o universo feminino. Na verdade, um aviso é importante ser deixado
para aqueles que procuram a obra de Medeiros atrás de respostas para problemas
pessoais ou de suas cônjuges: desista. Pois nenhum autor, por melhor que seja,
poderá dar tais soluções.
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