Este é um
dos meus trabalhos favoritos do “Mago”, que repudiado pela intelectualidade
brasileira, merece certo destaque pelas riquezas que traz em suas obras. O
livro nos conta a história de Maria, jovem do interior que em uma guinada na
vida tem a chance de conhecer a Europa e viver uma vida de estrela de cinema.
Esta, como todos devem saber, é uma armadilha comum, na qual muitas meninas
inocentes caem, sendo levadas para longe de seus países e traficadas no
exterior. No caso de Maria, não foi diferente. Enganada, vai servir de
prostituta na Suíça. Todavia, ao contrário do fim trágico que normalmente se
espera, esta viagem faz nossa protagonista vivenciar um novo mundo de
autodescobertas e possibilidades.
O tom de
autoajuda, comum em Paulo Coelho, está presente basicamente em toda a obra e
alguns leitores podem até mesmo ficar cansados dos monólogos de plena sabedoria
em que os personagens se colocam em vários momentos da história. O ar fantasioso
de “Onze minutos” também pode incomodar muitos, na medida em que nossa
personagem principal, uma jovem sozinha em um país estrangeiro, conhecendo uma língua
obscura, sem instrução ou contatos que possam lhe ajudar, ainda assim consegue
vencer na vida e estar nesse estranho mundo de forma natural. Tal surrealidade
com certeza incomodará aqueles carentes de uma pouco de veracidade, mas
agradará a maioria que não se importa com um pouco de fantasia em meio a suas
histórias.
Em todo o
caso, pontos valorosos devem ser destacados. O primeiro é o próprio poder de
pesquisa do autor, que passeia por tradições místicas dos mais diversos pontos
do mundo, recheando “Onze Minutos” daqueles extensos monólogos de sabedoria
oriental e ocidental que, apesar de chatos para alguns, são imensamente
interessantes para outros. Outro ponto importante na obra de Coelho é o próprio
ensinamento de tolerância e respeito que cada um de seus livros traz. Em um
mundo em que os movimentos fundamentalistas crescem e as raízes da intolerância
parecem firmemente fincadas no solo, obras como esta são importantes, primeiro
por trazerem mensagens valorosas e segundo por serem transmitidas por alguém
que tem o domínio de uma boa oratória, capaz de convencer e comover os corações
mais duros e as racionalidades mais intransigentes.
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